A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quarta-feira, maio 23, 2012


    FOTO  SÍNTESE



Vê como Érato alinha a forma
E geometricamente expõe, exila
Extrai a ganga que a contorna
Como s’esta fosse pedra ou argila... 


     E de como ela emerge nobre
     Elaborada do contido cobre
     Do caos insigne, desorganizado
     Para à vista de quem a descobre
     Se forjar num rosto significado! 


Aqui está, emergente!... o ar reflexo de um se
Desfilando no se ainda houver tempo
Desde a Sé às muralhas centenárias,
Ou dos S. Francisco e Bernardo Convento
Santa Clara e Arcos de abrir-se
Às quatro paisagens tão contrárias:
O Alentejo como um Sul da Beira e Nordeste
E Ribatejo além do serrano silvestre.

E assim, que nem tronco libertado
Fita da Atalaia a Penha ermida,
Para em cada soslaio de seduzida
Crescer de bairro em bairro ajardinado.



     Pelo sonho bucólico dum Cristóvão Falcão
     Ou pelo tédio de Fernando Pessoa,
     Ou pelo ar de mistério dum Cezarine – contradição
     À vista da toada que Villaret entoa
     Do Régio provinciano, a pasmar Lisboa.


Vê de como Érato descansa
Agora,
O cinzel entre as mãos e a mágoa
Para no jardim de cada criança,
Parque ou praia fora
Escrever com cara gota de água
A saudade
Pelos que foram embora...


E vê de como também
Os olhos dos que sendo estudantes
Nela reconhecem a foto de pai e mãe,
Já em fado de amantes,
Para quando mais ninguém
Os vir assim... distantes
Lhe acenarem – diletantes!


    23 DE MAIO


Sabes como é isso, de quando a gente se vira
Contra a ansiedade e angústia e desespero
... E luta!
Deve ser-te fácil pois resististe
Sobreviveste
À tua infância tanto quanto eu
Que nada sou além
Este produto do sonho pela verdade, emigração e exílio.


E que faz a dor ser pequeno insecto
À volta da vela luz de descobrir sempre
Outro caminho mais sereno e seguro de queimar as asas,
Ou a simplicidade dum girassol fixando o rei
De igual para igual exalando aroma e sementes
Por mais sequiosas que sinta suas raízes.


Pois bem: é mesmo assim que se aprende.
Reconhecer é pelo menos saber;
Duas vezes é mais importante que uma só experiência,
Como se fôssemos eu e tu numa curva 
Contendo as lágrimas e obrigando o rio a seguir
U N O    entre um de cada lado
Embora revolto contra as margens de nossos lábios.


Nunca esqueças então que no dia em que nasceste
Esta terra fez anos e celebrou-te
Argila da festa de esperar-te
                    E repetir-te
                    E referir-te
Dia de todo ano
Dia de todo o mês
Dia de todo o dia

Que nem fosse a alegria de teu nome
A porta que se abre para a vida
Na festa do avental secreto das flores
Raparigas celtas dançando plenas em roda
Na clareira silvestre da beleza que te sobra.


E escorre e molha e me lava


E me resta
Do passado banhado por puro sonho e cresta

A naufragar na imensidão oceânica de teus olhos.

segunda-feira, maio 21, 2012


BIOGRAFIA (COMPLETA)



Ora, e sem dúvida, este sou eu.
Claro, podia ter ficado pequenino,
Naufragar nas mágoas duma infância
A inspirar o desassossego, o desatino…
Mas preferiu continuar a ser criança
Que à inocência, na leitura, fortaleceu;
Até que foi tantos, e sua lembrança.
E sem nunca deixar de ser menino…

– Cresceu!



NA BOLINA, AS PALAVRAS



Este oceano que nos leva
Nas passagens do destino,
Cumpre a luz, apaga a treva
Maruja as margens coloridas
Com os sonhos dum menino
Que quis viver muitas vidas.




INEQUIVOCAMENTE



Quando o presente do presente
Fica em nosso coração guardado,
A saudade do futuro e do ausente
Fá-los presentes em todo o lado. 


domingo, maio 20, 2012


SEM EXPETATIVA, A ESPERANÇA


Me transformo se te busco
Que no brusco da rebentação
Há a espuma do lusco-fusco
Que se espraia na paixão – irreverente
Do vaivém na ondulação, qual
Semente de rescrever o plural
Deste batel de bem soletrar (a nossa gente),
Essa estrela sobre o mar cujo rosto celestial
É a soma hexagonal ao ensejo de se inventar
– Continuamente…


Continuamente te busco, nosso encontro diferente
Desigual é essoutro grito de voar
Entre a fresta de continente a continente
Me contenho em quanto tenho e sou
Até me doar, que pelo aceso voo
É quando mais me dou, sem nada esperar!


sábado, maio 19, 2012


NO VOO É QUE VOU


Se a razão, que é suficiente
Nos leva até ao acontecer,
É que a ver também se sente
As asas do coração a bater

No voo em que vou e transito
Lendo, de mim para ti a sorrir
Se no verbo a alma multiplico
Pelo azul de estar, que é ser…


– E porvir!