LEVE BRISA SOBRE O MONDEGO
Me adianto à hora na mudança
E sublinho cada sílaba e passo
E minuto numa língua que dança
Pelo que penso e não pelo que faço,
Se escrevo... Então retoco o traço
Corto e pinto como simples criança
Que tenta reinventar o momento,
Alfabetizando-o com o espaço
Que é teu – como teu é o pensamento...
Essas circunstâncias que são minhas
Gizam propriamente também quem sou,
Pois o restolho das ervas daninhas
Jamais produzirá o trigo que moo
Letra a letra, ou estrofe a estrofe
Pulsando ímpar contínuo e de chofre,
Tranquilo ou no supetão do asilo
Se me exilo nas ruelas da emoção.
Todo o voo tem o seu próprio chão.
E não há vento que melhor o alise
Do que aquele nascido pela mão
Do sonho quando se penteia Nise!
Joaquim Castanho
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