A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Nos Nós Dos Limites

Sonhar é apenas um constante precisar do outro
Invejar o que lhe acontece, o que felicidade lhe dá
Correr à solta pelos vales e prados como um poldro
E estar sempre presente, mesmo quando ainda se não está.

Pode ser só um libelo de bronze em oásis morto
Ou o cinzento das nuvens de Bombaim a Calcutá,
Ou o frio glaciar do ensimesmado eu, olhar absorto
Em que esporadicamente o semblante se me queda e quedará.

Pode ser tudo, e também pode igualmente nada ser
Como uma simples ideia a que sem cessar nos damos;
Pode estar inscrita no próprio corpo e todavia esquecer
A prenda prò outro no nosso aniversário ou no seu dia de anos.

E isso, a qualquer um pode acontecer!
E isso, a-qual-quer-um-pode-acon-tecer!

Mas eu, eu que fui abandonado pela mulher que me pariu
Como afugenta uma teia, um limo o apressado nadador
Nunca minto,
Porque mesmo quando afirmo por verdadeiro
O fluxo de irrealidade que somente sinto,
Me é solicito ser esse ser primeiro
De entre a realidade que há muito me fugiu
O conjectural e urgente inventor
Daquilo que me falta por abundância – o amor.

Eu, que cruzo a multidão batalhando (n)a indiferença
Como se combatem as possessões perpétuas ou bruxarias,
Nunca escondo;
Sei subir a cada outeiro
Como se o mundo todo redondo
Escoasse adiando o momento derradeiro
Do nuclear selvagem e
pershings dos med(i)os-dias,
Ao ser homem sem licença das hierarquias,
Ou cão rafeiro, dono de incautas estrofes – as heresias!

E no fundo, que ou quem serei eu?
Nada! Filho da terra, amante da água,
Onda esbatida contra a quilha do progresso,
Parto de silêncio entre o mar e o céu,
Restos ressequidos da niquelada mágoa,
Ponto de partido para qualquer regresso
Ou chegada.

Tal e qual, como no fundo também sois vós...
Nada. Igualmente nada, meus irmãos. Regatos desaguantes
Talvez leitores, energia motivadora de vontades inquebrantáveis
Nos sonhos de solidariedade de pais e avós
Pequenos entorses do querer no crer renováveis
Memórias prontas para empratadas iguarias do esquecer
Que o único pronome que vem antes e depois nome
É o Homem – e esse, somos nós!

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Metáfora do Fruto Coroado

Foi no avelã maduro dos teus olhos que se me crestou o ser
E a alma, em ti de tanto procurá-los nela sem fundo me vi
E se alguma, agora calma, sinto neles, por eles sinto e subi
Ao ver quanto me vendo deles afinal desvendo só de mim,
Que sou teu, como não sendo outrem e ninguém será assim
Solidão aberta relha de arar o chão ardente num secreto ver
Asilo rendido ao anil silente do sol alquimia e récita antiga
Como no gral se mói o sal e desejo em romã doce e amiga!