A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quarta-feira, junho 23, 2021

Silhueta Distante

 

SILHUETA DISTANTE


Dito-me estendendo a fala

Sobre o chão que pisaste,

Qu’o coração nunca cala

S’os olhos veem que passaste…


Mas o verde verte agora

Sombra na luz azul do dia,

Qual bandeira qu’aflora

O mal se vê, dos sem poesia!


Joaquim Maria Castanho

segunda-feira, junho 21, 2021

IDEIA LÍQUIDA

 

IDEIA LÍQUIDA


Leva-me a levada Serra abaixo

Com gestos íngremes e rápidas curvas;

Contudo, se das nuvens me desencaixo

Em trovões, raios (aparo) e novas chuvas

Ou misteriosa sinfonia, rumor (baixo)

Surdina mansa d’água ao rés da terra,

E tilintando espuma, eis que acho

O mais onírico qu’o sonho encerra:


O de ser breu diluído, nascido dos céus

Feito ideia, mas transformada um dia

Em vala de pedra, cimento e poesia

Descendo dos fundos cimos da ribeira

Pra juntar alecrim à urze e uveira,

Send’assim maneira, de dar luz aos ilhéus!


Joaquim Maria Castanho

Com foto de Maria Inês / Mia Teixeira 

#poesia 

#poemas 

#redesenharavoz

#literaturaportuguesa  

quarta-feira, junho 16, 2021

A BOLSA DAS MARMITAS


 

A BOLSA DAS MARMITAS é uma novela policial, mas jocosa. De costumes, mas divertida. De crítica social, mas sem magoar ninguém. Que promove uma região, mas nunca a nomeia. Que está pejada de realidade por todas as sílabas, mas como espelho dela.

Carrega consigo o peso da atualidade duma terra (Casal Parado) dividida em quatro: a parte de cima e a parte de baixo; o lado direito e o lado esquerdo. Mas igualmente um romance de afeto e paixão entre duas personagens essenciais: Ludgero Campaniço e Eslovákia Hirondina. O primeiro, oriundo da grande família dos Ninguém-Tem-Nada-Com-Isso; e a segunda, natural de New Ville, que é uma terriola que fica para lá do Canadá.

Todavia, não posso adiantar mais nada… Em breve estará entre nós, e cada leitor ou leitora o poderá constatar por si mesmo, por si mesma.

                                     O autor

                      Joaquim Maria Castanho


sábado, junho 12, 2021

HOJE


 

HOJE


Procura-me no tempo… Exatamente

Onde o ontem e amanhã fazem esquina;

Tão perto, ao rés do que é permanente

Mas que a eternidade ainda declina.


Não precisas de trazer nada (em mente)

E outras coisas qu’a etiqueta ensina;

Sequer boas intenções… Apenas sente,

Qu’é nas ilusões que o afeto germina.


São elas o caldo viscoso (com gorgulhos)

Visceral, pantanoso, e lamacento,

Apropriado pròs melhores mergulhos

À profundez oceânica do momento.


Ou do exemplo, instante tumescente

Que penetra a lama donde nos contemplo! 

 

Joaquim Maria Castanho 

 

#poesia 

#literatura 

#poema 

#redesenharavoz 

segunda-feira, junho 07, 2021

SACADA HISTÓRICA


 

SACADA HISTÓRICA


Esta sacada mora em mim

Como um obstáculo inamovível.

Cerca-me de ferro forjado

Algema-me em formas simétricas

Obriga a ler contornos invisíveis

Entre o miolo branco da luz

Durando mais que qualquer vida.


Já no século XVIII era assim.

E também, quase todos que a viram

Pereceram, ou estão próximo disso

Mais século menos século…

Todavia, ela permanecerá

Por outros tantos – pelo menos!


Joaquim Maria Castanho

#poesia

#redesenharavoz

#literatura

#poema

#certa

#castanho

domingo, junho 06, 2021

Dia santo, Santo dia

 

DIA SANTO, SANTO DIA


Pelo mau trato

Que a vida me tem dado,

Tu és a minha vingança

Tu és o meu El Dourado.


Neste preparo

Em que a gente balança,

Só tu és quem eu acato

Tu és toda a esperança.


Começo a semana sem ti

Vai a semana no meio,

Ainda nem sequer te vi

Já tenho o copo cheio.


Tento não perder o tino

Qu’a coisa anda aziaga,

Para fintar o destino

Para curar esta chaga.


Neste preparo

Em que a gente balança,

Só tu és quem eu acato

Tu és toda a esperança.


Pelo mau trato

Que a vida me tem dado,

Tu és a minha vingança

Tu és o meu El Dourado.


Entraparam-m’a cabeça

Nada de narizes ao léu,

Pra que não nos aconteça

Ser outras estrelas no céu.


Ind’ò domingo não chegou

Já me sinto a futurar,

Que o sonho também sonhou

Chegar a ti, contigo estar.


Neste preparo

Em que a gente balança,

Só tu és quem eu acato

Tu és toda a esperança.


Pelo mau trato

Que a vida me tem dado,

Tu és a minha vingança

Tu és o meu El Dourado.


Joaquim Marias Castanho

6 de junho de 2021

10:00 / 12:00 horas

quinta-feira, junho 03, 2021

A ARTE DAS ARTES

 


A poesia é a arte das artes.

PORQUÊ?


Porque com todas elas, ela convive, sem nenhuma ofuscar, mas antes completando, e acrescentando valor, como sucede com a música, com a pintura, com o teatro, com o romance, com o cinema, com a fotografia, com a escultura, com a arquitetura, com a paisagística, com a pedagogia, com a didática, com o desporto, com a gastronomia, com a decoração urbana, com a decoração doméstica, com a filosofia, com as ciências, com as ideologias, com a política, com a história, com o moderno, com o antigo, com o exotismo, com o esoterismo, com a cibernética e com a semiótica. Com o design e com TV.

Quando Bob Dylan, num passado ainda recente, foi laureado com o Prémio Nobel da Literatura, enquanto poeta, estendeu esse prémio a outra arte: à música.

Quando foi atribuído, a Gabriela Mistral, nos meados do século passado, o Prémio Nobel da Literatura, ela estendeu-o ao magistério primário, à pedagogia e à didática.

Quando no quotidiano, no dia a dia, em qualquer esquina, em qualquer café, em qualquer praia, em qualquer rochedo, em qualquer floresta, em qualquer fábrica, em qualquer repartição, em qualquer meridiano, nos acontece a poesia, ELA decora-os, embeleza-os, e dá-lhes sentidos e significados que, até aí, nunca tiveram ou lhes foram reconhecidos.

A POESIA É DESVIO. Sem ELA, tudo é rotina. Tudo é tédio. Tudo é compulsão. Tudo é monotonia. E tudo é lassidão.

Na economia, no jornalismo, na rádio, na televisão, marca presença, ilustra, dignifica, ou serve de argumento às matérias da comunicação social. Os jornais de referência repetem-na em títulos e a publicidade em slogans.

A poesia motiva, mostra, festeja, celebra, enaltece, conta, regista, fixa, o que a humanidade tem de heroico (ÉPICA), de existencial (DRAMÁTICA), de sentimental, emocional, afetivo e psicológico (LÍRICA), em cada uma das suas eras, de suas aspirações, de suas crises e de seus sucessos. Torna presente o que foi passado; “realiza” o que será futuro.

É imprescindível nas comemorações, atos solenes e passos em frente, de quase todas as culturas da atualidade. Os hinos de todos os países, compõem-se de poemas mais ou menos musicados, dando relevo ao que há de mais profundo em suas almas, seus inconscientes e conscientes coletivos.

Seja o que for que a humanidade fez ou possa vir a fazer, foi antevisto pela poesia, e diversos poetas ou diversas poetisas passaram por lá anteriormente, e interiormente.

A poesia integral, a prosa versificada e a prosa poética, divergem formalmente, mas estão unidas, e imbuídas, do mesmo sentido gregário, artístico, poético, ético, estético, literário, linguístico, pedagógico, filosófico e socializador, reunindo os seus cultores, fazedores e apologistas, numa mesma, grande e universal família – a nossa, a da POESIA. Umas vezes, cada qual trabalhando em separado e avulso; outras, em equipa, criando, divulgando, promovendo, usufruindo, trazendo a arte das artes para a praça pública, para o dia a dia. Para a publicação, para o entretenimento, para o espelhar da alma e das almas, para o livro… Como neste caso.


O livro qu’aqui ‘tá – obra com muita gente,

É um verso plural, poema coletivo.

Reúne de cada qual o ser diferente;

Dá a todos e todas, um sentir positivo.


Joaquim Maria Castanho


TODO O POEMA É CONTROVERSO

 


TODO O POEMA É CONTROVERSO



Cada momento é único.

E mesmo qu’o tempo seja

Extensível, por peleja,

Adulterado ou púnico,

Cada momento é único.


Nada há que o contorne.

Nem pérfida mente, visão

Distorcida pla navegação,

Ou alguém que o transforme…

Ninguém há que o contorne!


Único ainda qu’adverso…

S’o momento é legítimo

E nasce da graça dum crer,

Traz colado a si um verso

Seja público ou íntimo,

Pra que toda a gente ao ler

O dê ímpar… – controverso!


Joaquim Maria Castanho

#poesia 

#literatura

#redesenharavoz