PALAVRAS DESPREVENIDAS
Pois, imprudentes são só as vozes
Que se escrevem nas costas do texto,
Deturpando-o; e suas algozes
Obrigam as palavras ao incesto
Dizendo-se gémeas por si mesmas
Fazendo sexo no papel, em resmas...
E ali lhe nascem, prontas e esguias,
Infinitas filhas, sósias eternas
Que assim, por sua vez, procriam nos dias
Em rodapés e apontamentos nas bermas.
Creem-se umas Xerazades sem pudor;
Amantes na semântica ou significado.
Mas quem as ler saiba que são só amor
Sílaba a sílaba bem dedilhado.
Joaquim Castanho
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