COM SOFREGUIDÃO TE RESPIRO
Nasce como uma pérola nácar
Entre dois corações que se querem bem,
Depurando as paixões e o carinho
De seu mútuo fluxo e naufragar
Em naufragar nas fragas do caminho,
Que nunca é percorrido por mais ninguém.
É uma Torre Eiffel íntima e interior
Tão alta que rompeu Zénite e Nadir,
E para lá deles frutificou como flor
Onde jamais algo se supôs florir.
É uma descida abrupta pla vertigem
Do ápice de um grito tão profundo
Que, no ir e voltar, o vaivém da viagem
Atravessa, destroi e restaura todo o mundo.
O poema sublime e de eterno voar
É o rasto de fogo lunar, manso e terno
Que meu olhar no teu cabelo deixou
Quando nele naufragou… e naufragou…
E naufragou… E naufragou… — até respirar!
Joaquim Maria Castanho
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