A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quarta-feira, setembro 30, 2015

AGUARDANDO O OLHAR




AGUARDANDO O OLHAR 

Me exercito a adivinhar-te
Até vir a saber-te de cor, 
Na procura dessa arte
Sem comparação nem supor. 

E o verbo ganha sentido, 
Ou foro dum astrolábio, 
Feito pra ser destemido 
– Pronto a ver-te mais sábio... 

Joaquim Castanho

terça-feira, setembro 29, 2015

METAMORFOSE CONSTANTE




METAMORFOSE CONSTANTE

Psique, desencantada, 
Quis ter uma alma mortal. 
Criou-a de madrugada... 
De manhã já não era igual. 

Inquiriu a luz da razão; 
Teve resposta imediata: 
«Nada se faz só por condão, 
Se duma ilusão se trata.»

Por mim, vejo-a mudada
Quase de hora em hora; 
E às vezes, fica alheada
Do valor deitado fora.

Joaquim Castanho

CHEIRA A FENO MOLHADO





"Yo soy yo y mi circunstancia"

Ortega Y Gasset

Foi lua-cheia e cheira a feno molhado. 
E, por mais que a pessoa viva, nunca está
Preparado para tanto; onde quer que vá
Será sempre presa desse encanto imaculado.

– Sim, imaculado... Por enquanto! 

Joaquim Castanho 

segunda-feira, setembro 28, 2015

CESSE TUDO O QUE A VELHA MUSA CANTA





CESSE TUDO O QUE A VELHA MUSA CANTA, 
QUE OUTRO VALOR MAIS ALTO SE LEVANTA. 

in LUÍS DE CAMÕES, Os Lusíadas, Canto I - Estrofe 3 


E estava posta em sossego
Essa linda Musa do Mondego
Que ao meu olhar ilumina, 
Quando o sentir ledo e cego
Ao pobre coração determina
Que sempre viva a vida lhe seja
Mais quem dentro dela esteja.

Serenidade é sua magia. 
Sensatez, o seu doce manto. 
E sabê-la bem no dia-a-dia
Além de me inspirar alegria
Dá-me melodia, sublime canto.
Que a vida pra ser mesmo vida, 
Não tem chegada, não tem partida; 
Nem lágrimas, nem doído pranto... 
Mas antes luz de Musa querida
Que lh'empresta voz e dá encanto. 

Joaquim Castanho    

E NUM SEGUNDO SENTIMO-NOS...




E num segundo sentimo-nos sem futuro; 
Somos somente passado... Quase
Porção de memórias presas ao escuro
Da noite em que a lua não teve fase.

Joaquim Castanho

MODO VERBAL




MODO VERBAL 

Nada há de diferente nesta vida... 
Tudo é diálogo, sã irmandade. 
Que das causas apenas está perdida
Aquela que entrou na perversidade. 
A que na cumplicidade corrompida, 
Ou das ordens tribais novidade, 
Se quis desfolhada mas foi despida 
– Perdeu inocência e não ingenuidade. 
Portanto, o maior pecado é ter medo, 
Querer conhecer sem ter estudado; 
Promover conhecimento plo segredo
Nascido só daquilo experimentado. 
Que a alma se por palavras iluminada
Escolhe do mal o bem – até descuidada! 

Joaquim Castanho 

SOMOS PEQUENAS ALMAS NA ALMA DO TEMPO




SOMOS PEQUENAS ALMAS
NA ALMA DO TEMPO


Insubstantivo mas versátil, 
O teor da matéria imaterial
Que a alma é abdicou subtil
Da desmaiada sombra volátil
Em que o ser insistiu afirmar-se...

Foi de imediato compreendido
Por homens e mulheres de gerações
E gerações, que o viram entendido
Como base das suas essências, 
Obreiro e piloto de razões, 
Bem como de taras e demências. 

Uns, chamam-lhe mesmo cultura; 
Outros, insistem ser pensamento. 
Mas eu espreitei pla fechadura
E vi que é apenas vida pura, 
Pura e dura que somente dura
Enquanto instante dum momento. 

Joaquim Castanho  

A MAGIA DO ROMANCE




A MAGIA DO ROMANCE


No deserto de onde sou e venho
Encontrarmo-nos é interdito, 
E públicas falas franzem o cenho
Se uma mulher, por não velada, for
A confidente da amada, cujo fito
Íntimo é das pétalas a flor... 

Porém, somos um caso de exceção:
Pus burca, só para visitar-te, 
E serei vendedora de arte.  

Trago comigo uvas orvalhadas, 
Estampas medievais, versículos
Com iluminuras bem pintadas,  
Figos, mel... além do chá prà infusão. 




E o brocado das almofadas
Foi testemunha das almas aladas
Rendidas, ternas e enlaçadas,
Que em espiral se soltaram do chão!  

Joaquim Castanho

O TEMPLO DO PASSADO




Jolt e Raol trabalhavam no laboratório. Massir estava sozinho, na cabina de rádio. A substituição de um cristal de silício e três fios consertados restabeleceram o contato. Massir ouviu a voz dos homens, fraca e cortada de parasitas. Esta voz dizia: 
«... considerada como perdida... F. 1313... perdida.... pesquisas abandonadas... F. 1313... abandonadas... » 
Quebrara-se o último elo. Massir sentiu-se só, mais só do que os companheiros, aos quais escondia verdade, arcando ele com todo o peso da cruel certeza. 
Suspirou, verificou a série de pilhas que asseguravam o funcionamento do aparelho e, com um toque do polegar, pôs em movimento o fio sem fim onde registara o seu apelo. «F. 1313 acidentado – impossível determinar a posição – Instrumentos inutilizados – três sobreviventes – F. 1313 acidentado...» 
Irrisórios e frágeis, estes fragmentos de frase voavam  sobre as ondas, procuravam o caminho por entre as tempestades cósmicas, saltavam dos astros mortos para os planetas povoados de monstros surdos, com uma probalidade pequena, minúscula, de fazer vibrar o tímpano de metal dum recetor. 
Como os náufragos de outrora, que deitavam garrafas ao mar. Garrafas que se encontravam dois ou três séculos mais tarde ou nunca mais. 
Relanceou ainda os pinázios e os nós das correias que imobilizavam os aparelhos, afastando-se ao encontro dos outros. 

In STEFAN WUL
O Templo do Passado
(Págs. 53-54)

PALATINO PALANQUIM




PALATINO PALANQUIM

Viajo por mundos irreais, 
Universos solitários, 
Lugares estranhos e banais
Onde sinais contrários
– Como o de menos e o de mais –
Deixam de ser simples e vários
Pra serem somente plurais. 

A bagagem é bem pouca
(Que nem a tristeza lá cabe!), 
E além duma muda de roupa
Só levo o que a língua sabe. 

Que a ela sou bastante fiel, 
E às vezes até exagero, 
Em Brasis com travo de mel
Se de coimbrices os tempero. 

Joaquim Castanho

PLANGEM DESACORDES NA NOITE




PLANGEM DESACORDES NA NOITE 

É preciso inventar o desespero
Como se ele fosse uma gargalhada de arlequim; 
E assim, nesses quereres do não-quero
Começar um romance pelo fim... 
Hora de abertura num ponto qualquer. 
Ser industriado sem qualquer concessão. 
Porque a vida escreve só o que houver
Em pautas soltas de harmonia e razão. 
E feito isso, perdido, enfim, noutro tanto
Desesperado verei o desespero, se me crispo
A correr pelas margens dele mesmo, onde dispo
A capa negra num fado com acordes de pranto. 

Joaquim Castanho

quarta-feira, setembro 23, 2015

COMEÇAR O DIA




COMEÇAR O DIA

Quando digo o teu nome
A vida abre a porta, 
E de repente consome
Tudo quanto me importa.
E nada me cansa então, 
Nem me retrai o assim ser, 
Que ao extinguir-se a ilusão
Também eu começo a viver. 
Qu'essa coisa que a vida é, 
Tão simples e tão complicada, 
Começa ao perdermos o pé... 
Finda ao perder a passada! 

Joaquim Castanho

segunda-feira, setembro 21, 2015

REGRESSO A ZERO

  


       "Espantado pelas técnicas evoluídas que lhe eram reveladas por tudo o que aprendia, Jâ estremeceu ao pensar que a única superioridade da civilização terrestre era talvez constituída pelos seus trabalhos pessoais sobre a função Z. Encarou os múltiplos aperfeiçoamentos que a resolução do problema de Stero poderia acrescentar ao poder científico dos seus inimigos. E esgotou-se a trabalhar para tentar estabelecer cálculos aceitáveis, embora falsos, cuja verificação absorvesse meses de estudo aos sábios do satélite. 

A sua solidão naquele país estranho era penosa. Não tinha ninguém em que pudesse confiar. Tem era simpático, mas Jâ desconfiava das suas possíveis reações quando lhe dissesse que não era um proscrito, mas sim um espião ao serviço da Terra. Quanto a Nira, que no entanto parecia ser-lhe dedicada de corpo e alma, a verdade era que não podia ter confiança nela. Era uma criatura demasiadamente fraca, e a sua total falta de instrução faria dela um peso morto. Decidiu continuar a sua luta solitária. 
Que diziam as últimas instruções que recebera da terrestre Flora que o tinha beijado na sua prisão? Primeiro: tentar, por todos meios, ocupar um alto posto no Governo da Lua. Segundo: recolher todas as instruções possíveis quanto aos meios previstos para atacar a Terra. Terceiro: tentar organizar um vasto sistema de sabotagem, destinado a aniquilar de um só golpe o poder ofensivo dos lunares. Quarto: em caso de fracasso da ordem número três, voltar à Terra tão discretamente quanto possível, para informar sobre as observações feitas. 
Em caso de impossibilidade (instrução nº 5), estudar a hipótese de atrair à causa terrestre os nativos da Lua, descendentes de exilados, contra os quais o Governo terrestre nada tinha. Fazer encarar – em caso de necessidade – aos exilados de há mais de 50 anos, a possibilidade de uma amnistia. Dividir dessa maneira a opinião dos lunares e organizar um golpe de Estado." 

In STEFAN WUL
Regresso a Zero
(Págs. 108-109)   

sábado, setembro 19, 2015

DO CAOS, O FAROL SOLAR




DO CAOS, O FAROL SOLAR


Inesperadamente surgem os outros sois, 
Nativas estrelas por que cuja luz silente
Estamos como planetas nos arrebois
Situados às margens, neste efémero continente.

Mas sem eles morreríamos, pela certeza
Apodrecidos na escuridão desta vida
Rupestre, árida, falha de génio, beleza; 
Imprópria, por infelicidade tida
Assim, pejada de breu, cruel aspereza. 

Isso facto é, incontornável observação
Nascida da experiência como da teoria. 
E se do mundo como dos mais a confusão
Se esvai, é só porque tua luz nos dá o dia. 

Joaquim Castanho 

quinta-feira, setembro 17, 2015

ARMADILHA EM ZARKASS



Capítulo I

Pelo que sabemos, existe somente uma raça capaz de rivalizar com o Homem. Todos o compreenderam já: trata-se dos Triângulos. 
Para dizer a verdade, pouco se sabe destes seres. Nunca foram vistos em carne e osso (se é que eles têm mesmo carne revestindo ossos). Chamam-lhes Triângulos em virtude da forma das suas naves, essas grandes asas deltoides que vagueiam na constelação de Centauro e por vezes fazem incursões para os lados de Plutão, nos confins do nosso sistema. 
Não sei quais são as bases em que apoiam os sábios para afirmarem que os Triângulos vêm de Arcturus. Será bem esperto aquele que conseguir provar o contrário. 
Tentou-se outrora comunicar com eles por meio dos sinais clássicos e simples do Código Preliminar, o abecedário das relações com as raças desconhecidas. Nunca se dignaram dar resposta. 
Quatro ou cinco vezes tentaram os nossos foguetões alcançar os aparelhos. Mas não conseguiu apanhá-los, mantendo-se sempre a uma distância de 217 km. E porquê duzentos e dezassete quilómetros? Este número corresponde talvez a uma medida fixa do seu sistema, medida adotada como limite de prudência em relação a nós, Homens. A esta distância, desaparecem muito simplesmente com a brevidade de uma bolha de sabão que rebenta.
Supõe-se que eles passam pelo subespaço. Nisso parecem muito mais fortes do que nós. 
A partir de então cruzámos com eles sem os saudar. Penso que não dão qualquer importância a isso: mas há já quarenta anos que dura o arrufo. 
Pensa-se que esta situação não se pode prolongar. Há pouco tempo os habitantes de Zarkass tomaram uns ares fanfarrões e puseram-se a falar de uns aliados potentes e misteriosos. 
Não conhecem Zarkass? É o planeta número sete de Alfa-Centauro, com uma atmosfera parecida com a nossa, sendo a espécie dominante vagamente humanoide. Teoricamente livres, os zarkassianos estão, praticamente, sob o nosso protetorado. É por isso que as suas fanfarronices e os seus ares misteriosos nos não agradam nada. E nós sabemos pelos nossos agentes que os Triângulos aterram com regularidade em Zarkass desde há três meses. Nestas condições não é difícil adivinhar quais são os aliados dos zarkassianos.  
Que os Triângulos nos ignorem, enfim! Que se passeiem à vontade nos nossos dois sistemas, é demais! Embora isso seja muito desagradável...  mas que nos comam as papas na cabeça para concluírem acordos com Zarkass, isso é que não. 

Mas vejo agora que ainda não me apresentei: 
Chamo-me Laurent; nasci em Fobos há vinte e oito anos. Neste momento, estou em missão geológica em plena selva zarkassiana. Ora os meus conhecimentos de geologia chegam só para distinguir um tijolo duma pedra-pomes! 
Na realidade a minha missão é muito especial. A geologia serve somente de pretexto. Há quinze dias que patinho no lodo, correndo risco de apanhar febres. Finjo que coleciono pequenos calhaus, mas estou à espera. 
Mas à espera de quê? Do Triângulo que deve daqui a pouco despenhar nas colinas de Chatang, com toda a aparência dum acidente estúpido. Mas eu sei muito bem que os raios emitidos pelos nossos satélites desempenharão um papel muito importante nesse acidente. Que raios? Não me perguntem nada sobre isso. Não sou mais forte em eletrónica do que em geologia. Não me confiaram esta missão devido aos meus conhecimentos científicos, mas em razão do meu caráter enérgico e decidido, das minhas qualidades físicas de excelente animal de combate, por ser um duro... 
Obrigado! 
Quanto à eletrónica, forçoso vos será dirigirem-se ao ruivo grandalhão, que está além em baixo. É aquele que tem as botas mergulhadas no ribeiro e anda a apanhar seixos redondos. Dá-se a esse trabalho para enganar os carregadores indígenas.  

in STEFAN WUL
ARMADILHA EM ZARKASS
(Págs. 7, 8 e 9)

segunda-feira, setembro 14, 2015

FLOR INICIAL




FLOR INICIAL

Iluminado lótus em flor
Às portas triunfais do ser
Me dita nunca haver dor
Que ante teu olhar não venha a morrer; 
Pese embora a solidão exige, 
Pois a troca não o satisfaz,
Que lótus é flor que não finge
Quando só conhecimento nos traz. 

Porque a solidão não sofrida, 
Antes meio de não esquecer, 
É vida pelos olhos que nos dão vida
Que são também início e fim do querer.

Joaquim Castanho  

LIGAÇÕES NATURAIS




LIGAÇÕES NATURAIS 


Esses pequenos, ínfimos 
– Os detalhes do pormenor! –     
São poros, dedos íntimos
Que exploram só por amor... 
Trazem mais do que levam. 
Unem polos afastados. 
E os tecidos que palpam, 
Fruem por ser desvendados.

Incluem pelo seu expor, 
Arremessos por si dados, 
Induzindo luz e calor
Entre nervos desligados. 

Joaquim Castanho 


A AREIA DAS HORAS






A AREIA DAS HORAS 

Nada do que te digo é tarde
Se, contigo, o instante arde 
E vibra, ou joga profundo
As redondezas deste mundo. 
Põe no rodapé dos sonhados 
(Com muito ou pouco alarde), 
Mais uns quantos recados
Pra que a poesia os guarde.

E desse verbo que é o tempo
Que o tempo também verbaliza, 
Tem pois teu mar o momento 
Se traz azulínea água e brisa. 

Joaquim Castanho

sexta-feira, setembro 11, 2015

O ESMAECER DAS SOMBRAS





O ESMAECER DAS SOMBRAS


Domino cabalmente esta sofreguidão: 
Nada me reconduzirá a outros lugares. 
E ante a seiva, a flor tem o condão
De pintalgar o breu com seus luares... 
A cinza, esmaecida na lídima prata 
Do sorriso repõe tempo nos tempos mais; 
Cinzela a estrela, iluminada e exata 
Que guiou todos trovadores e jograis.
E nesse instante, próprio do repente, 
Genuíno e pleno de autenticidade, 
As almas do futuro dão passo em frente
Despindo sombras ao Penedo da Saudade.

Joaquim Castanho 

quinta-feira, setembro 10, 2015

LÍNGUA SALTITANTE






LÍNGUA SALTITANTE

Solta-se algo que não digo.
Solta-se o verbo que não grita.
Solta-se a língua do perigo
De dizer que estava aflita.
Depois, como quem se debruça
Do promontório do onírico,
Fica na paisagem avulsa
A tranquilidade com que fico...
É uma espécie de vingança
Ficar feliz por um rebuçado,
Como só sucede à criança
A saltar solta de cuidado!

Joaquim Castanho

O MURMÚRIO DO OLHAR






O MURMÚRIO DO OLHAR

Há ainda (e também) um eco de sombra,
Como um repentino refrão de espera,
Em que outro sol se esmera e desdobra
Espelhado no siar manso duma Quimera,
Que povoa todos os instantes fitando
O mais leve estremeção, mexer de vida
Entre matas e estepes do espaço-quando,
Pronta ao picado voo e imediata descida.
Tem a presa da certeza presa à garganta.
Tem o arqueado reflexo, o disparo solto.
E na caçada acesa a esperança é tanta,
Que murmura para o vento: «Eu volto...»
«Eu volto...» «Eu volto...» «Eu volto...»  «Eu volto...»
                                                                              Joaquim Castanho

ENIGMÁTICO ESPLENDOR







ENIGMÁTICO ESPLENDOR

Mas do emaranhado dos sentidos
Nasceu a luz, sempre cintilante,
Desenriçando todos os sustenidos
Pròs passos se darem para diante...
Por caminhos de desbravar certezas,
Com gestos de executar o destino.
Ínfimas faúlhas das profundezas
Iluminando as bermas no caminho.
Assim, como quem tece a sua teia,
Seu suporte, fio de Ariadne em voo,
A enigmática apreensão me enleia
Dando razão de ser ao ser que já sou.

Joaquim Castanho