A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quarta-feira, julho 08, 2009

Seara Acesa nos Regatos da Alegria


Há segredos que ficarão sempre guardados entre nós dois
A sete chaves entre os murmúrios dos marmóreos muros
Não há só amanhã, nem ontem e muito menos até depois
Despedidas portas abertas escondem-se na transparência
Como eu e tu que a sentir pensamos, criando consciência.

Recordo. "Surpreendo-me" disseste, ao pestanejar do gesto
Suspenso só agora veio à fala a resposta do resto impresso
Teu falar próprio como palavra da palavra exacta ao texto
Significativo – se dirá: "acariciar-te exige demasiado tempo
Esforço, atenção, predicado fiel ao verbo, pretexto afectivo;
És rebelde em teus contornos", adiantaste porém, a conclusão
Como um til de breve meneio, odalisca a dançar no palato
Contorcido baile do corpo que se desfaz entre tules e tafetás
Eclodindo cliques na língua de gás oxigenante à fala, o tacto
Sob o tecto de nós, grito que se ouve aflito por estarmos sós.

Somos únicos no amor nada receamos nem a dor, desengano
Porque todos sabem que te amo, mas ninguém como e onde
Esconde o verbo, rola-o na ponta da língua, a láctea pérola
Enrola-a entre sílabas difíceis, segreda o nome se te chamo
Di-lo sentido, alvéloa saltitante caçando os insectos desta voz
É como seara que se acende a reinventar a aurora ao novo dia
E em regatos de oiro rega a ocidente foz num oceano de alegria!

quarta-feira, julho 01, 2009

Depois de Camões e Pessoa só tu sabes a cor esmeril
Só tu sabes sentir a dor da ausência e dizer que não é nada
A transformação tida enquanto o fruto da rubra flor separada
É coisa doce que dói e corrói o dançar da seara ensolarada
No choro que é rir, fazer sala, consentir, mostrar servil simpatia
Ainda que à imensidade do mar o pranto tinja a rosácea do dia
Lhe encrespe de solidão se ao cavado oceano é roubado anil.

Basta de dizer a voz ingrata quanto ao cruel intento da cruz
Da ida (e quem sabe?) e volta remando rumo no vazio a voz
Os pés na luz a boca soprando as velas do algoz quotidiano
Navegável numa fragata de cascas de nós, máscaras sem jus
Balouçando loucas espigas entre as escarpas da luta agreste
Às ordens dos mares em revolta na planície desmaiada ateste
Aberta ao silêncio da pedra do granito azedo, eis-me aceso
Fogo preso à intenção, amada, de sonhar-te a razão perde peso!