DESPERTAR SILENTE
Sopro o mansinho da névoa,
Apago as defesas sólidas à
liquidez do verbo,
Desço degrau a degrau a
muralha de nuvens
Que a sinuosidade das horas
me construiu em volta,
Qual cintura de silêncio onde
a manhã me habita.
Tenho sempre extensões
prontas pràs metonímias da luz
Das quais me socorro como de
óculos escuros, fumados
Os teledentritos da
expetativa são caminhos entre complementos
Numa oração intrinsecamente
devota às vestais
Nunca à deusa mas a quem a
serve singela e livre
Desvendando a nudez
inominável dos nomes
Desfechando o arco do corpo
no orgasmo do grito.
Tenho sede de tua fome quando
só o abraço a sacia
Porém procuro-te ainda no
veludo melaço dos figos maduros
Seda suculenta sob a língua
bárbara ante o império da pele
Que poro a poro é descoberta
a luziluzir no algodão matinal
Encastelado de espera sobre
espera em direção à elevada profundidade
– O ser nuclear jogando fora
as cascas oxidadas do ontem.
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