PÉTALA IMPERATIVA
Anda um tropel de flores distintas
A pôr-me a alma em áureo filigrana:
Ditongos, sílabas átonas e famintas
Com que o versejar todo se ufana...
E creio até que murmura, ou cicia
Nas lágrimas das pétalas do goivo,
Que por certo há de ter qualquer dia
Um poema como seu único noivo.
Eu só observo, em acanhado esgar,
Tímido e apreensivo, mas deleitado
(E louco) a negra petúnia desse olhar...
É que no tropel, o céu, o astro se agita...
E se uma pétala grita todo o cuidado
(É pouco).
Joaquim Castanho
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