O BEIJO SECULAR
Beijar
os teus olhos é soletrar
É
abrir sulcos n'alma imperfeita
Semear
neles cristais e âmbar
Espreitar
luz que também espreita;
É
rogar aos céus sem crer rogar
Implorar
perfeição à jus eleita,
Eleger
amar o negrume lunar
Sem
fundo por uma fenda estreita.
Mas,
principalmente, é reconhecer
Que
sem eles não há amar, não há ver
Não
há esperança, não há esplendor;
Não
há dúvida, e não há certeza
Não
há felicidade, nem beleza.
Não
há sonho... E também não há amor!
Joaquim
Maria Castanho
Com
foto de Elie Andrade
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