A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quinta-feira, outubro 23, 2008

S@S

Já unimos ditongos ideais nos trevos e ervas silvestres da serra
Todavia é quando assim a cidade me nasce dos pulsos abertos
A noite a escorrer-me pelos dedos e pingando o chão dos dias
Eis como me fica ali a voz esgarçada salpicando aqui silêncio
Coisa de somenos na estranheza púrpura mas dourada aurora
Instantes silentes e cintilantes no granito vozes estremunhadas
Os pomos dos dedos apalpando esperança polpa que amanhece
Encontro propício com teus olhos à esquina do tempo balcão
Das horas varanda de ver passar a nossa história apenas mágica
Imaginação no dito inaudito as pétalas juntas como pálpebras...

Todavia direi: junge, une os dígitos ideais totalmente enleados
Emaranhada decapita-me ao passar colhe ainda o sigilo breve
Atira-me o cérebro na distância das estrelas o fogo em nébula
Apenas ao teu esgar entre enigmas e soslaios na fé sucumbo
Bate-me o coração o sussurro dos teus passos onda na calçada
Respirar sincopado soprando as folhas de plátano numa dança
Coreografia própria do amarelo torrado a aspergir a verde relva
Talvez e tão-só recital de espera na esquina que adiante segue
Labirinto do sonho entre portas e muralhas entretecida memória.

Podes repeti-lo ante toda a gente que calar-me-ei bem avisado
Ouço o destino ainda o indicador em riste sobre os teus lábios
Breves frestas as pálpebras seteiras fitam sei que sabes que sei
Cúmplices testemunhas as pessoas passam para o seu trabalho
Algumas entretêm-se no café até derradeiro momento piparote
Calculado no relógio o pulso pinga os minutos sobre o xadrez
Mosaicos pretos e brancos pois é este chão que ambos pisamos
Mesmo quando corremos à desfilada no jardim dos labirintos
Porque já unidos (1+1=2) dígitos da igualdade tão emaranhados
Abrem na sombra a fresta do teu nome medindo-me o pulso
Veia verdejante em beijos de segredo sussurrados a uníssono
Como uníssono é ser que sendo se sonha no sonhar do sonhado!

segunda-feira, outubro 13, 2008

Edital

Tenho andado bastante preocupado – ultimamente – a sério
Com os meus pintassilgos; é que eles desapareceram assim
E não disseram para onde foram de férias, o que é mistério
E eu desconfio, que não sendo eles lá muito dados a lérias
Algo deveras lhes aconteceu, imperiosamente os demoveu
De voltar, como igualmente os obrigou a esquecer a prosa
Desta forma assaz ansiosa com que os continuo a esperar...

Por favor, se alguém os vir, transmitam-lhe o meu recado
Digam-lhe nesse algures em que estiverem e permaneçam
Que não esqueçam, ou que se não for de sua livre vontade
Há-de sempre haver aqui, um lutador advogado da verdade
Que por vós pugnará, com alvíssaras e caprichando no risco
Fazendo dos seus verbos, ideias, actos e gestos aquele isco
Indomável sonho, petisco com que a vida pesca a Liberdade!