REMANSO MATINAL
Espécie de silêncio, na fala
O vento murmura à água,
Quanto a nossa luz exala
Doçura e plácida trégua.
É a fidelidade eterna
Numa canção que mal se ouve;
Mas, como raiz viva, moderna
Só nossa sombra a promove.
Porém, da manhã, um cicio
Sem lamento que a estorve,
Pede ao momento seu brio
De instante que a renove...
que a renove... que a renove...
que a renove... que a renove...
E ele escuta. A água escreve.
Joaquim Castanho
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