A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

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São o chão em chamas onde as lavras

sexta-feira, junho 26, 2015

VER E CALAR É TÃO CRIME COMO MALTRATAR




VER E CALAR É TÃO CRIME COMO MALTRATAR


O ambiente não são coisas, não são seres, não é lugar, mas relação – relação de aprendizagem, relação de convívio, relação de trabalho, relação de cidadania, relação de lazer, relação de mercado, relação de religiosidade, etc., etc. E, não obstante todas e todos lhe reconheçam o valor de uso (quotidiano ou de propriedade), continuam sendo apenas uma rara minoria aqueles e aquelas que se preocupam com a sua importância, aperfeiçoamento e (re)qualificação, passando, exatamente por isso, salvo-conduto ao laissez-faire (público e privado) típico das atitudes político-administrativas do mundo esclavagista e mediavalesco. 

A grande desculpa ou mentira social que alimenta esse status quo tem sido o subdesenvolvimento que, aliado à carência de recursos (financeiros e humanos), vai servindo de biombo da generalidade dos organismos autárquicos e das populações para se aprovisionarem de conjuntos habitacionais de sofrível qualidade que não vai além das ruas pavimentadas, do saneamento básico obrigatório, dos transportes públicos de massas e da proliferação dos espaços comerciais, em detrimento dos espaços de lazer e convivência positivos e sustentáveis desejáveis que promovam a inserção e a inclusão, a democratização e cidadania, resultando consequentemente dessa visão atávica cidades e vilas tipicamente bairristas, conflituosas, sem unidade de conjunto, semiabandonadas e de precário quotidiano. 

Portanto, estou em crer, que é chegada a altura de nos insurgirmos contra a indiferença e maus-tratos que os naturais de nossas terras e comunidades têm vindo a manifestar acerca do ambiente, justificando-se com a realidade deste não ser propriedade sua, sobretudo porque é de toda a gente, e que compete às edilidades conservá-lo e mantê-lo em bom estado e saudável, porque é mentira, uma vez que cada qual que estabelece relações nele, o habita, nele pratica desporto ou passeia, nele compra e vende bens, o frequenta para satisfação do corpo como da alma, é também seu condómino e proprietário, e deve ser responsabilizado por qualquer dano que ocorra. Principalmente se olhar prò lado enquanto o ambiente é danificado, porque então deve ser responsabilizado ao quadrado: responsabilizado por ter permitido a sevícia e por ter colaborado com o seviciador no vandalismo praticado. E não vale a pena espernear, que quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele. Porque o ambiente são as relações que a gente estabelece, e quem não cuida delas não as merece.


Joaquim Castanho      

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