A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

segunda-feira, fevereiro 27, 2017

LENDA DO VASSALO CATIVO




A LENDA DO VASSALO CATIVO 

No reino das cidades maravilhosas
Entre escarpas, entre montes
Havia um canteiro de rosas
Que abarcava três horizontes. 

O primeiro, tocava as frondes 
Da grande árvore das janelas
Que é onde estão todas as vezes de Era Uma Vez
E demais coisas puras e belas
Nascidas dos beijos trocados entre Pedro e Inês. 

O segundo – quase tenho medo de contar… –
Dava para uma ilha de pérolas feita
Das mais apuradas que já houve no mar, 
Que é aonde o sonho espreita
Quando encontra a vida a sonhar. 

E o terceiro, tinha todos os filhos do primeiro, 
Todas as netas do segundo
E ainda mais o resto do mundo, 
Pelo que era um horizonte todo e inteiro
Com nuvens, visões, intermitências 
Credos, artes, ambientes e ciências, 
Com gavetas, prateleiras e estantes
Onde se arrumavam as histórias de até hoje e muito antes, 
Assim como as que ainda faltam contar. 

É nesse reino que eu vivo… 
É ele o meu país. 
E onde exerço o cargo de vassalo cativo
Súbdito do que o teu olhar me diz. 

Joaquim Maria Castanho

domingo, fevereiro 26, 2017

RAIO ILUMINADOR




RAIO ILUMINADOR 

Virou-se-me a vida do avesso
– Mancheia de gatas num balaio! –
Que dias há em que não só tropeço
Como, mal dou por mim, também caio. 
E fico sem saber onde pertenço
Nas músicas de se entro ou saio
Quando, entrançado, estremeço
Suspenso por esse divino raio… 
Luz que A Deus jorra e aplica
À razão dos que quer fortalecer, 
Que onde Ela se mete não s'explica
Nem nenhum soneto o saberá dizer: 
Assim, como eu, mudei prò Benfica
E não foi só por cansaço de perder! 

Joaquim Maria Castanho

sábado, fevereiro 25, 2017

ALÉM DE AQUI E ALI...




BUSCA GLOBAL

Procuro, entre as cabeças, e vaivém 
Dessas pessoas do agrupamento
Do momento que me são ninguém, 
Teus olhos de mel de rosmaninho, 
O teu rosto de flor contemplativa… 

E faço-o numa continuidade tal, 
Tão empenhado, tão insistente, 
Numa maneira assaz superlativa
Que já me não basta este Portugal
E nem sequer qualquer continente!

Joaquim Maria Castanho

sexta-feira, fevereiro 24, 2017

DA ONDA, O ABRAÇO




ABRAÇO DE ONDA

Alargo o passo,
Tenho-te em vista
Que é esse o laço
Em que caio e me desfaço
Pra que nunca desista… 

Alargo o passo
E na areia me derramo, 
Que em cada embate nasço
Nesse estreito abraço
Com que enlaço
E amo!

Joaquim Maria Castanho

QUALIDADE É ESSENCIAL




ESSÊNCIA QUALITATIVA

Escreves poemas em mim
Onde os versos a brotar
São do veludo e cetim
Que só existem no olhar,
Com as sílabas de mel,
Com as letras de sol puro, 
Que escolheram o papel
De me empenhar sem juro
E a pronto pagamento,
Estrela, voz no escuro
–  Corpo, alma, alimento
Sem conter a veleidade
Doutro desconto incerto, 
Além dessa qualidade 
Que é nobreza e afeto.

Joaquim Maria Castanho

quinta-feira, fevereiro 23, 2017

TENTAR O NUNCA




NUNCA É TARDE

É… as horas resignam-se devagarinho 
Minuto a minuto em cliques cinzentos, 
Espalhando a tarde à toa plo caminho
Para não perder sementes nem alentos; 
Sequer desentorpecidas aspirações, 
Que quem rega as rosas rega espinhos
Pelos caminhos das tardes e dos serões… 

Que o prazer é aquilo que se vai fazendo
Nas costas dos pecados e das confissões, 
Minutos que subindo se veem descendo
Se a tarde se alheia de tardias opiniões.  

Joaquim Maria Castanho 

quarta-feira, fevereiro 22, 2017

JUSTIÇA DIVINA: HÁ OU NÃO?




JUSTIÇA DIVINA: HÁ OU NÃO?

O meu poema tem os teus olhos, 
Mas não és tu. 
O meu poema tem o teu rosto, 
Mas não és tu. 
O meu poema tem o teu rabo-de-cavalo, 
Mas não és tu. 
O meu poema é meu, mas tu não. 

Porém, se houvesse justiça divina,
Ainda que fosse infimamente pequenina, 
Deus já tinha corrigido esta contradição! 

Joaquim Maria Castanho

terça-feira, fevereiro 21, 2017

TUDO POR BEM...




TUDO [SÓ] POR BEM… 
(BEM MENOS, BEM MAIS)

Antídoto prò medo, a esperança
Vacina para dar o passo em frente, 
É também essa legítima... herança
De quantos herdaram só o ser gente, 
Ou que nasceram já amaldiçoados
Condenados a nada haverem de seu, 
Na família onde não eram esperados 
– Quer na vida que ninguém lhes concedeu.

Tudo conquistaram; até os dias tidos. 
E, nos lugares que neles frequentaram, 
Somente foram escutados e servidos
Porque para isso e de pronto pagaram, 
Às vezes bem mais que a coisa comprada
Mesmo se ela valia bem menos que nada!  

Joaquim Maria Castanho

segunda-feira, fevereiro 20, 2017

INSPIRAÇÕES




INSPIRAÇÕES! 

Queria pensar em outras temáticas
Porém esqueço-as; e só teu sorriso
Me lembra. Porque nestas gramáticas
Apenas cabe quem é útil e preciso. 
Ou possui essa essência natural
De nos ser, além do mais, essencial. 
Queria pensar na beleza das flores
Pelos campos amenos e verdejantes;
No arco-íris, e todas as suas cores 
Lindas borboletas, joias, diamantes… 
Todavia, sempre esse oásis me falha
E a poesia só por ti emana e calha. 

Queria… queria… queria… queria… Mas… – Zás:
Que uma coisa é querer, e outra, ser capaz! 

Joaquim Maria Castanho

domingo, fevereiro 19, 2017

DA MEMÓRIA




MEMÓRIA

Se nada se perde também
Nada se tem para sempre, 
Que ser é contínuo vaivém
Entre os céus e o ventre 
Da Terra, essa mulher-mãe
D'humanos, filhos diletos
Nos dois géneros completos.

E fraternos igualmente
(Irmanados em igualdade), 
Mesmo que a insana gente
Creia omitir a verdade…
Porque nada se perderá
Nem sequer o que já não há! 

Joaquim Maria Castanho

sábado, fevereiro 18, 2017

BRISA REMANESCENTE


DOR ESQUISITA...




DOR DE COTOVELO

Ora anda aqui gente que anda
Numa fona, e de sarabanda,
A trabalhar prà concorrência. 
Gente esperta, coisa sabida, 
Doutorada em maledicência,  
A pecar com língua comprida, 
Por desconhecer a diferença
Entre a realidade e a ficção.
Olho comprido, língua afiada
De quem quer tudo sem fazer nada… 

Às vezes bate-lhe a demência; 
Outras, a ardência… da confusão! 

Joaquim Maria Castanho

sexta-feira, fevereiro 17, 2017

REMANESCENTE BRISA




BRISA REMANESCENTE

De manso o romance chegou
E do remanso se levanta
A romancear nos conta
Em palavras aspira ao voo
Rompe nuvens, brilha, tenta
Dá nós com que nos inventa
O remansear nessas idas
E vindas plo prado das vidas.

Os velhos sóis invoca. 
Das doces vozes é chama. 
É luz que paira e canta
Se nos encanta ou toca
A dolência de quem ama… 

Então, das páginas lidas
Nascem vidas, entre as idas
E vindas plas linhas da trama.

Joaquim Maria Castanho
Imagem: Mulher Lendo no Jardim, da pintora polaca Barbara Jaskiewicz 

quinta-feira, fevereiro 16, 2017

CANTO DO MÁGICO MOMENTO




CANTO DO MOMENTO MÁGICO

Já aconteci alma ansiosa
Sob tuas pálpebras descidas,
Perdidas em linhas de prosa
Poesia nas faces floridas
(Derme de cetim nacarado)
Onde sentir se sente ledo
Perfeito, belo, cuidado
Sempre se demasiado cedo
Tão natural se tarde mais, 
Que o presente é um segredo
Entre tempos, entre umbrais
Entre colunas de Salomão, 
Tão fraternas e tão iguais
Que são a sublime perfeição, 
Conforme cantam os jograis…

Joaquim Maria Castanho

quarta-feira, fevereiro 15, 2017

OITAVA ARTE




OITAVA ARTE 

Quando o dia escreve certeiro
Nenhuma sombra nos pode iludir, 
Sequer o eco soa, e diz por inteiro
A parte dessa arte que é  o ouvir!

Joaquim Maria Castanho

terça-feira, fevereiro 14, 2017

NÓ FIRME




NÓ FIRME 

Ato meus olhos aos teus
Com um nó tão bem seguro, 
Que até o próprio Deus
Diz nada haver mais puro… 
Tal como urgente, digo eu
Numa pertinaz ousadia, 
Já que o tear que os teceu
Só usa as linhas da poesia.
Fio de seda a ouro brocado
Quase em cabelos tão assim, 
Que me nasceu por cuidado
Continuar meu olhar atado
Ao teu, sem ficar lado a lado
Mas antes tendo-o frente a mim
Com nó firme, tão bem dado
Que nunca veja chegado fim.

Joaquim Maria Castanho

domingo, fevereiro 12, 2017

TEUS OLHOS SÃO A POESIA




SEM TEUS OLHOS NÃO HÁ POESIA

Sem teus olhos não há borboletas.
Sem os teus gestos não tenho asas. 
Sem teu jeito fenecem os planetas
E nenhum sol aquece nossas casas.
Sem tua luz me apago, e os cometas
Caem ao largo, com caudas esparsas
Quase carvão, como se fossem setas
Feitas da sombra das finitas brasas.

Sem teu nome sou órfão segregado.
As palavras morrem-me na garganta.
Ando com grilhetas de condenado
E arrasto um verbo que já não canta… 
Porque sem teus olhos não há poesia
E apenas o breu se alberga no dia!

Joaquim Maria Castanho


ESSE É O MEU PÃO







GUARDO ESSE SEGUNDO, ESSE PÃO

Ponho a alma inteira nesse instante
Ínfimo no contato, mas de superior
Significado, onde me sonho infante
Dum reino teu, também por ti tutelado;
Nado de tuas mãos, onde predomina
Tudo e o que mais ninguém imagina: 
Verbos com o significado duma flor – 
Pétala que a nosso pão ensina… o amor! 

Ponho a alma inteira nesse momento
Tão pequeno, semente numa transação,
Pulsar que é onda, enorme movimento
De todo o sentido na mesma direção,
Onde até o próprio zunir do ar e vento
São ditados e cuidados por teu condão.  

Joaquim Maria Castanho

CORRENTES PROFUNDAS, ÁGUAS MAIS CRISTALINAS






O SEGREDO DAS CORRENTES PROFUNDAS

Sob águas cristalinas me dissolvo
No diluído tempo, sublime instante
Sentindo o sentido com que absolvo
O sonho de perder o sentir diletante. 
E ficar imerso nesse pulsar novo
Da profundidade pura e constante, 
Com que eu mesmo em mim me absorvo
Perante ti, tal se de mim fosse ante…
Então, toda máscara cai; e esse ator
Cujas personagens pueris já vesti
Naufragam, afundam-se tão-só ante ti
Para, transparentes e sem nenhum favor
Serem afãs vassalas do único amor –
Que unicamente elas sabem que senti!  
  
Joaquim Maria Castanho

sexta-feira, fevereiro 10, 2017

ORA NÃO, ORA SIM




ORA SIM, ORA NÃO

Pelo copiar da porta
Vejo-te cirandar na cozinha… 
Apareces, desapareces, apareces
(És "viva" silhueta no instante)
Desapareces; e ficas "morta". 
Mas essa morte é só minha. 

É um sucumbir circunstante, 
Quase omitir do eu total
E dessa parte tão importante
Que nos edifica pelo plural
– Ou gestos de elucidar a voz
No fluir do rio dos rios de nós, 
Se somos no azul a claridade –
Ouro na cinza que à luz exorta
Como se plo copiar da porta
Te visse a cirandar na cozinha
Aparecendo, desaparecendo, 
Ser e não-ser, ora sim, ora não, 
Tal e qual qualquer estrelinha
Sendo e não sendo, cintilando
Lá em cima – bem-bem no fundo
Do cor... que... ora sim, ora não!

Joaquim Maria Castanho 

quinta-feira, fevereiro 09, 2017

ESTATUTO DE PAPEL vegetal




ESTATUTO DE PAPEL VEGETAL
(O ENGRAÇADO E AS GRACINHAS)

Se ninguém te leva a sério, 
Incluindo tu, 
Porque vês adultério
Num corpo (apenas) nu?

A peste que em ti grassa, 
A que te agarras com'um bem,
Não passa da ignóbil desgraça
De só te veres (e projetares)
Ao olhares para alguém… 

E se miserável, vives em vão,
Assombração com ordenado, 
Só tens o que mereces, do pão
Que come qualquer condenado.

Que do prazer só tira castigo
E da beleza, apenas inveja;
Ou da moral insano abrigo
Feito do lixo que traz consigo –
Da peste quem em si despeja
– Se a consciência lhe pesa!

Se lhe custa o entendimento
Do que é simples e natural, 
E ri pra não verem o jumento
Que há sob seu traje social.

Joaquim Maria Castanho

quarta-feira, fevereiro 08, 2017

O MISTÉRIO DE ARINA




O MISTÉRIO DE ARINA

Tal-qual unha felina
O amor, por ser retrátil, 
Traz o mistério de Arina 
Ao ser vivo – ao ser fértil.
Alinha dum mesmo jeito
A quantos da perfeição, 
Ganharam já o defeito
D'ouvir o que têm no peito,
Só plo tum-tum do coração. 

Que a vida pra ser lida
Não carece d'alfabeto: 
É unhada repetida,
Noite em dia convertida,
Num parágrafo completo. 

Joaquim Maria Castanho

terça-feira, fevereiro 07, 2017

APÓS O BREU, ARINA ILUMINA O CÉU




APÓS O BREU, ARINA ILUMINA O CÉU

Triste, alucinado, confuso
Naufrago pela antimatéria; 
Contudo, nem por isso acuso
Minha Deus por tão fraca féria.
Pois confio em suas intenções, 
Entraves, silêncios, omissões
Regras, técnicas, estratagemas;
Que nada separa os corações
Que foram unidos por poemas.  

E o horizonte também o sabe… 
Também ele se aloira e t'espera.
Também ele escreve na tarde
As cores e luz de por quem arde, 
Quem respeita, adora e venera! 

Joaquim Maria Castanho

segunda-feira, fevereiro 06, 2017

ANTIMATÉRIA




BURACOS NEGROS

A tua ausência vinca e marca
Como um órgão que me falta; 
E nos lugares onde não estás
A essência é fugaz – e parca…
Por visitá-los, sou torturado
E decepado de parte de mim,  
Eco dum pesadelo acordado, 
Visão de delírio e febre ruim.
Fico objeto, e ser inanimado,
Atrofiado numa dor sem fim. 

Que os lugares onde não estás
Gritam e rasgam-me os sentidos; 
E abrem crateras, ácidas e más
Onde os sonhos são consumidos. 

Joaquim Maria Castanho

domingo, fevereiro 05, 2017

AFIANÇADA CERTEZA




AFIANÇADA CERTEZA

Sim, já passaram tantos anos, sim
Foi naquele café ao cimo do jardim
Que eu te vi pela primeira vez;
Mas os olhos estão iguais
O cabelo de espiga madura
O mesmo rosto, a mesma tez
Que fez com que eu nunca mais
Conseguisse amar mais ninguém. 

Sei que tenho andado por aí
De forma tonta e pouco segura
Às voltas com o teu sorriso,
E a alma à procura da candura
Qu'é preciso pra poder olhar pra ti;
Que me atropelo nos sentires, 
Me aperalto e perfumo (demais),
Apenas pra quando me vires
Eu seja enfim, esteja à altura
Dessa certeza infinita e pura
E apaixonada que então senti. 

Porém, jamais amei outrem
Além de ti, desde esse dia, sim
Em que te vi no café do jardim
Acompanhada por teus pais, 
Que agora até penso ser tarde
– E vou dizê-lo sem drama, sem alarde! – 
Para tentar amar alguém mais. 

Tanto, que nunca irei cobrar-te nada… 
Já me deste o melhor que a vida tem, 
Que é esta certeza afiançada
De não conseguir amar mais ninguém. 

Joaquim Maria Castanho 

sábado, fevereiro 04, 2017

SOMBRA DA SOMBRA




A SOMBRA DA SOMBRA

Desce sobre a luz cristalino véu
Mas aposto-me em carta fechada, 
E estremeço de expetativa.
Arisco arrisco tudo ou nada,
Abro a boca prà chuva – saliva 
Pura e fria… –,vida vinda do céu! 

Joaquim Maria Castanho

A PROPOSTA HONESTA




PROPOSTA HONESTA

Se és única árvore plantada
Aqui, em meu reino devastado, 
Então, quero ser brisa orvalhada
Que, mansa, te acaricia a ramada, 
Veste folhas de cetim nacarado. 
Te afaga com a doçura das asas
Das borboletas multicoloridas
Nessa luz que ilumina as casas, 
Mantém lareiras de acesas brasas, 
Põe carinho e desejo nas vidas.

Quero ouvir teus olhos calados
Pelo silêncio urgente dos meus, 
Quando, numa prece, abraçados
Pintam límpidos oceanos nos céus! 

Joaquim Maria Castanho

sexta-feira, fevereiro 03, 2017

O APELO ININTERRUPTO




APELO ININTERRUPTO 

Começo o dia a pensar em ti
E nunca mudo de registo, 
Que quando agora é aqui
Todo sonho nasce do visto 
(Como do recordado, também, 
Feito aparição que se quer, 
Onde o rosto de mais ninguém
É tido e visto por de mulher…)

Começo que persegue o ontem
Pra repetir-se no futuro, 
Aonde nem as nuvens notem
Meu olhar no teu, tenso e puro, 
Requerendo-o plo infinito
Que há na urgência dum grito!

Joaquim Maria Castanho

quinta-feira, fevereiro 02, 2017

NA CORRENTE DO RIO DOS SENTIRES




SUBLIME É A CORRENTE NO RIO DOS SENTIRES  

Sentir-te real, presente
É onda avassaladora, 
Tsunami dentro da gente
Grito n'alma sonhadora
A despertar da letargia, 
Da falta de inspiração. 
É aspergir de luz no dia
Num crepitar de cristais, 
Cintilar febril no coração
De odes, hinos e madrigais… 

É essa alegria infinita
Que só Arina nos atribui, 
E pra quem em si acredita
Ser a beleza em que flui.

Joaquim Maria Castanho

quarta-feira, fevereiro 01, 2017

TALÃO PREMIADO




TALÃO PREMIADO 

Eu definhava, por saudade
E não sabia; pois, moribundo
Julgava entender o mundo
Nessas linhas que tão-só lia
No céu – traços sobre a cidade
A marcar, pla vida, passagem
Que nem fosse ela apenas viagem… 

Todavia, e numa recaída, 
Eis-me de volta dessa "morte"
Embriagado pela sorte
Neste bilhete, assim, tida
Por não ser ele só de ida! 

Joaquim Maria Castanho