ANOITECIDO
DESABAFO
Coloridas
de silêncio antecipado
As
palavras capricham plenas de sigilo
Constrangidas
pelo parado das aragens
Refletem:
são pausas, folhas, páginas
Retratos
extrovertidos que se alinham
Ao
fundo da cidade com seu soslaio de Sé
Entre
as góticas demandas do ego cego
Nas
vésperas de um verão precoce
Apressado
a cumprir o calendário das estações
No
granito ante as rosas; cal, sempre cal,
Brancura
ofuscante e cintilante e reflexa
Mas
a espraiar-se prò lusco-fusco após o ocaso
Distanciando-se
imaginável por detrás do casario
Apenas
ruborescendo o horizonte
Irisando
Apodrecendo de metal incandescente o pacífico azul.
É
preciso reconhecer o privilégio de estar só
Ser
ínfimo perante a grandeza do dia
Para
escutar a lentidão da luz a esvanecer-se
A
dissolver o intermitente negro sobre o céu
No
curvilíneo e estonteante esvoaçar das andorinhas.
Na
planura quieta do espelho do céu
Diluindo
pouco a pouco o anoitecendo.
Não
serve de nada fingir que a tarde tarda
Nem
lembrar porque se esqueceu o meio-dia.
Não
está certo sermos quem não somos
Ou
esconder o rosto nas sombras do querer ser:
A
frescura da luz que refresca está em si
Mesma
e igual é esta cinza de aço baço
Como
mapa de sonoridades caladas por descobrir.
Ouvir-me
na luz que se esconde não é crime
Nem
pedir palavras aos silêncios antecedidos,
Porque
escorrendo as sombras são apenas sombras
Nadas
incapazes de sobrecarregar os espectros temidos
Ou
os fantasmas duma desesperança que desabafa
E
nos confidencia que está a postos mesmo se tomba.
Joaquim
Castanho
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