A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sábado, maio 25, 2013

SABER ESCUTAR NÃO É DOENÇA



Com o enredo entre os dentes
Oscilo a cabeça num «não, não, obrigado!»,
Que para sermos todos diferentes
Ninguém precisa ser desarranjado.

Se estou muito bem como sou
Sem qualquer capricho ou mania,
Então, por que me hão de pôr nesse voo
Ao ninho dos cucos da patologia?

Loucura é ignorar, sermos indiferentes
A quantos mesmo ao nosso lado,
Com gestos inseguros e palavras reticentes,
Só pedem a atenção dum ouvido bem lavado…

A POESIA NÃO SE DIZ: DÁ-SE



Que o segredo do tempo está
No tempo guardado sem porta
Onde te espero, e de pronto já
Pra não me esconder do que exorta.



Na lapela, a pronúncia da fala
Trago como joia, pregão, crachá,
Pois muito pode quem não cala
O poema, que em vez de dizer, dá.

quinta-feira, maio 23, 2013


NASALANDO ME ALENTEJANO



Estirado na rede me alongo
E desenleio por leve balanço,
Como qualquer til em nu ditongo
Que por vão repasso ao descanso.



Atrevo-me a soletrar-lhe o gesto,
A pôr-lhe vincos de sílaba sã;
Porém, cada acento é só o resto
Do escoado caféii da manhã.



Tenho esse não-sei-quê de preguiça
Na fala desde que a letra me ocorre…  
Mas como detesto entrar na liça
Calo-me, e a pronúncia morre. 


quarta-feira, maio 01, 2013


QUEM PREDICA SE CONJUGA



Quanto pode um verbo que é predicado
Dum sujeito que se não sujeita aos jugos?
Mais que todos os complementos ao lado
Com seus lamentos, amuos e resmungos…



Todavia, se predica pode ser condenado:
Que os inocentes não lhe perdoarão jamais
Ficar de fora do pecado, sendo seus iguais!