A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

terça-feira, março 25, 2008

Sede Arde na Redoma das Ausências

Creio que ainda há em ti todas as palavras não proferidas,
Metáforas selvagens esquecidas no ocaso das brumas
Inexactidões libertinas aos rigores dos verbos, estrofes
Contumazes imagens de salivar as noites consentidas.
Poemas a serpentear perdidos nas odes da seara de teu cabelo.
Lábios plenos de silêncio na aurora da luz prestes a romper.
Gestos soltos e decididos de quem conhece o que é querer.
Colinas de seios prontas a eclodir maduras na planície do peito.
O sorriso de espiga silvestre a balouçar violetas primaveris.
Dedos imperiosos de medir infinitos na sofreguidão da tarde
Digital convénio de abarcar o mundo num só clique da voz.
E as colunas das pernas sustentado o átrio do templo da vida
Arcadas em que ajoelhado me deponho num beijo de sonho
E semente me ergo na rebentação de todos os desejos por dizer.

Se sais, fica sempre outra onda a bater a espuma da leitura una
Dos dias em que os olhos te disseram frente de enfrentar aferente
Relógio de medir a felicidade de ver-te acto como o seu agente,
Clepsidra de contar os gestos no grão minuto da areia na duna.

São longos os fins-de-semana que te pronunciam longínqua
E me atiram para trás da memória a procurar-te na fé cruel
De pedir a Deus que abrevie esta elipse de marcar a quente
Que faz de cada hora uma obreira, ou qual abelha diligente
A encher os cálices minutos de meu ser como um favo de fel…

A gritar protestos mudos e parados no desespero desta colmeia:
Meus domingos de Inferno, que apenas tua ausência incendeia.
Porque o amor, meu amor, dito cru e nu, na redoma de estar sós
Ou na multidão dos dias, é exclusivamente o sermos, apenas, nós!

quinta-feira, março 20, 2008

Ser Amado Regressa Ágil

Os olhos longínquos unidos no mesmo horizonte
Planeta tão distante que seu gritar é sempre aqui
As mãos dadas na esquina do tempo, a balancear
Qual vaivém de navegar a sofreguidão dos olhos

O gesto... Esse resiste único, pronto de prontidão
Argonauta do espaço-quando entre o passado e a ficção.

Há um tanto de vento e chuva, mas que importa
Se nenhuma é a luva na pele da palma que se toca.

Os olhos unidos despem o horizonte e gritam
Todos os planetas que te nasceram da voz,
Vaivéns ao balanço das mãos que se tocam
E dizem escrevendo o futuro com laços de nós.

Pontos da rede elástica do verbo prò salto feito voo
Regresso do rosto na tarde plástica, cotão de sonho
Nuvem esculpida, lavrada no olhar que agora tenho
Verbo com que desenho aquela que ao vê-la, é lenho
Madeiro, a que preso e crucificado, com alegria, estou.

E me dou, partido, entregue, transparente embrulho frágil
Quando me rasgas na serena ânsia de retornar-te ágil
Prestes e lesto que distante de ti sou pó e pouco presto

Nada do nada, dor de silêncio apagado e morto de meu resto!

terça-feira, março 11, 2008

Dia da Mulher Com Mulher Dentro

Ser família, crescer nas linhas da folha lida
Soletrar a alma nas bermas da página
Como quem lavra os prados da lágrima
Para nele plantar tapetes de vida,
Canteiros de tulipas, violetas, lilases
Voos de albatroz nas Flandres-coragens
De gerar a Europa à luz da mulher,
Que é destino, mas também retorno e partida
Do mundo, numa esperança que nos requer,
Em ser dia, arco de ternura no céu de giz...

Porque se até depois do arco-íris
À luz da cor, no brilho do Sete-Estrelo
Há o verbo, espelho das lides feminis
No virar das folhas, pétalas, jardins
Metáforas de ler novo dia no dia velho,
Então, soará ele mais ou menos assim:
Parabéns Mulheres! Parabéns Margarida
Arco de disparar a vida
, torná-la alegre festim
Entre os jograis da alfazema e coroas de alecrim!



Bibliotheek Tweebronner
Leuven, 8 de Março de 2008
B é l g i c a