A CANOA DO OLHAR
Duplamente me dessedento
Na seda lisa de teus cabelos,
Onde as fadas ganham alento
Como eu ganho, só de vê-los.
E me aliso em seu movimento
Nesse deslizar, balouçando,
Se te mexes; exato momento
De perguntar «Voltarei a vê-los?»
Que visa a ânsia dum «Quando?!?»,
Logo disfarçado pelo riso,
Brincando, par’assim afugentar
O receio que m'ensombra o juízo,
Já perdido por tanto ansiar…
Que creio, enfim, que te penteio
E despenteio — só com o olhar!
Joaquim Maria Castanho
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