NAS COXILHAS, A ADIVINHAÇÃO DA PRIMAVERA
“– Você acredita em pressentimentos?
– Sempre.”
In ÉRICO VERISSIMO, Sonata
Quando as árvores contam segredos risíveis
Nascem brotos dos ramos do tempo ser,
E as borboletas petiscam pólenes invisíveis
Entre os emaranhados da paisagem a tecer
Fevereiros aguardando o detonar marços
possíveis…
São eles quem escreve o verde para o siar dos
anos
E pintalga de pombos e rolas turcas o céu de
jardim,
Ou soletra as baladas que a dedilhar nos damos
Mãos nas mãos, olhos nos olhos, ante o alecrim
Que crepita afogueado na lareira dos
desenganos.
E nessa labareda em que Arina tão vivaz
remanesce
O espreguiçar do vento, o estremunhar da fonte,
O murmurar da relva a sua seiva, impávida
prece,
Eis que caminhas meneando íntimo horizonte!