A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sexta-feira, junho 24, 2016

OS POEMAS DO DIA SEGUINTE




OS POEMAS DO DIA SEGUINTE

Os poemas crescem entre gestos
Deambulam como sauros inquietos 
Desajustados e prontos à corrida. 
Estabelecem ligações, inocentes 
Enquanto sinais pra longes e pertos
Aperrando os punhos e os dentes
Da ânsia impotente que os conduz
Segrega desdém, ciúme, indiferença
Apego ao visceral pomo da atrofia.    
São os vertebrados do dia seguinte
Catastróficos nos enlevos, céticos 
Por interesse e necessidade de ser
Apodos com seus pés decepados
Para quem a fadiga é uma salvação
Cujo cansaço lhes induz a sensação
Do dever cumprido: «não ganhámos»
Dizem «mas demos o nosso melhor»,
Como se o feito os ilibasse da culpa
Os reabilitasse prò reino imaculado
Dos eficientes, e sem defeito visível
Capazes da maravilha do (super)ego
Exemplos de retidão, beleza, encanto
Suprassumo do autoconvencimento,
Mágicos do ideal para toda a prova.  
São poemas para ludibriar trouxas
Pessoas simples sem manias e porquês 
Cuja única consolação está no «Enfim, 
Não valemos nada, mas fomos escritos em inglês.» 
       
Referendiam-se, puxam pigarro anunciado 
Como uma partida sem regresso nem adeus. 
Os olhos comendo o cru e por mau-olhado 
Sem cruzes nem santinhos que sejam seus. 

Joaquim Castanho  

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