A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

terça-feira, outubro 26, 2010

Cordão de Luz e Memória


Por essa linha fora, nesse registo
Em que o olhar se demora
Existo, na nesga celeste que o horizonte,
Qual fita azul que ao azul do céu fita
Distante, no longe da longínqua fonte
De quem sob a fronte se debita
Data infinita já desde o imediato agora
Até à Lua Cheia da humana História?

Eis, portanto, quem nasceu feminina nas dezenas
E mulher nas unidades, a que entanto
Se somados seus ícones na clave das serenas
Estrelas de oito pétalas ao octívago manto
Casulo arquitectado do perfeito eremita, poeta, santo
Capaz de nada como de muito, do pouco como do tanto,
O rubro rubi que ao aceso das almas amenas
Acalenta e aninha a palha dourada da luz crua
O cabelo de Verão das espigas maduras nas searas pequenas
Ao Outono da noite como um grito da Lua...

Oito deitado na dezena do ano, do segundo milénio
O génio do olhar que se alonga secreto até ao infinito
Mais que um remo que ruma é tão-só o silêncio do grito
Que calado se agiganta a arder na garganta
E rebenta na lava que lava e casa com a liberdade
Ao repetido anseio do esteio outonal da eternidade,
Num breve instante cujo ponto de vista
É mais distante quanto adentro alcança – e avista!

Selo de Arina que a brilhar destina ver
Da janela do ser a plenitude na profundidade,
Inventa o silêncio que conflui dizendo o saber
Esperar, aqui, Foz Inequívoca da Luz Incisa Paz na Alma
Fulgente à Íris Lavada no Ínclito Pleito da Aurora calma
A edificar brasão e flor se aninha na lídima cavidade
Do cálice onde estremece o néctar da vida feita seiva terna
Que o desejo é apenas outra realidade que se faz eterna.

Por essa linha imaginada, plana e plena
Em que os factos dependurados a secar
Buscam sua foz na voz serena
Almofada cósmica dos sonhos, como alfazema
Amadurecendo sob o amanhecido Luar.

Dia 26.10.2010, às 06:20 horas


(Ilustração: fotos de/e quadros de Filipa Brasão Antunes)

sexta-feira, outubro 08, 2010

Soneto da Gratidão


Com cinco dedos que o Noddy ergue ao céu e saúda
No celeste azul da pasta que ontem gentil me deste
Onde guardo as mais queridas canetas de escriba
A quem a escrita superiormente arrebata que ajuda
Neste presente em que o futuro é só mistério agreste
Estremeções do mole coração que assim vai arriba,
Eu te saúdo também, néctar de ambrosia silvestre
Alimento dos deuses que de tanto quererem bem
Imaginam, até que em imaginados seu ser se ateste;
Muito inspiram este mestre, que não ensina ninguém...

Excepto aquilo que ele próprio por si e de si aprende
Deambulando de flor em flor, cujo pólen aspira
Que à dor e morte apenas o amor vence ou defende
Do veneno e preconceito e medo em que ela o atira!



quinta-feira, outubro 07, 2010

Bandeira Natural Sob os Flashs de (M)Arina

Da lama da alma clamo na alameda dos álamos
A alquimia do olhar aceso à chama que ilumina
Enlevada calma enleia-me quando aludes a lidos
Acordes que acordam laivos de sonho na alegria
Ver-te aqui, entre as flores deste jardim escondido
Algures, lá onde as casas encontram suas portas
Mil, pelo menos, esculpidas como nichos de luz
Socalcos de cores no botaréu da escurecida noite
Amolecida, branda, breve liana de balancé o verbo
Oscila redondo e dito na ditada amálgama do ser
Diluído alento esse de esperar nas frinchas sólidas
Arejadas frestas da solidão onde o pequeno anuro
Desafia o sol sobre a rubra polpa da pétala veludo
Felpudo de ver, imaginar e não profanar ao toque
Como acaso feito símbolo que cresta iludida mente
A alivia do seu intrínseco desterro visceral emotivo
Que motiva quanto prende, e liberta quem entende.


Eis aí o secreto deleite do verde ser sobre a rubra capa

Que onde a esperança alcança o grito nasce outro mapa!
(Fotos: Zélia)