A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

segunda-feira, julho 29, 2013

CONJUGAÇÃO NO IMPERATIVO PERFEITO



Ao acordar me espreguiço,
Desenleio dos sonhos o ser,
E ponho no gesto o viço
De um renascido viver.



Me sacudo das ilusões
Que esta noite me criou,
Na solidão das solidões
Onde sonhei ser o que sou.



E sou apenas o que me digo,
Ou de mim escolhi dizer:
Sou o verbo amar contigo

– Incondicional acontecer. 
OPÇÃO ÚNICA


Se me conto, te afago;
se te afago, me escolho,
que a alma nos é um trago
de nosso próprio molho.

A nossa essência de ser
é a palavra escolhida,
e onde até para dizer
somos uma opção de vida.



Nos dizemos sendo mais,
nos afagamos pouco a pouco,
para nos sermos iguais
– gemido profundo e rouco.

sábado, julho 27, 2013

O DESTINO SE ESCREVE DE ACASOS



Inanna, a grande mãe, que a humanidade traduziu
E avó lhe chamou em tantas línguas se diz amor
Que só de dizê-lo todos nos sentimos muito melhor…



Uns, porque no ritual da fala até se explicam outros
Como estes assim ditos se preenchem em seu vazio,
Na seda se tecem da teia de seu próprio e mesmo fio.



E pese embora, esse meigo e infinito enleio, há encontros
Que nos desencontros se entretecem desígnios de astros.

quinta-feira, julho 25, 2013

NA BREVIEDADE DA DISTÂNCIA



O traçado da voz desanoitece
Se na alma se requer inquieta,
Que o sonho premeia quem merece
E a elegeu como sua própria meta.



Mas se nunca se omitirem as linhas,
Que unem os ecos de nossos sentires,
As vozes cruzadas, tuas e minhas,
Te farão chegar antes de partires.



quarta-feira, julho 24, 2013

HIP-HIP-HUUAAA!!!...



Ergamos nosso ideal
Num tchim-tchim de tradição,
Que isso de ter real
Também traz obrigação:

Orgulho de celebrar
A amizade filial,
Companhias do remar
Na navegação social.

****

E contra ventos e agouros,
Contra azares ou vilanias,
Seremos exemplos vindouros
Em rodeios e academias.

Estaremos também presentes
Em toda e qualquer eleição,
Que a vida de nossas gentes
Carece de sagaz solução

Em resoluta harmonia
E alvorouço de prontidão,
Que a honra se faz dia-a-dia
Na luta pela emancipação.

Que a vida é um vira de virá,
Aqui e em toda a parte – hip-hip-hhuuuááá!!...



terça-feira, julho 23, 2013

SERÔDIO ME DEMORO



Orlando as ondas da expetativa
Que escutam a espera do omisso visto
Eis-me condomínio sob a mirada insistente
Uma oitava acima do germinado silêncio...



Ouço o olhar ouvindo o ósculo redondo
Na ousadia ontológica oscilando osci osci
Lando ando ando entre a mirada do outrora
Agora na ágora do verbo doce se consente
Ocluso e respirado ao desmaio da cor
Onde breve e determinado cruzo o ócio
Repouso a mão no meigo e condoído olhar
Ou penumbra da voz ao osso dos tempos
Que remói no voo do eco a onda da demora
O som soa
E sou!  



segunda-feira, julho 22, 2013

ASSIMÉTRICAS SIMETRIAS



Esse tesouro que nos esconde
Abaixo da entretela da razão
Também entrança os sonhos, onde,
Nos cruzamos cordão sobre cordão,
Laçada a laçada, passo a passo...




Como letra a letra, assim
De sílabas pedalada
Posta por vinco no traço
Desse ser muito de nada
Que tido é por cada fim.

Em cada objetivo gizado, cada ser imprimido
Na rotativa universal, estendido a corar rigor,
Que isto de ser igual anda por mal compreendido,
Que sendo nós todos diferentes, não é nenhum favor
Perceber que a igualdade torna assimétricas também
As simetrias legais pondo os males no mesmo saco do bem.
A lei enquadra, o homem cumpre, a diferença perdura
Tornando desigual o que desigualmente nascido fora!




Porque se a vida é sonho, projeto, crença e aventura
Voar não carece de asas como pares em estendedouro:
É um saber estar de saber ser, magia doce, e pura
Cerzidos em letras de sol, atada bagagem de ouro
Pedalando, pedalando, na bicicleta da literatura.



sábado, julho 20, 2013

BAILIA DAS ALGAS LÚDICAS



Nos limites da lucidez
Levantei o olhar prà lua...
Ligou-me ela em outra vez
À lídima luz da face nua
Da voz livre, alta e solta
Que esta reflete todo o mês,
Se a liberdade nos volta
A deslimitar a alva tez
Pràs libelinhas da manhã,
As que lutam na verdura
De pétala em pétala vã
Como uma malva à procura
De sua mágoa na água chã
Dos lábios em sã ternura...
E leda a palavra soou, sem lamento, enlevada, lisa
Louvando alucinada na esperança de ser elo alado
De ser a ligação das vozes com o vento doce brisa
Que levemente limpa os limos da lembrança grisa
Às algas lúdicas de nosso alimento puro e melado!



(Lídima – legítima, original, autêntica, vernácula;

Grisa – parda, cinzenta, velha, grisalha.)


sexta-feira, julho 19, 2013

O OUTRO LADO DOS POEMAS



Sabido é que as costas dos poemas
Serem movimentados bastidores…
Em alguns, aí se arranham temas,
Teorias agem como gladiadores.

As meninas viram raparigas
E dão gargalhadas dos senhores
Sisudos, que lhe ouvem as cantigas
E as elogiam, que nem doutores…

Os homens sérios e circunspectos
Arrotam, desfraldam sujos lemas,
Vociferam loucos e insurretos,
Ou adormecem babando semas(*).

E também há quem dedos tamborile
Nas costas amantíssimas de seu par,
Preferindo que a métrica brilhe
Quando o orgasmo está a chegar!





(*SEMA – “Átomo” semântico, a menor quantidade de conteúdo significativo, ou traço subjacente de significação na face significada duma língua.)



terça-feira, julho 16, 2013

NA ESTRADA DO MEIO


Entre partida e chegada
Há uma estrada no meio,
Que é sempre asfaltada
Pela saudade e anseio.



Será longa e perigosa,
Como breve ou segura,
Conforme a fome de prosa
Tenha poesia à mistura…


segunda-feira, julho 15, 2013


SOSSEGADA SERENIDADE

Ergo o cálice;
Este, não é o teu sangue.
Mastigo o pão;
Este, não é o teu corpo.
Procuro o teu olhar,
Invento mil razões para te esquecer.



Há «podia dizer-te» em toda a volta,
Incluindo na planície até o horizonte…
Podia dizer-te que…
Podia dizer-te que…
Podia dizer-te que…
(…)

Contudo, nenhuma me convence,

Nenhuma  me desacomoda a tarde.


domingo, julho 14, 2013

FUI!


No pretérito perfeito de ser
Também estamos todos a ir,
Embora não se saiba bem para onde,
Que isso da gente viver
Por qualquer coisa é um partir...

A uns, porque deles a vida se esconde;
A outros, porque se meteram no bonde!



(Verbo SER – no pretérito perfeito: eu fui, tu foste, ele/ela foi; nós fomos, vós fostes, eles/elas foram.

Verbo IR – no pretérito perfeito: eu fui, tu foste, ele/ela foi; nós fomos, vós fostes, eles/elas foram.)
(H)ERA



Sobretudo por que quem escolhe
É escolhido também (quem ama),
Aquela que no tempo decorre
Fez da idade sua viva chama…

Pois que o tempo que a consome
Consumido é, no verbo do nome
Conforme o período que reclama.




(Hera – Deusa grega, filha de Cronos e de Reia, irmã e esposa de Zeus, mãe de Ares, de Hefesto, de Hebes e vários outros deuses, cujo caráter ciumento e vingativo a levou a perseguir as amantes de Zeus e seus filhos. Deusa protetora da família, do casamento e das mulheres, foi representada como uma matrona severa e majestosa, embora sempre jovem e sedutora. Em Roma foi identificada com Juno.

Era – Intervalo de tempo geológico correspondente a um eratema, ou a maior unidade convencional admitida comummente na hierarquia cronostratigráfica, e que em cronologia toma como como ponto de partida um acontecimento ou pessoa importante de quem recebe o nome, como se exemplifica na era hispânica, era cristã, era do mundo judaico, era de Bismark, etc.)  
PESSOAL E TRANSMISSÍVEL



No canto do quarto onde cresço
A pétala dos bites ilumina
A profundidade azul do começo
Em que o ser é e, na fala, germina.

E me esqueço, ressuscito e estremeço
Pronto prà lição que a vida ensina:
Que do vasto oceano onde me meço
Até à luz do querer que assim quer
É a ninfa a quem peço que seja mulher.

sábado, julho 13, 2013

NA FLOR, A CASA



Retrocede-me esta voz
Até à fala original,
Que é onde o eu se faz nós
Entre os lábios do plural.

E me diluo em carinho,
Em doçura me destilo,
Que a seda de teu ninho
É a sede do meu asilo.

PÉTALA DE BEM (TE QUERO)



Pagão é quem amputa e destrata,
Quem diz gostar e em vez disso mata
Embora o faça a mando superior…
Quem lapida, vergasta, oprime
E acha todo o sacrifício sublime
Desde que o façam em seu favor.

É quem desconhece que o amor
Não é capa, adereço maneirista,
Mas a entrega ao urgente alor
Que por bem-querer é conquista.


DO SUBJETIVO PLURAL



E como um asterisco luminoso
Sob o encantado sopro da brisa,
Eis-me vogando, amante cioso
Entretecido no silêncio que desliza
De pétala a flor, de dígito a giga
Num abraço entre gente amiga…



O verbo é breve; a intenção universal.
Mesmo que sobre ela haja quem diga
Que até nos coletivos é pessoal.

sexta-feira, julho 12, 2013

LER OU NÃO LER, EIS A QUESTÃO



Nem todo o verso é versátil
Prò poema ser fluente,
Talqualmente os pombos deste continente
Em Istambul, que podem ir diariamente
À Ásia, mas não vão…

Para eles a ponte é inútil,
E preferem comer o milho do chão!

http://www.facebook.com/evolui.verde


DO QUERER PETRIFICADO  


Séculos e séculos de água,
Mas os olhos cegos da pedra
Sangram do tempo a mágoa
Dum querer que não medra…

Que todo o querer sem acreditar ser
É um não-querer envergonhado,
Omitido no verdete, a escorrer
Da pedra em que foi configurado.





INTRIGA NO ROMANCE



Neste jogo cujo progresso
Não carece de arma, tiro
Destreza, fuga ou arremesso;
Onde o silêncio cruza linhas
No pergaminho, papiro
Papel, visor…
As tuas regras são as minhas.

Mas se conspiro, então, mereço
Que digas que todo o romance é de amor.