UMA ÓPERA MAL CONTADA
"Agora estás distante certamente
Pois tua voz tem o inumerável tom
Do eco, e mal o ritmo lhe percebo.
Mas te vejo: tens violetas nas mãos
Cruzadas, tão pálidas, e tens líquenes
Junto aos olhos. Portanto, estás morta."
in SALVATORE QUASIMODO, A Balsa
Quasimodo tinha uma bela
Mas que não era tão bela assim,
Pois ao fazer o caminho dela
Apenas lhe antecipava o fim.
Queria da poesia o elogio,
Da vida o sonho e a magia,
Mas esquecia viver num rio
Onde a corrente é só água fria...
Quasimodo tinha uma bela
Tão bela que parecia Querubim
Que fugia, fugia, fugia, e fugia ela,
Porque uma mariposa assim
Só brilha apenas se mais ninguém
Lhe pinta a alma com esse desdém
Que além de brisa é assopradela.
Joaquim Castanho
(Imagem personagens Disney)
Salvatore QUASIMODO, poeta italiano, nascido em Siracusa, Sicília, em 20.08.1901, e falecido em Nápoles a 14.06.1968, funcionário do ministério das obras públicas, redator do semanário Il Tempo e professor de literatura no Conservatório Giuseppe Verdi, foi laureado com o Prémio Nobel da Literatura em 1959.
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