A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quinta-feira, abril 30, 2015

A VIDA NÃO ESTÁ PARA MONOPÓLIOS NEM HEGEMONIAS ESPECÍFICAS




A VIDA NÃO ESTÁ PARA MONOPÓLIOS NEM HEGEMONIAS ESPECÍFICAS


É da transformação dos nossos afetos, convicções e valores que nascerá a possibilidade duma relação ética entre o ser humano e a terra, a terra de cada um e cada uma, ou a nossa Terra, assente no entendimento da ecologia, tanto enquanto casa, como enquanto causa, considerando que lhe é característico proporcionar-nos o funcionamento do planeta. A moção não é de agora, pese embora nunca antes ela se tenha revelado com semelhante premência e pertinácia. Desleixámo-nos, atrasámo-nos, durante décadas, ao preteri-la. Pelo que, adiá-la se configura numa espécie de suicídio coletivo, ou genocídio global. A terra não são apenas os solos das explorações agrícolas, florestais e pecuárias, mas também uma fonte de energia que atravessa prados, vales e montanhas, animais e plantas, e se traduz em sistemas vivos e vivicantes, organicamente estruturados e com meritório perfil de consideração moral e humanitária. Porque é a vida de todos e todas nós que ela cultiva e sustenta, incluindo os que não acreditam nisso, os que se estão nas tintas para o facto, os que poluem e destroem habitats e matam espécies em perigo de extinção, como também o que ainda não nasceram e por tal se entendem como semente do nosso futuro.

Extensão ética que se justifica a si mesma porquanto já não nos podemos limitar à conquista da terra, a ser seus possuidores, donos e senhores, como outrora fomos, porquanto, e ao invés, passámos a ser simples elementos, figurantes, membros duma comunidade biótica alargada, que nos exige respeito igual por todos os constituintes (biodiversidade) como por todos os nossos irmãos e todas as nossas irmãs (ou espécie humana). Caso contrário, arriscamo-nos, não só a infligir danos irreversíveis ao ecossistema, ao nosso habitat, aos mais frágeis de nós com pestes e catástrofes, poluições, assimetrias, miséria e guerras civis, mas também a todos e todas que se radicaram no mundo desenvolvido e abastado, que nem sequer têm contribuído para além do inevitável para o atual estado de sítio universal: a Europa rica da sociedade da informação e das novas tecnologias, e a que concorremos sempre que o nosso crescimento económico aumenta. 

Pensar que podemos sobreviver ao fenecer e sucumbir das demais espécies protagonistas deste nosso enredo ecossistemático, não só é um erro de palmatória como uma demonstração de má índole. Hoje, como durante milénios anteriores, o são evoluir da sociedade depende quase em absoluto desse diálogo em simbiose entre as organizações naturais e as organizações sociais, das quais as microeconomias como as macroeconomias são somente o cocuruto visível desse enorme iceberg.        

Joaquim Castanho 



MARIALVISMO E PIJAMA, NEM SEQUER NA MESMA CAMA!


A VIDA NÃO ESTÁ PARA MONOPÓLIOS NEM HEGEMONIAS ESPECÍFICAS


É da transformação dos nossos afetos, convicções e valores que nascerá a possibilidade duma relação ética entre o ser humano e a terra, a terra de cada um e cada uma, ou a nossa Terra, assente no entendimento da ecologia, tanto enquanto casa, como enquanto causa, considerando que lhe é característico proporcionar-nos o funcionamento do planeta. A moção não é de agora, pese embora nunca antes ela se tenha revelado com semelhante premência e pertinácia. Desleixámo-nos, atrasámo-nos, durante décadas, ao preteri-la. Pelo que, adiá-la se configura numa espécie de suicídio coletivo, ou genocídio global. A terra não são apenas os solos das explorações agrícolas, florestais e pecuárias, mas também uma fonte de energia que atravessa prados, vales e montanhas, animais e plantas, e se traduz em sistemas vivos e vivicantes, organicamente estruturados e com meritório perfil de consideração moral e humanitária. Porque é a vida de todos e todas nós que ela cultiva e sustenta, incluindo os que não acreditam nisso, os que se estão nas tintas para o facto, os que poluem e destroem habitats e matam espécies em perigo de extinção, como também o que ainda não nasceram e por tal se entendem como semente do nosso futuro.

Extensão ética que se justifica a si mesma porquanto já não nos podemos limitar à conquista da terra, a ser seus possuidores, donos e senhores, como outrora fomos, porquanto, e ao invés, passámos a ser simples elementos, figurantes, membros duma comunidade biótica alargada, que nos exige respeito igual por todos os constituintes (biodiversidade) como por todos os nossos irmãos e todas as nossas irmãs (ou espécie humana). Caso contrário, arriscamo-nos, não só a infligir danos irreversíveis ao ecossistema, ao nosso habitat, aos mais frágeis de nós com pestes e catástrofes, poluições, assimetrias, miséria e guerras civis, mas também a todos e todas que se radicaram no mundo desenvolvido e abastado, que nem sequer têm contribuído para além do inevitável para o atual estado de sítio universal: a Europa rica da sociedade da informação e das novas tecnologias, e a que concorremos sempre que o nosso crescimento económico aumenta. 

Pensar que podemos sobreviver ao fenecer e sucumbir das demais espécies protagonistas deste nosso enredo ecossistemático, não só é um erro de palmatória como uma demonstração de má índole. Hoje, como durante milénios anteriores, o são evoluir da sociedade depende quase em absoluto desse diálogo em simbiose entre as organizações naturais e as organizações sociais, das quais as microeconomias como as macroeconomias são somente o cocuruto visível desse enorme iceberg.        

Joaquim Castanho 






MARIALVISMO E PIJAMA, NEM SEQUER MESMA CAMA!


As maiorias e unanimidades têm os seus dias contados. Chão que já deu uvas, e crises, e bancarrotas, e hediondos genocídios, e miséria, e assimetrias criminosas, como intolerâncias inauditas. O discurso oficial dos países desenvolvidos, como das Nações Unidas, além de convidar a uma polissemia interpretativa incontornável, mistura influências ecológicas – das quais a sustentabilidade é tão-só a mais comum... – com influências éticas, num todo discernível onde o político se revela superiormente sociológico, logo científico, matemático, estatístico, confluente e simbiótico. Ao pathos missivista e semiótico e retórico característico das grandes ideologias, sucedeu a pragmática dos particulares, dos detalhes, das identidades e das diferenças. O clique de transição entre o patológico e o pattern, entre o mórbido massificante e unificador, gerador de inaptidões e irresponsabilidades, e o cibernético fez-se através do evidente implantar da sociedade da comunicação e informação, herdeira direta das anteriores sociedade de produção e sociedade de consumo. E, não obstante algumas ilhas de resistência e inaptidão aos tempos atuais, que apenas ilustram arquelogicamente as anteriores, o que é certo, é que ninguém pode deixar de ver que há hoje mais conhecimento e informação a circular no Blogspot e no Facebook do que nas Sorbones de sempre. Aquilo que os sistemas de educação e ensino nunca conseguiram, embora o almejassem ansiosamente, como a popularização dos pintores, cineastas, filósofos, suas correntes e doutrinas; nomeadamente dos poetas clássicos, universais ou nacionais, que são hoje lana caprina pelas cronologias dos menos habilitados, academicamente falando... Shakespeare, Nietzsche, Pessoa, Drummond de Andrade, Dante, Goethe, Kafka, Camões, Florbela, Sophia, Antero, Torga, Neruda, sendo exatamente por isso,  muito mais conhecidos agora do que foram as anedotas escatológicas e brejeiras do Bocage há 80 anos atrás – entre nós... 

Dito de outra forma: pensar que é atualmente possível continuar com a mesma atitude face aos demais e ao ambiente que o establishment administrativo e político cultivou e assumiu durante quase um século, em Portugal, não só é antidemocrático como doentio (patológico, desregrado, inadaptado), uma vez que os populares, ou cidadãos e cidadãs comuns possuem, hoje em dia, em todas as vertentes da cultura, do conhecimento e da civilização, maior bagagem cognitiva, mais (in)formação (geral como específica) e mais atualizada do que o citado establishment, onde grassam a ignorância, o desrespeito pelos Direitos do Homem e pela Constituição da República, pelos Direitos dos Animais, pela Biodiversidade e pela Igualdade, e são apanágio, a par do narcisismo egoísta e marcas topo de gama,  a desigualdade de género, o maneirismo afetado e a ironia de gosto medieval, ou esclavagista. 

E ainda bem, porque tanto indicia que a humanidade está a ficar mais humana de dia para dia.

Joaquim Castanho


OPTAR VERDE É CONTRIBUIR PARA A SOLUÇÃO DA CRISE


A VIDA NÃO ESTÁ PARA MONOPÓLIOS NEM HEGEMONIAS ESPECÍFICAS


É da transformação dos nossos afetos, convicções e valores que nascerá a possibilidade duma relação ética entre o ser humano e a terra, a terra de cada um e cada uma, ou a nossa Terra, assente no entendimento da ecologia, tanto enquanto casa, como enquanto causa, considerando que lhe é característico proporcionar-nos o funcionamento do planeta. A moção não é de agora, pese embora nunca antes ela se tenha revelado com semelhante premência e pertinácia. Desleixámo-nos, atrasámo-nos, durante décadas, ao preteri-la. Pelo que, adiá-la se configura numa espécie de suicídio coletivo, ou genocídio global. A terra não são apenas os solos das explorações agrícolas, florestais e pecuárias, mas também uma fonte de energia que atravessa prados, vales e montanhas, animais e plantas, e se traduz em sistemas vivos e vivicantes, organicamente estruturados e com meritório perfil de consideração moral e humanitária. Porque é a vida de todos e todas nós que ela cultiva e sustenta, incluindo os que não acreditam nisso, os que se estão nas tintas para o facto, os que poluem e destroem habitats e matam espécies em perigo de extinção, como também o que ainda não nasceram e por tal se entendem como semente do nosso futuro.

Extensão ética que se justifica a si mesma porquanto já não nos podemos limitar à conquista da terra, a ser seus possuidores, donos e senhores, como outrora fomos, porquanto, e ao invés, passámos a ser simples elementos, figurantes, membros duma comunidade biótica alargada, que nos exige respeito igual por todos os constituintes (biodiversidade) como por todos os nossos irmãos e todas as nossas irmãs (ou espécie humana). Caso contrário, arriscamo-nos, não só a infligir danos irreversíveis ao ecossistema, ao nosso habitat, aos mais frágeis de nós com pestes e catástrofes, poluições, assimetrias, miséria e guerras civis, mas também a todos e todas que se radicaram no mundo desenvolvido e abastado, que nem sequer têm contribuído para além do inevitável para o atual estado de sítio universal: a Europa rica da sociedade da informação e das novas tecnologias, e a que concorremos sempre que o nosso crescimento económico aumenta. 

Pensar que podemos sobreviver ao fenecer e sucumbir das demais espécies protagonistas deste nosso enredo ecossistemático, não só é um erro de palmatória como uma demonstração de má índole. Hoje, como durante milénios anteriores, o são evoluir da sociedade depende quase em absoluto desse diálogo em simbiose entre as organizações naturais e as organizações sociais, das quais as microeconomias como as macroeconomias são somente o cocuruto visível desse enorme iceberg.        

Joaquim Castanho 



MARIALVISMO E PIJAMA, NEM SEQUER MESMA CAMA!


As maiorias e unanimidades têm os seus dias contados. Chão que já deu uvas, e crises, e bancarrotas, e hediondos genocídios, e miséria, e assimetrias criminosas, como intolerâncias inauditas. O discurso oficial dos países desenvolvidos, como das Nações Unidas, além de convidar a uma polissemia interpretativa incontornável, mistura influências ecológicas – das quais a sustentabilidade é tão-só a mais comum... – com influências éticas, num todo discernível onde o político se revela superiormente sociológico, logo científico, matemático, estatístico, confluente e simbiótico. Ao pathos missivista e semiótico e retórico característico das grandes ideologias, sucedeu a pragmática dos particulares, dos detalhes, das identidades e das diferenças. O clique de transição entre o patológico e o pattern, entre o mórbido massificante e unificador, gerador de inaptidões e irresponsabilidades, e o cibernético fez-se através do evidente implantar da sociedade da comunicação e informação, herdeira direta das anteriores sociedade de produção e sociedade de consumo. E, não obstante algumas ilhas de resistência e inaptidão aos tempos atuais, que apenas ilustram arquelogicamente as anteriores, o que é certo, é que ninguém pode deixar de ver que há hoje mais conhecimento e informação a circular no Blogspot e no Facebook do que nas Sorbones de sempre. Aquilo que os sistemas de educação e ensino nunca conseguiram, embora o almejassem ansiosamente, como a popularização dos pintores, cineastas, filósofos, suas correntes e doutrinas; nomeadamente dos poetas clássicos, universais ou nacionais, que são hoje lana caprina pelas cronologias dos menos habilitados, academicamente falando... Shakespeare, Nietzsche, Pessoa, Drummond de Andrade, Dante, Goethe, Kafka, Camões, Florbela, Sophia, Antero, Torga, Neruda, sendo exatamente por isso,  muito mais conhecidos agora do que foram as anedotas escatológicas e brejeiras do Bocage há 80 anos atrás – entre nós... 

Dito de outra forma: pensar que é atualmente possível continuar com a mesma atitude face aos demais e ao ambiente que o establishment administrativo e político cultivou e assumiu durante quase um século, em Portugal, não só é antidemocrático como doentio (patológico, desregrado, inadaptado), uma vez que os populares, ou cidadãos e cidadãs comuns possuem, hoje em dia, em todas as vertentes da cultura, do conhecimento e da civilização, maior bagagem cognitiva, mais (in)formação (geral como específica) e mais atualizada do que o citado establishment, onde grassam a ignorância, o desrespeito pelos Direitos do Homem e pela Constituição da República, pelos Direitos dos Animais, pela Biodiversidade e pela Igualdade, e são apanágio, a par do narcisismo egoísta e marcas topo de gama,  a desigualdade de género, o maneirismo afetado e a ironia de gosto medieval, ou esclavagista. 

E ainda bem, porque tanto indicia que a humanidade está a ficar mais humana de dia para dia.

Joaquim Castanho




OPTAR VERDE É CONTRIBUIR PARA A SOLUÇÃO DA CRISE


Estima-se em mais de um milhão, o número de postos de trabalho que poderão vir a ser criados, até 2030, pelos EUA, China e UE, a fim de consolidar as suas estratégias de combate às alterações climáticas, promovendo o emprego verde, quer no sector energético, como no ligado à sustentabilidade e crescimento económico, nomeadamente no capítulo das exportações verdes. Tratando-se de medidas que podem ser adotadas por todos os países é, porém, a Dinamarca quem maior empenho demonstra definindo como meta acabar definitivamente com a utilização de combustíveis fósseis no sector energético, onde é secundada pela Alemanha que estipulou obter 80 % da sua eletricidade recorrendo apenas a fontes renováveis, num período de tempo que não vai além de 2050. Contudo, se estes três países/regiões (China, UE e EUA) se propusessem produzir toda a sua energia a partir de fontes renováveis, o número de empregos a criar ultrapassaria a ordem dos três milhões e uma correspondente poupança anual em importações de combustíveis fósseis a rondar pelos 519 mil milhões de euros. O que não é coisa pouca, e cairia que nem ginjas na economia global.

Portanto, desde já se pode acabar com o argumento de que cuidar e prevenir a sustentabilidade da ecosfera agrava a crise, porque, pelo contrário, ela antes contribui para solucioná-la. Os países europeus mais ricos não enriqueceram por acaso, e sim porque tomaram as decisões que mais lhes convinha para fomentar o desenvolvimento e crescimento económico. Lá neles, como cá, o Orçamento do Estado, o PIB, o desemprego e o défice, também são "negócios" a ter em conta na discussão política; e se se decidiram pela economia verde, foi porque ponderaram, calcularam e avaliaram que modelo superiormente lhes defenderia os interesses.

Quando a Ética da Terra sugere que umas coisas estão certas e outras erradas em função da estabilidade dos ecossistemas, não está a abrir caminho à desconsideração do fator humano e individual, mas sim a tentar salvar as comunidades bióticas porque isso equivale a salvar também a humanidade que lhe é inerente. O homem e a mulher fazem parte dessa comunidade, e a sua qualidade de vida e bem-estar dependem da qualidade dela, da qualidade do ar que respira, dos níveis de ruído que nela se constatam, da estabilidade e fertilidade dos seus solos, da quantidade de água potável que armazena, das características (geológicas e edificadas) desse território, bem como das maneiras como é gerido.

Pelo que é legítimo afirmar que o ecocentrismo não é contra o homem e a mulher, mas antes a favor dele e dela, principalmente quando se manifesta a favor do que é certo, ou que tende para preservar a integridade, a estabilidade e a beleza das comunidades bióticas, manifestando-se igualmente contra tudo o que está errado, isto é, tudo quanto destrói o equilíbrio dos ecossistemas, destabiliza as comunidades bióticas, lhes viola e adultera a integridade, assim como a identidade, contribui para a aridez e desertificação dos solos, polui rios, lagos, mares e oceanos, e cultiva a fealdade nos habitats e meio-ambiente. E uma prática e economia que muito se prestam para isso são as que assentam na utilização de combustíveis fósseis para gerar energia. 

E este Ano Internacional da Luz devia ser o vértice da dobragem do Cabo das Tormentas, transformando-o no Cabo da Boa Esperança, no que aos combustíveis diz respeito, alterando a nossa perspetiva e conduta quando a eles recorremos. A escolha é de cada homem e de cada mulher, mas os malefícios ou benefícios serão para a humanidade inteira.


Joaquim Castanho


O LADO NEGRO DA ALQUIMIA



O LADO NEGRO DA ALQUIMIA


"é impossível uma leitura do obscuro, sem a sensação de nos enganarmos"

in ANTÓNIO JACINTO PASCOAL
A Necrópole Mediterrânica
(Público, 26 de abril de 2015)

A vida é um milagre universal que também aconteceu na Terra vai para quatro milhões de anos, e a que nós, humanos, apenas foi possível assistir, partilhar, viver e testemunhar, há somente 200 mil anos, qualquer coisa como uma gota de água na piscina do tempo. Durante aproximadamente 199 940 anos fizemo-lo contemplando e respeitando o equilíbrio da natureza e ecosfera, já que delas dependíamos em absoluto; porém, nos últimos 60 anos deitámo-lo por terra, quebrando-o com a nossa pegada, marca, impacto ambiental, sob a justificação de que o fazíamos para melhorar de vida, em prol do desenvolvimento e progresso, arriscando-nos a devolver o planeta ao seu estado larvar, pelo andar da carruagem, num futuro não muito longínquo, em que ela era tão-só um caos de fogo, formado por consequência do despertar da estrela que ainda hoje nos aquece e ilumina: o sol.

E a História da Humanidade não é mais que o registo do sacrifício do equilíbrio dos múltiplos ecossistemas em que a Terra se compartimenta aos nossos interesses específicos. Fizemo-lo com a economia de subsistência, intensificá-lo na sociedade de produção e extremámo-lo com o modelo liberal consumista, ainda em vigor, pelo que o ponto de degradação alcançado stressou tanto a natureza e os seus elementos, que ela e eles já se não coíbem de, amiúde, pagar-nos na mesma moeda. «Ora toma lá, a ver se gostas», diz-nos ela (e eles), como contrapartida por nos termos deixado de integrar nela, exigindo-lhe que seja a natureza a adaptar-se a nós, às nossas necessidades sociais, aos ditames civilizadíssimos do nosso gregarismo, exemplarmente humanitário, como eticamente gostamos de justificar, argumentando que o fizemos para combater a subnutrição e fome dos povos. Coisa em que eles não acreditam nem veem acontecer, e muito menos ela nota... Porque será?

Há razões tão obscuras que até o obscurantismo as desconhece.

Joaquim Castanho          

 


DA ÉTICA, E SUA PRÁTICA




DA ÉTICA,  E SUA PRÁTICA....


A atribuição dum valor instrumental aos ecossistemas (unidades geradoras de biodiversidade essenciais para o funcionamento global da Terra), conduziu-nos à necessidade de repensar a atitude humana para além do seu natural convívio e relacionamento com os demais seres vivos e elementos da natureza (solo, rochas, água, condições climáticas, ar, processos geológicos e físico-químicos, etc.), a fim de melhor nos habilitarmos para estabelecer, preservar e otimizar a simbiose que com eles somos obrigados a cumprir, enquanto simples membros altamente interessados do pacto universal da vida, que quer ser eterna e que, entre as estratégias que gerou para o conseguir, uma delas, nós, a humanidade, tem tido grande êxito neste planeta.

Portanto, de acordo com esta perspetiva ecocêntrica, que historicamente tem como fundador Aldo Leopoldo (1886-1948), de cujo registo inicial nos ficou A Sandy Country Almanac – Pensar Como Uma Montanha, traduzido e editado em fevereiro de  2008, pelas Edições Sempre-em-Pé –, principalmente o ensaio The Land Etich, a Ética da Terra que, sendo uma conceptualização filosófica tem funcionado como guia normativo para as questões da preservação dos espaços selvagens, de controlo da poluição ou poluições, do consumo da energia e da utilização dos recursos naturais que rompem com o modelo econimicista tradicional, é importante que revejamos a nossa maneira de estar na ecosfera e anseio de desenvolvimento e bem-estar, uma vez que o estamos a cometer contínuos atropelos e subtrações da biodiversidade no ecossistema que integramos, e a que vulgarmente chamamos meio ambiente.    

Disse-nos ele "que só a montanha viveu o tempo suficiente para ouvir com objetividade o uivo do lobo", pois a nossa lucidez e disponibilidade para tal tem estado bloqueada para reconhecer que os sistemas ecológicos são fruto de uma evolução lenta de milhões de anos, onde quanto menos violentas são as suas alterações, maior será, e mais fácil também, o reajustamento a elas da comunidade biótica. É esse bloqueio que se apresenta hoje como causador das principais tragédias e degradação visíveis no nosso habitat. E quem o tem promovido, assegurado e consubstanciado, têm sido as principais instituições que foram criadas EXATAMENTE PARA GARANTIR a simbiose (*) social a que chamamos nação, país, povo, quer o enquadremos num território restrito, como o português, quer o façamos em termos mais alargados, ou europeus e continentais. Ou seja, à democracia não basta ser chamar-se democracia para ser um bom sistema: é também preciso que contemple a gestão democrática das instituições e organismos que a representam, executam e cumprem. Entre elas, sobretudo, as do foro político, da economia, dos órgãos de soberania, da cultura, do ensino e a da ciência.

Será que elas estão dispostas a acatar as suas responsabilidades, neste capítulo, ou seremos nós quem vai fazê-lo – por os eleitos “democraticamente” que as tutelam disso terem abdicado – , através das próximas eleições? É importante que se decidam, pois os homens e mulheres responsáveis, emancipados, democratas, participativos, conscientes e eticamente esclarecidos, não podem continuar sentados no sofá a observar o mundo esmoronar-se e perecer sem avançarem um passo que seja no sentido de evitar ou retardar a anunciada derrocada.  


Joaquim Castanho


(*) SIMBIOSE SOCIAL –  Vida comum, sociedade, comércio; fenómeno pelo qual organismos diferentes se prestam apoio mútuo, a fim de contribuírem para o desenvolvimento dos meios de vida limitados de que dependem, e que, embora com posições e funções diferentes e complementares, se empenha na defesa às ameaças e obstáculos que lhe amputam a sustentabilidade.    

sábado, abril 25, 2015

MURMÚRIO DE SANGUE




MURMÚRIO DE SANGUE…

Soletro-te o nome devagarinho
Como quem o diz em filigrana,
E cada letra é mais um hino
Desse puro amor, que não engana…


É gesto simples, afeto rendido,
Olhar grande (d’eliminar voz insana),
Onde o querer no coração proferido
Apenas diz: «PA-RA-BÉNS… MARIANA!»

Joaquim Castanho

NA LEITURA DAS FOLHAS

MURMÚRIO DE SANGUE…

Soletro-te o nome devagarinho
Como quem o diz em filigrana,
E cada letra é mais um hino
Desse puro amor, que não engana…


É gesto simples, afeto rendido,
Olhar grande (d’eliminar voz insana),
Onde o querer no coração proferido
Apenas diz: «PA-RA-BÉNS… MARIANA!»

Joaquim Castanho





NA  LEITURA  DAS  FOLHAS


A minha voz atravessa-me do princípio ao fim
Todo, antes de sair derradeira pela boca vulcânica
É lava do fundo, incandescente génese genital
Capaz de converter o múrmur do figo maduro
Silente síntese imediata entre o mel e o leite
Nos teus lábios de gritar sem o estridor da fé
Mas determinada na simbiose da sicomancia.

Grotescos, deveras grotescos, apenas o beijos por dar
Os que não soubemos aconchegar na seda dos lábios.

J Maria Castanho


O SICOFANTA

MURMÚRIO DE SANGUE…

Soletro-te o nome devagarinho
Como quem o diz em filigrana,
E cada letra é mais um hino
Desse puro amor, que não engana…


É gesto simples, afeto rendido,
Olhar grande (d’eliminar voz insana),
Onde o querer no coração proferido
Apenas diz: «PA-RA-BÉNS… MARIANA!»

Joaquim Castanho


NA  LEITURA  DAS  FOLHAS


A minha voz atravessa-me do princípio ao fim
Todo, antes de sair derradeira pela boca vulcânica
É lava do fundo, incandescente génese genital
Capaz de converter o múrmur do figo maduro
Silente síntese imediata entre o mel e o leite
Nos teus lábios de gritar sem o estridor da fé
Mas determinada na simbiose da sicomancia.

Grotescos, deveras grotescos, apenas o beijos por dar
Os que não soubemos aconchegar na seda dos lábios.

J Maria Castanho





O   SICOFANTA


Que é isso, da voz dos bojudos e redondos cântaros
Quando cheios de água até ao cimo da boca
Rogando pelo poeta, bardo ou aedo sicofanta
E suas palavras que lhe denunciem os figos
O granulado mel entrevisto no imo liquefeito
Húmus, adubo do prazer na transparência
Cristalina profundidade que assusta o olhar
Se em vertigem atirado ao interior de seu ventre?

É a frescura boreal quem melhor contrabandeia
O fruto doce e aveludado sob as folhas escondido
Verdes rugosas e felpudas, ásperas e combatentes
De tuas vestes e mantos de queda de água, na catarata
Com que te resguardas de mim, estorninho gritante.

Devias sabê-lo desde o início, como lei da Lei.


J Maria Castanho

quarta-feira, abril 22, 2015

POEMA ESQUISITO PARA DIA DOENTE




POEMA ESQUISITO PARA DIA DOENTE

Ao que consta e se sabe,
Anda a debanda ministerial;
Há quem ache que já não cabe
Neste ministrar Portugal.

Eles, lá sabem, coitados
As linhas com que se cosem…
Que após cofres recheados
Porquê o medo…  e assim amuem?


J Maria Castanho 

terça-feira, abril 21, 2015

DOCE ESTILETE




DOCE ESTILETE

Essa fisguinha do teu olhar
Abriu uma brecha na minha alma,
Pois dure eu o que durar
Jamais me voltará a calma.

Disse-me o que nunca consegui ler
Em mais lado e livro nenhum;
Que isso, dos motivos pra viver,
Por mais que sejam – basta um!


J Maria Castanho 

domingo, abril 19, 2015

NOVA UTOPIA




NOVA UTOPIA

Como tudo o que não me digo,
Uma palavra se abre em mil;
E nesse jeito sem jeito persigo
O sol no fundo do céu de abril.


J Maria Castanho

SER SONSO




SER SONSO

Quando fazemos alguma coisa
E através dela prejudicamos,
Ofendemos ou humilhamos alguém,
Não o fizemos por mal…

Fizemo-lo por bem!

J Maria Castanho

sexta-feira, abril 17, 2015

SABER ESCUTAR





SABER ESCUTAR

Na prontidão imediata
Com que o verbo se faz gente,
Qualquer coisa me escapa
Fugaz, ao olhar pertinente…

Traz do céu, azul infinito
E da memória, grão cinzento,
Com um verde de espírito
A ver se estarei bem atento.

Depois, junto tudo num só
Para ouvir o vento passar,
E em murmúrio doce ciciar,
Alvoraçando lêndeas de pó
Que escuto…
                     …   Escuto…
Escuto… escuto… … …
                                        Obrigado avó!


J Maria Castanho

PORTALEGRENSEANDO COM AMIZADE




PORTALEGRENSEANDO COM A AMIZADE

Eis o amigo Arrenega,
Um provecto campeão
(Pai da poetisa Lina),
Cuja idade não nega
Essa mui nobre sina
De ter chegado acima
Do que só alguns chegarão.

Joaquim Castanho

quinta-feira, abril 16, 2015

MARIA-DA-SERRA




MARIA DA SERRA

Tenho vésperas na garganta
Em surtido travo e pigarro,
Que a tarde quando canta
Se não encanta, mete sarro.


J Maria Castanho 

COMO VAMOS DE CIDADANIA?




COMO VAMOS DE CIDADANIA?

“Todos nos refugiamos em formalismos. É preciso derrubar essa parede onde se esconde a ignorância, a preguiça, a promiscuidade de interesses e a cultura do favor para permitir deixar entrar a luz do sol. A luz do sol cura”, como afirmou Ricardo Sá Fernandes, em entrevista ao jornal i, de 11 deste mês. E ele tem absoluta razão nisso, além de em muita outra coisa, o que, quer queiramos, quer não, dificilmente evitaremos ter de reconhecer. O país enferma de mediocridade e salamaleque, e todos, como todas, fogem da verdade como o diabo da cruz. Embora dessa fuga não resulte a positiva mudança de atitude, pelo que me inclino mais para reconhecer que o que realmente temem não é a verdade em si, mas que ela seja divulgada, conhecida e mostrada. Ou, como diz, o povo, que às vezes não prima lá muito pelos valores da honestidade e galhardia, vergonha mesmo não é roubar, mas ser apanhado a fazê-lo.

As organizações democráticas, sobretudo as que compõem o poder local, desconhecem, na maioria, o que é a democracia, exercem o poder como se este não fosse sujeito a regras nem a ditames constitucionais. Já ouviram falar dos Direitos do Cidadão, dos Direitos do Homem, e até da Constituição da República, mas são muito poucas as pessoas dentro delas que agem em conformidade com estes, desconfiando eu, com larga margem de certeza, que não o fazem por mal, mas porque não sabem ler, e esses documentos normalmente não aparecem em edições áudio. Fazem porque nunca os leram, ou leram tão na diagonal que lhe distorceram o sentido. E agora refugiam-se exatamente nessa ignorância para os não cumprir. Liberdade, igualdade, respeito, dignidade, integridade física e moral, são conceitos estranhos que nada lhe invocam, nem convocam, pelo que os não reconhecem em relação seja a quem for desde que não pertença aos membros do pessoal dessa organização, ou confrades. Ou paroquianos.

Creio mesmo que sentem um excelso prazer em violá-los, porquanto a sua consequente impunidade, lhes outorga majestade e lhes dá a exata medida do seu poder sobre os mais fracos e desprivilegiados, os mendicantes sem ordenado de (santo) ofício, proporcionando-lhes degustar os mais variados frutos da árvore da corrupção, sem que ela estremeça ao colhê-los, incentivando-os a segredarem-se de como podem estar sempre acima da lei e da civilização, ainda que o Estado que os patrocina se diga de direito e civilizado, como diz que é o nosso.

Ora vem a prédica no sentido, quiçá revolucionário!, de haver hoje em dia quem considere que o principal desafio da atualidade reside essencialmente no esforço que temos que fazer para implantar a cultura da transparência e da cidadania, erradicando a sua contrária (do favor e da hipocrisia) neste Portugal, tão pequenino mas tão múltiplo, nas suas regiões e cidades, onde se continua a cultivar o obscurantismo subserviente e corporativista como se fosse um produto de região demarcada com alto valor-acrescentado. E eu estou com esses homens e essas mulheres que não assobiam para o lado quando veem algo certo ou errado. Alguma vez o iremos conseguir? Queremos mesmo consegui-lo? Os proprietários da coisa pública, seus encarregados e capatazes, tudo farão para o impedir. E com o nosso voto. Com o dinheiro dos nossos impostos. Com a nossa ajuda. Com a nossa indiferença. E com a nossa falta de cidadania.

Joaquim Castanho
 
  

quarta-feira, abril 15, 2015

MENINA ESPERTA





MENINA ESPERTA

Cada folha é um ficheiro,
Um livro de memória,
Iluminura verde na História
Que dia-a-dia experimentou…

Da sua classe, foi a primeira,
A nunca ninguém a ensinou!

J Maria Castanho
  

RAMOS ADOLESCENTES





RAMOS ADOLESCENTES

Orladas de silêncio, as frágeis hastes
Infligem matéria na vastidão
Do indefinido, quais guindastes
Pintados de fresco no ozono da ilusão…

Dizem por acenos, agem de vendeta
E vergam-se apenas ao rigor da seiva,
Que, em botão ainda, nem sequer suspeita.

Porém, já fitam altivas essas leivas
De nuvens que lhe ensombram a aspiração.

J Maria Castanho

CALVÁRIOS (IN) TRMPORAIS





CALVÁRIOS (IN) TEMPORAIS


Tece-se cada qual como pode
Na sua própria desgraça,
Depois ninguém mais lhe acode
A não ser o vento que passa.

Bem assim, igual à nova folhinha
Dos pobres plátanos do caminho,
Que no seu calvário se aninha
Aos ultravioletas do destino.

J Maria Castanho