A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

terça-feira, março 25, 2014


 

ESTRADA DA PRINCESA ENCANTADA

 
 
 

Cidadã do Aquém e demais eras

Essa que aqui caminhou entre bermas,

Montou o dorso de querubins e quimeras

Foi aroma de estevas e giestas ermas.

 

Jungiu o sabre, recolocou o diadema

E desabrochou rosa que ao vento se abre

Como a pétala doce e mansa dum poema.

 


sábado, março 22, 2014

A PRINCESA ENCONTRADA



Subi ao alto da Serra
A ver a Princesa Encantada,
Mas ela mudara de terra
Em demanda doutra morada…

Em pranto doído carpi
Essa tão cruel desilusão,
E inquiri às pedras por ti.

Respondeu-me o eco, então:
«Voltei prò teu coração
Que é o reino onde nasci!»

OLHAR 101 D



Os que não conseguem vislumbrar a princesa para além da pedra podem até ir mais longe, chegar ao alto da Serra, mas jamais enxergarão a realidade que Portalegre foi, é e será. Nem reconhecer o ser maravilhoso, encantador e genial que está sob essa essência biológica do feminino que a cada mulher encerra, no seu corpo sempre magnífico mas inconstante, sempre arrebatador mas em metamorfose, sempre belo mas variável em que sua alma se esconde. O ritmo de seu ansiar, o pulsar de seu querer, a fertilidade de seus gestos, entendimentos e palavras. Enfim, as suas preces de liquefazer toda a rigidez, todo o bloqueio e qualquer mágoa.
Assim falou o vento aos olhos que escutam a profundidade das alturas.

quinta-feira, março 20, 2014

MERENDA SERRANA



Na esfera do largo aberto
Onde se espraiam as vistas,
O maior erro parece certo
Se desmaia em março pleno…

E nessa luz me sento sereno
Foz e voz no percurso das pistas,
A comer o ar verde mas ameno
Que inspira quaisquer artistas.

SENTIMENTO E EMPATIA



Crasso intento me cabritou
Aos olhos esse dizer fulgente
É o intenso e denso e alto voo
De quem segue o sol constantemente…

E porque o tive sem o saber, porém,
É ele agora esse tu que em mim vive
Vivendo a viver-te como eu – também!

AI PORTALEGRE!



Me confirmo velho pleito
Bem à beira do caminho,
Que esta mata é o peito
Onde me nasceu o ninho.

domingo, março 16, 2014

IMPREVISÍVEL CONSEQUÊNCIA




Se os verbos me tivessem dito,
Mostrado alguma vez o teu jeito
De abrir os olhos como um grito
A dilacerar o escuro do peito,
Então, eu jamais te teria olhado
Da janela quando passaste
Nesse escrever profundo em mim
Dando-me o chão nu e magoado
Da ausência que nele deixaste
A escurecer-me de breu sem fim…

quarta-feira, março 12, 2014

QUADRA ESTREMUNHADA



Minha estrada somos nós
Como disse a madrugada,
Que cantou com a mesma voz
Da lua, ao ser acordada!

DA SILABADA CONDIÇÃO



Nas ruas quase desertas, ainda
Se escrevem poetas, pelas esquinas,
E quando a tarde, enfim, finda
Botam sobre a mesa seus tostões…

Porém, as sílabas, assassinas
Comem-lhos, rapaces, em refrões!



segunda-feira, março 10, 2014

(DES)MOTIVAÇÃO



Palimpsesto de nada,
Outra coisa nenhuma,
Deitou-se à beira da estrada
Como num colchão de espuma.

Teve o chamego do vento,
Sentiu o pulsar da viagem;
Mas, prà’travessar o momento,
Faltou-lhe AINDA coragem…

PRÉ-TEXTO



Digo assim coisas sem senso
Cuja lógica só eu vejo,
Mas o coração com que penso
Vai todo pra ti neste beijo.



QUILHA EM RISTE



Procura teu caminho
Diz pão se o souberes dizer
Amor se houver alguma luz
Acesa é a tua voz em mim.

Procura tua esperança
Escuta silêncio se sentires chão
Estende a casa de compridos olhos
Sobre a planície há janelas a sorrir.

Procura tua palavra
Afaga-a no gomo da língua
Rola-a como se fosse transparente
Tecido, luar na madrugada
Lengalenga murmurada a eito
Segando a dor, abrindo o peito.



BAFO D’EGO



Cada qual se diz urgente
Como uma lufada de ar,
Que no frio o morno é quente
E se muito, pode queimar.



ÁGUA FRESCA EM BILHA PURA,
QUEM A BEBE MELHOR SE CURA



Pedra branca é enfeite
Para o barro do coração,
E a água que aí se deite
Há de ter gosto de paixão…

Da que dura sendo mole
Como dita vero rifão,
Curando mais ela num gole
Que todo o ouro da ilusão.

BILHAS DE NISA



Água fresca e generosa
Que todas as sedes mata,
Sabe a pétalas de rosa
E dá voz à forma exata!