A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

segunda-feira, outubro 27, 2014

Imensidão

IMENSIDÃO




Sonho-te PERTO
E espero-te
Como um botão…
                            Ereto!


J Maria Castanho

Acordar Iluminado

ACORDAR ILUMINADO



Mas que nenhuma alvorada
Que não traga esperança
Tenha sua rota traçada
Nas linhas da mão humana
Que sonhando giza e alcança… 


E se mesmo entre iguais
Tal acontecer alguma vez
É por anseios marginais
Aos creres de quem a fez.

Nisso reza razão segura
Assim toda de experiência
Feita, que alvorada madura
Traz o sol quando se deita.

J Maria Castanho

TAPEÇARIA PORTALEGRENSE



Agulhas tecelãs
Sobre outonos rebeldes,
Entretecem as sombras vãs
Florindo recantos e sebes.


J Maria Castanho 

sexta-feira, outubro 24, 2014

A VOZ DO SEGREDO 



Ouço o silêncio encantado
Buscando a sombra, e por um triz, 
A alma pousa-me ao lado
A flutuar com o que me diz... 

J Maria Castanho
http://www.facebook.com/evolui.verde
ESCRITO RABISCO REESCRITO



Diz. Diz. Diz
Sempre. Calar
É morrer. 
Mas no giz
Do Pó(len), sugar
É não esquecer.

Diz. Que é no gizar
Que nasce o fazer. 

J Maria Castanho
EMERSÃO 



Mar de surpresas
Pleno e doce, 
O algodão, 
É que me trouxe
Das profundezas
(Da solidão).

J Maria Castanho

ENVOLVIMENTO E BUSCA




Neste "ver de" me digo
E escondo, 
Mas se me pergunto

Persigo
(Postando)

Quanto do ser
A viver, 
                 respondo                (comigo).


J Maria Castanho




(RE)CONCILIAÇÃO



Sei-te em mim
Livre e solta
De quem volta
Até ao fim.

J Maria Castanho



Eu e tu, 
Tu e eu, 
Do céu nu
Ao nu do céu... 

Pois! 

J Maria Castanho

terça-feira, outubro 21, 2014


EMERSÃO 




Mar de surpresas
Pleno e doce, 
O algodão, 
É que me trouxe
Das profundezas
(Da solidão).

J Maria Castanho

segunda-feira, outubro 20, 2014

TANGENTE ESSENCIAL




É promessa paga esse gesto de negar
A vontade de nos darmos importância
Quando nos queremos ver sem sequer olhar
Medindo os milímetros por distância

Sempre imensos e infindos e dolorosos
Consumindo como fogo as expetativas,
Os sonhos concebidos mais custosos
E em circunstâncias oblíquas às vidas...

J Maria Castanho

sábado, outubro 18, 2014



Ouve-te respirar
Como um passo de dança,
E sem sequer esperar... 

                                Alcança.

Depois, 
Por menos que um abraço
Esquecei quem sois

E dilui-te no espaço.

J Maria Castanho


Me perco e me rendo
Nessa corrida sem fim, 
Que é o ser a fazer-se sendo
Na espiral azul de mim... 

J Maria Castanho

MARKETING TROGALHEIRO



Joio que se faz trigo
Por "virtude" gabada, 
É confundir o postigo
Com a porta de entrada. 

Há muito quem o faça
Por díspares intenções, 
Mas é sempre trapaça
Para ganhar uns tostões. 

O marketing trogalheiro
De ilusão e propaganda, 
É apenas o mealheiro
Dos votos de quem manda. 

J Maria Castanho

terça-feira, outubro 14, 2014

METAGRAMA ÀS PÁS NAS TANTAS(*)



O(u)vir-se a gente quando pode
É uma questão de competência…

Tinha-se o amanhã no hoje
Nem vai pra dez minutos, se tanto!,
Contudo já o poeta e a leitora se fixavam
Olhos nos olhos, a dizerem-se coisas,
Umas cruéis, mirabolantes, que nem a um santo
Lembrariam, outras como labaredas
Vivas, arrebatadas, apaixonadas, meio piegas
(Afirmavam os que estavam de fora
A sentirem os minutos que lhe fugiam
E escapavam entre as fisgas da moral e ciência,
Resvalando pela borda esvaída da hora).

Então, sentenciou ele: «Oh, pois, quem sabe!»
Mas logo ela redarguiu «Sei-o eu,
Porquanto nestas folhas só cabe
O teu amor, se também for o meu!»


J Maria Castanho

(*) Metagrama – mudança de uma letra numa palavra; Às pás nas tantas – expressão popular e corruptela de Às páginas tantas
TONG-TONG



Pequeno chilreio
Lá fora pingue-pingue,
Com o copo meio-cheio
O ânimo aflorado
Adorna e se extingue.

E as sombras do passeio
Numa dança, espetrais,
Ousam audaz paleio
Com as que passam ao lado
Pelas sebes e murais.

Chilra que chilra até
A chuva a fustigar ágil,
Nessa dança de dúctil fé
Pela fiel folha frágil.  


J Maria Castanho
PRONÚNCIA LOCAL





Escolhida, a tarde gravita
Em torno da hora esperada,
Tal-qual a luz, agora, grita
Nossa doce língua aflita
Pela palavra enamorada.


J Maria Castanho
ASTERISCO NA FOLHA, CADUCA





Tão extraordinariamente inciso
O ser que nos reitera ante a voz,
Voga à bolina no azul preciso
De sentido verbo em cascas de nós.

Tem um eco de onda que desperta
No gesto de quem perscruta o mar liso,
E somente o olhar ainda de alerta
Lhe acerta o verde cortado e conciso… 


J Maria Castanho
REFERÊNCIA EXPLÍCITA



Alcantilado no sonho
Meu ser todo se inclina,
Ante o infinito tamanho
Afeto ca(*) poesia ensina

J Maria Castanho


(*) Ca – por que, porque, do que e que
TRABALHO



Preciso que me digas
Hoje, agora
Se aquilo que nos enriquece
É o mesmo que nos explora…
                                                         Parece!


J Maria Castanho
SINE QUA NON




Descobre na ocasião
O intemporal imediato,
O princípio da fusão
Da visão com o tato;
Que tateando se vai
Içando da escuridão
A forma que por si sai
Dos destroços… da ilusão.

Depois, não a limites:
Dá-lhe plena liberdade.
Que aquilo em que acredites
Só assim se faz verdade!


J Maria Castanho
CISMA E PONTO FINAL




Nada nesta vida está seguro
Nem definitivo nada nela há,
Pois que perante qualquer “muro”
Ou (pre)conceito, maré ou desdita,
Questão ou afã, logo nosso peito
Exige, e sentida direção lhe dará…

E se o imo da consciência nos fita,
Ou dita esclarecimento a preceito
– Sexo ou Amor? – digo, sem jeito
Nem moral de quem nega e faz fita,
Que se o corpo pede, a alma acredita.


J Maria Castanho
DIAS!




A natureza e os elementos, enfim
Têm sempre forma de surpreender…
E não é que após todo dia chover,
Sem nada o anunciar, supor ou prever
Ei-los a determinar um ocaso assim?!


J Maria Castanho
ANSEIO E INSIGHT 

 

Dança ainda sufi a palavra viva
Aberta ao afeto da cor cordata,
Abraçando a sílaba que a cativa
Dando-lhe acento se a voz a capta.

Sem nunca descansar suficiente
Nem nunca se cansar sequer demais,
Que toda a luz anseia por ser gente
Melhor a cada dia nos céus plurais.


J Maria Castanho
LUMINOSO (A)GUARDAR



Inscrevo-te luz, gesto, sinal
Apagando o resto singular
Da cruz que ignora o plural
Morno e lesto e ledo esperar,
Aguardando sem condição,
Guardando como quem espera
Que teu olhar meigo seja o pão
Que mata a fome que me dera.


J Maria Castanho
CONTÁGIO INEVITÁVEL




Tal como, tangente ao momento,
A fala convoca o instante,
Assim o ser se faz pensamento
E o coração seu único amante.


J Maria Castanho

segunda-feira, outubro 06, 2014

OLÁ!



Era uma vez a vez que era,
E que soprou sorrindo
A ténue nuvem da espera
Mal viu que vinhas vindo…

J Maria Castanho
HISTÓRIA DO CHÃO, A MEMÓRIA




Se me outono
Me estremeço…
Ligo o sono
E amareleço.

Se não tem dono
O ano qualquer,
Me abandono
Pelo que vier…

Nisso me meço
Coisa nenhuma,
E co qu’esqueço
Viro caruma(*).

Húmus futuro
Seiva presente,
Grafito o muro
Sou toda gente.

J Maria Castanho


(*)Caruma – casca que envolve a castanha quando ainda está verde.

domingo, outubro 05, 2014

DIZ



Eu quero
Ir assim
Espero
Até o cimo
Azul vero
De mim.



J Maria Castanho 
𝔼𝕏𝐏𝕣𝕖𝕤𝕤𝕒𝕠 impressionista



O rosto, o sinal
Que a face nos dá,
Tem tanto de igual
Como de hum… Ná!


J Maria Castanho
BRANCA DE APAGAMENTO



Quem nos diz
Que não foi por um triz
Que a folha escapava…

Mais um pouco de giz
Branco de leite e cal,
E já cá não estava
Como seria normal.
Porém… sendo outono
Ninguém perderia tal
Sono.


J Maria Castanho 

sábado, outubro 04, 2014

O ODOR DA COR



O amarelo
Do marmelo
É diferente
Do verde-alface;
É que o segundo
Come-se,
Mas o primeiro…
– Dá-se!


J Maria Castanho
NA RESINA DA SOMBRA



Escondo-me  na voz
Qual eco arrependido,
E por esse gesto (atroz)
Pago o silêncio tido.


J Maria Castanho
ASPIRAÇÃO



Ergue-me o gesto inimputável,
Nosso grito de desejo e querer,
Que o sonho é esse céu arável
Onde nos semeamos sempre a crescer.


J Maria Castanho
O CARETO DA ALDEIA



Aprumado e distinto
O senhor da aldeia,
Põe o sorriso na cara
Quando a coisa ‘tá feia.

E os comuns mortais
(Que ele sempre ignorara)
Perdoam-lhe a ideia
D’ele os julgar iguais
Se precisar dos demais.

E dizem: «É coisa rara,
Nossos parentes que tais,
Que andam sempre de má cara
Mesmo a arrumar no tinto…
Aprumado e distinto
Faz-nos sempre cara feia…
Se não tem fisgada ideia!»


J Maria Castanho