ÉLAN*
VITAL
Quando
o ser me estremece
E,
cansado de não-ser, bate no fundo,
Procuro
em teus olhos
Os
olhos que me ensinaram o mundo…
Então,
resolutos abrem caminho,
Abatem
dúvidas, afastam escolhos
E
o mundo seco rejuvenesce;
As
árvores ganham cores, ramadas
Viçosas,
onde as aves fazem ninho
E
as palavras pululam em chilreada.
E
digo para comigo, em autocensura:
«Ora!,
onde o perigo, se não era nada…
Porquê
tal castigo, tamanha secura?!»
E
a verve esquecida, envergonhada
Volta
a fluir para irrigar o ego rotundo
Como
sempre fez essa mesma mirada
Quando
me ensinou a olhar o mundo.
Joaquim
Castanho
* ÉLAN VITAL, expressão
criada por Bergson e que aparece sobretudo na Evolução Criadora (1907). Esta
noção, enquanto impulso vital, designa o impulso fundamental da vida tal como
se manifesta na evolução, inventando a partir da matéria inerte formas
biológicas capazes de adaptação e tendendo para uma complexidade crescente. O
impulso (élan) vital determina, segundo Bergson, uma evolução divergente
orientada, por um lado, para os instintos, modelos de funcionamento das
estruturas orgânicas especializadas, e, por outro, para a inteligência, função
analítica e reedificante inerente à fabricação e utilização prática de objetos
artificiais (cultura) ou desembocando na manipulação abstrata de conceitos.
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