TROVA DO OLHAR PRIMEIRO
Já caía sombra de sobra sobre ti
Sobre mim, e sobre o universo
Quando a luz nos interrompeu;
E foi então que, e de súbito, vi
O centro do mundo não sou eu...
Porque, sem nada de perverso,
O procuro, e só o encontro de vez
Quando olho nos olhos de Inês.
São o refrão duma ária antiga;
São a fórmula mágica e musical
Desse tempo que agora começa,
Tão ritmado como uma cantiga
Cavalheiresca ao jeito provençal;
E que às lusas liras pede meça
Como quem desafia o português,
Quando olho nos olhos de Inês.
Pois o destino de cada trovador
Já há muito que lhe foi traçado...
Foi o jogral das alquimias vivas;
Foi o garimpeiro do puro amor;
Foi lidador pelo ideal cuidado;
Foi são escravo de suas cativas;
E o cantor que todos os cantos fez
Quando olho nos olhos de Inês.
E também foi quem apenas se quis ser,
Sem mais nada nesta vida almejar,
Do que só aquele simples escritor
Que jamais desistiu de aprender,
Ou de ler, ou de ouvir e pesquisar,
E sentir exatamente o mesmo fervor,
Com que o fez dessa primeira vez
Em que ao olhar viu os olhos de Inês.
Joaquim Castanho
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