LUCIDEZ
Desvenda os receios que te vedam o ver
E desce a venda que nos cresta a alegria:
A regra do rigor é a exata cor do crer
Querendo na alma a querência que sia.
Não hesites nunca perante o incontingente
Porque este medita o êxito ante a ousadia,
Põe a nu o anseio melhor, o fulgente,
Quebra os instantes retinentes no dia.
Depois, cresce como qualquer outra flor
E alivia o ser do peso da vontade
Que entre a desmedida sede, a dor
Retesa o arco, aponta a ansiedade
Qual seta venenosa, mortal, ao amor,
Obliterando-lhe a sua maior qualidade!