A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quinta-feira, março 26, 2009

Pio de Voo


Através da noite e neblina
Os gansos selvagens ao sul emigram
E com voz dolente guincham.


Sinto desejo de escrever uma
Triste história:
Que consigo eles levam
Sobre duas asas brancas,
Algo querido da minha alma
Não sei onde
E nem sei o quê.


(Aves de Arribação, de Desanka Maksimovic, em tradução de Asanovic Sonja)

No versátil rigor da esfaimada cratera a doce ferida aberta
Sôfrega nos voláteis suspiros em espirais de vénias soltas
Quanto nuvens áridas e poeirentas cinzas descem apagadas
Soprando as teias das crostas das mãos anteriormente ágeis
Sob os Invernos os gansos solitários em cunha no voo solar
Rasgam a sombra à procura das famílias abatidas pelos ecos
Pólvora sonora retumbante rasura de abafar os gestos à sede
Profícuos os sonhos candentes insistem-se vulcões de sangue
Como lava imperativa de renovadas esperanças acodem em nós
Eis que destingo os teus passos das batidas nas bigornas acesas
Iluminando o nevoeiro que à desfilada desemboca nas esquinas
E de freio nos dentes se recusa a obedecer ao silêncio fúnebre
Ouço os teus saltos altos sobre o soalho soalheiro dos tempos
Absoluta reportagem cifrada no FM sôfrego intenso da audácia
Porém enxaguado na seiva da serra o tafetá dos deuses dança
Sob a leda brisa suave dos soslaios incandescentes os lábios
Estremecem perante a dívida contraída por mim em teus seios
Cisterna láctea de onde bebo viciado o néctar de tuas pálpebras
Gota a gota me rendo até trôpego e ébrio naufragar aprisionado
Sucumbo na tenaz de tuas coxas o dorso revulsionado convulso
Amplexo centrípeto da vertigem que me suga prò fogo nuclear
E ardo e expludo e broto-me só em lava do teu entretecido dizer!

segunda-feira, março 09, 2009

@dorno(s) de Vénus

Creio haver enlevados mistérios de figos e mel em teu sorriso
Resina láctea de espuma sobre que navega a concha ancestral
Íman de vulcanizar o leito de fogo e acender o cadinho do céu
Súbdito teu sou e o azul ao crepuscular manto de tuas ordens
Tulha de Hefesto onde cintilam ainda faúlhas no pó das cinzas
Istmos de solidão que recusam apagar-se aos faróis navegantes
Naves silvestres balançados vaivéns das ondas nas clepsidras
Areias intemporais aspergidas de seiva oceânica se afirmam...

Chegaste sobre praia e tens a voz de Júpiter em tua meiga mão
Vinda do infinito das águas ao desconhecido mundo liquefazes;
Não obstante, entre as pérolas dos lustres das noites sem noite
"Che is my leader" canta outro Sinatra nas clareiras das florestas
Cimento entre cimento quase tudo e algumas janelas iluminadas
Filhas da revolução erguendo seu direito punho aperrado ao Sol!