A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sexta-feira, agosto 07, 2015

ANOITECIDO DESABAFO





ANOITECIDO DESABAFO

Coloridas de silêncio antecipado
As palavras capricham plenas de sigilo
Constrangidas pelo parado das aragens
Refletem: são pausas, folhas, páginas
Retratos extrovertidos que se alinham
Ao fundo da cidade com seu soslaio de Sé
Entre as góticas demandas do ego cego
Nas vésperas de um verão precoce
Apressado a cumprir o calendário das estações

No granito ante as rosas; cal, sempre cal,
Brancura ofuscante e cintilante e reflexa
Mas a espraiar-se prò lusco-fusco após o ocaso
Distanciando-se imaginável por detrás do casario
Apenas ruborescendo o horizonte
       Irisando
       Apodrecendo      de metal incandescente o pacífico azul.


É preciso reconhecer o privilégio de estar só
Ser ínfimo perante a grandeza do dia
Para escutar a lentidão da luz a esvanecer-se
A dissolver o intermitente negro sobre o céu
No curvilíneo e estonteante esvoaçar das andorinhas.

Na planura quieta do espelho do céu
Diluindo pouco a pouco o anoitecendo.
Não serve de nada fingir que a tarde tarda
Nem lembrar porque se esqueceu o meio-dia.
Não está certo sermos quem não somos
Ou esconder o rosto nas sombras do querer ser:
A frescura da luz que refresca está em si
Mesma e igual é esta cinza de aço baço
Como mapa de sonoridades caladas por descobrir.

Ouvir-me na luz que se esconde não é crime
Nem pedir palavras aos silêncios antecedidos,
Porque escorrendo as sombras são apenas sombras
Nadas incapazes de sobrecarregar os espectros temidos
Ou os fantasmas duma desesperança que desabafa
E nos confidencia que está a postos mesmo se tomba.

Joaquim Castanho

Sem comentários: