A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sábado, outubro 14, 2023

da adivinhação do amanhã


 

DA ADIVINHAÇÃO DO AMANHÃ

 

Estava eu a olhar pra ontem

Bem há pouquinho, ali

A pensar no que vai ser

A vida a partir daqui,

Quando de repente te vi

E soube que ia amar-te

Até morrer.

 

O futuro, convém dizer,

É a coisa mais simples que existe,

Para quem não resiste

À vontade de viver.

 

Joaquim Maria Castanho

sexta-feira, outubro 13, 2023

AMOR DE TIA

 


AMOR DE TIA

 

Há muito, há muito tempo

Coisa de século, talvez

Que o Monte cortou o vento

Pla magia que o destino fez

E faz brotar searas do chão

Inóspito, realidade tida

Para a república do ter pão

– Abrigo ante os ventos da vida. 

 

E no destino congeminado

Em preces a Santa Filomena, 

Eis que brota do Amor criado

Na devoção e vida amena

Produto de desejo e de fé,

A prole onde vingou serena

A minha tia MARIA JOSÉ.

 

A que no sábado passado

Semeia anos de século inteiro,

Ditando ao mundo o seu segredo

De longevidade e distinção:

Que é à família ver primeiro

Por maior que seja a multidão;

O rigor dos tempos, do degredo

Das exigências, ou precisão;

Da distância e descuidado

Ou detalhes de ganha-pão.

 

Que os amores se verdadeiros

– Tal não o desconhece ninguém… –

Não são só títulos de jornal,

Mas sim tantos anos inteiros

A ver os seus só com olhos de bem

– Nunca os ter visto com olhos de mal.   

 

Joaquim Maria Castanho

Mia Teixeira

10.10.2023

 


 








quinta-feira, outubro 05, 2023

a fusão das águas

 

A FUSÃO DAS ÁGUAS

 

Haverá um dia em que escutaremos as sombras

Talvez, das árvores do Jardim do Passeio Alegre

Ou que pendentes das ravinas íngremes – tanto faz –

Como se fossem oscilantes vimes sob o vento leste

Espanta espíritos a dançar pendurados da voz

Asas de tira-olhos a esvoaçar à luz do luar

Folhas de oliveira ante o pratear das brisas.

 

E tudo isso nos diremos só com o aflorar dos dedos

Os teus dedos a tocar subtilmente nos meus dedos

Sobre o granito do muro lateral que amarra o mar

Onde nos sentámos para ver as águas doces do rio

Fundirem-se na prata das águas salgadas do oceano

Num sôfrego diluir-se sem mínima descontinuidade…

 

Joaquim Maria Castanho