A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quinta-feira, julho 19, 2007

Magia

São cor de pérola, as batatas que me deste
Ao anoitecer, quando a luz em mim se abriu...
Agora, desconheço como fizeste, mas fizeste
Que nunca mais teu sorriso de mim partiu!

Lusco-fusco com batatas

Plantei as batatas fritas
Numa jarra vermelha:
Duas parecem-me aflitas,
Três ficaram de esguelha.
As demais, estão bem bonitas
E sorriem, como quem te espelha.

Nem todas têm seis sementes...
É como uma impressão digital:
Faz de cada uma delas folhas diferentes
Sem, contudo, deixarem de ter igual.

E esta hora dá-me saudades tuas,
Mas olhá-las não me descansa...
Pois não parecem folhas mas luas
A dançar-me no sangue, que não dança.

No céu, sobre o rosa-alaranjada
Da minha janela, vejo a Lua unhagata
Com Vénus, por baixo à direita...
Mas se olho prà flor-batata
É teu olhar quem me espreita.

Ah!!!...

Escondeu-se a Lua acabrunhada
Pelo que eu das batatas dissera...
Ora, que culpa tenho, dela não brilhar nada
Ao pé do sorriso de quem mas deras!


Mensagens de desaforo

Só gostava de saber onde estás
Para seguir em caminho diferente,
Porque às "gajas" lindas mas más
Dá-se-lhes trato correspondente.

Se na vida existe esperança
Para além da mudança de clima,
Nasce da feliz circunstância
De jamais te pôr a vista em cima.

Bom, talvez não seja bem assim
Neste controverso viver,
Que há dois quereres dentro de mim:
Um que não ter quer ver
E outro que muito ver te quer,
Todos os dias sem fim.

As duas conchas que às pérolas guardam,
É Vénus de um lado
E teu olhar do outro.
Por mim, rendo-me ao fado
De apagar-me para que ardam
Estas visões que me matam
Sem porém me deixarem morto.

E tem mais: se sou possessivo,
Se-lo-ei tanto como tu és,
Que depois de me teres cativo
Me jogaste fora, aos pontapés.

Já não precisas de ficar calada
Quando a quadra te aborrecer,
Que gente ruim se não diz nada
É, até, bem capaz de morrer.

Dizem que a raiva é tanta
Nas pessoas que de vermelho se tostam,
Que queimam a própria garganta
Só para não confessar de quem gostam.


Está hoje a Lua bem catita
A brilhar, de expressão contente.
É quase brilho de batata frita,
Cor de pérola em quarto crescente.