O PIGARRO DA DÚVIDA
Com largura sensivelmente superior
Ao seu comprimento, a onda desta voz
Adiposa, mas fleumática no teor
Oscila solidões de solidão atroz;
E pastosa e arrastada e gordurosa
Lamurienta cava cegos buracos
No silêncio da ocasião nebulosa
Por farrapos da vida feita em cacos.
O que quererá ela assim em troca de nós?
Porque se apraz em não franquear as portas
Mais iguais da comunicação? E sós
Empacamos de lixo suas vias tortas
De vontades escleroseadas e estreitas
No colesterol da dúvida distorcida,
Entre pingentes e feitiços pràs maleitas
Espantando-nos numa tosse inseticida.
Joaquim Castanho
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