A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sexta-feira, dezembro 25, 2020

REDESENHAR A VOZ

Já estão disponíveis, em Portalegre, duas das mais recentes publicações, de Joaquim Maria Castanho, nomeadamente, Dadinha Dá Uma Lição ao Lápis Vlup-Vlup, o Valentão das Dúzias, pequena novela com temática ética e didática, e REDESENHAR A VOZ, poesia, de grande incidência sobre reflexões quotidianas.


quarta-feira, novembro 25, 2020

#CUIDADO#

 

CUIDADO


Cessem força, berro e grito

Porque toda a eternidade

Vai do mais ao menos infinito.


Não se firam, não se provoquem

Que há grande probabilidade

Que estes extremos se toquem!


Joaquim Maria Castanho

domingo, julho 12, 2020

DADINHA DÁ UMA LIÇÃO AO LÁPIS VLUP-VLUP, O VALENTÃO DAS DÚZIAS


DADINHA DÁ UMA LIÇÃO AO LÁPIS VLUP-VLUP, 
o VALENTÃO DAS DÚZIAS


A literatura não tem idades nem compartimentos estanques. Os melhores livros que a humanidade gerou, embora tenham sido escritos há séculos e séculos atrás, hoje em dia, continuam legíveis e com significados plenamente consciencializáveis para os homens e mulheres da nossa atualidade. Continuam a interessar o grande público que os tornou clássicos. Porém, essa dedicação aos títulos e autores imortais, não limitou, secou, impossibilitou o aparecimento de novas obras, e, algumas até bastante controversas, não deixando por isso de se tornarem também clássicas. Também em literatura “o caminho se faz caminhando”. Cada qual que cria, dá o passo conforme a perna, e produz conforme crê ser melhor para quem lê, não só, para dessa criação poder usufruir com prazer, mas igualmente com enriquecimento humano. Dadinha Dá Uma Lição ao Lápis Vlup-Vlup – o Valentão das Dúzias, segue-lhes na peugada, não obstante a sua modéstia e fracas valias... Mas está lá, e não sente vergonha de pedir a cada leitor e leitora que o ajude a seguir em frente. Obrigado


Joaquim Maria Castanho

domingo, junho 14, 2020

ALVA LUZ, AMENO CLIMA




ALVA LUZ, AMENO CLIMA


Mergulho em recordações…
Abro a voz pra respirar-te.
Redesenho-te por secções
Onde as partes são ambiente
Unidas até serem arte,
Sentidas até serem gente.


Não há mar que te desconheça
Não há céu que te não cante,
Nem sentir que te desmereça
Mesmo se estás distante.


Esse ora assim destilado
Serenidade (e exatidão),
Quase afeto amassado
Com o cuidado de tua mão
Que assina por bem, no final
O teu olhar, meigo e plural,


Que traz o céu salpicado
De azul só entre as nuvens
Cinza e branco prateado
Entre as folhas e as vagens
Entre verde o casario
Quase suspenso dum fio...
Jardim pra que não há margens,
Nascente pra mais que um rio.

E que, por que assim, sendo
A vida aí não esgota
Ainda que ocasos tendo,
Vai subindo, vai descendo
Balanceado na rota.

Como por laivos de prata,
Como um céu de platina,
Onde, se ao azul tapa,
Também descanso ensina.
Porém se o azul destapa
É alva luz, ameno clima.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Mia Teixeira

sexta-feira, maio 29, 2020

COLIBRI PESTANEJANTE


 


COLIBRI PESTANEJANTE

Regresso, pela areia fina do tempo
És molhada clepsidra, gotejante
Se sereia voltas do mar, e exemplo
Natural escorrendo cada instante.

No chão, só acaso, registo sem ordem
Corpo, visão passo a passo emergente
Com que saudade e destino escrevem
Meus olhos a beijarem-te... – timidamente.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Mia Teixeira

quinta-feira, maio 28, 2020

A VIAGEM RECÍPROCA


  



VIAGEM RECÍPROCA



No recato, na penumbra

Outra viagem me toma

Lua nova, sol e sombra

Grudam sem grude, nem goma

Pela abstração dos mundos

E me reparto neles, assim...



Contudo, teus olhos serenos

Secretos, morenos, profundos

Também são viagens pra mim!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Mia Teixeira

domingo, maio 24, 2020

O BOM DIA NUM OLHAR


   


O BOM DIA NUM OLHAR


Se vejo o que teus olhos veem
Meu coração salta contente,
Pra que em batidas semeiem
Também meus olhos ali em frente.
E possam, assim, ver se vejo
Quem passo os dias a imaginar,
Quais Colibris a dar seu beijo
Em quem é flor do meu olhar.

Num gesto doce, inocente
Tão simples como o sol a nascer,
Pondo meus olhos ali em frente
Para que só tu, ao acordar,
Possas ouvir o que têm a dizer
E quem diz que tenho pra contar.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Mia Teixeira

sexta-feira, maio 22, 2020

AS NUVENS DA VIDA





AS NUVENS DA VIDA

“No espelho da visão está a segurança da verdade”
– Código Visigótico I, 1-2

Na realidade diária, a nossa planificação, previsões, antecipações, palpites, são parte intrínseca ao querer consciente, emancipado, responsável; porém, por mais que nos exercitemos nelas isso não significa que iremos ter êxito garantido ou observação confirmada, e que, salvo nos espaços-quando onde se verifique refletida uma acentuada monotonia e pacatez, o acaso não nos pregue a peça e as surpresas sucedam. Às vezes é o canto de uma ave; outras, um sorriso em que reparámos pela primeira vez, embora vejamos a pessoa que o deu com frequência e, até, repetidamente ao longo dos dias. E outras ainda, um tropeção no escuro, exatamente no momento em que nos deslocávamos de uma sala para a contígua, pé ante pé, com o máximo cuidado para não fazer barulho.
O acaso é profícuo em casualidades.
Então, ao reconhecê-lo, tentamos limitar-lhe as ocorrências, retratando-as ao máximo, reproduzindo-as, tornando-as alegóricas, exemplares, casos notórios ou notáveis, estórias, quadros, cenas que nos ajudem a compreendê-las e compreender-nos, bem como a aproveitá-las (pedagogicamente) sempre que surjam. Tentamos tirar proveito de tudo aquilo que nos espanta, assusta ou deslumbra. Percebemos enfim, não obstante o alheamento natural para onde o presente nos atira irremediavelmente, que o que é importante nem sempre se revela da melhor maneira, bem como que, por muito pessimistas que sejamos, há invariavelmente algo ou alguém para quem isso não conta absolutamente nada. E que, por casualidade, ainda que ninguém os tenha covidado, esses nebulosos imponderáveis, aí estão a balizar-nos cada instante da nossa existência gregária – e terrena.
Não raros chamam-lhe cultura, havendo inclusive quem diga que é arte. Franzimos o cenho, torcemos o nariz, alçamos a venta, estancamos de pronto para manter o distanciamento. E insuflamo-nos de autoestima e orgulho pela revelação. Mas o facto não é assim tão original nem inédito como parece, e já inúmeros elementos da espécie humana o constataram, o reconheceram, e o registaram por mil e uma maneiras possíveis e imaginárias. Por exemplo, Ovídio (poeta latino n. em Sulmona 43 a.C. - f. em Tomis 17/18 d.C), há mais de dois mil anos portanto, na sua Arte de Amar, o resumiu aproximadamente deste jeito: “a arte não faz mais do que imitar o acaso”.
E não é que tinha razão!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Zélia Mendes

segunda-feira, maio 18, 2020

DISCRIÇÃO E DEFERÊNCIA


   



DISCRIÇÃO E DEFERÊNCIA

Nada me remete
Nem me acomete
Se na luz deslizo
Quando aliso
Os dedos no cetim.

Porém, o sonho cria
Engendra sol em mim...
Emite reflexos
Côncavos, convexos
Laivos de cor – poesia!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Mia Teixeira

domingo, maio 17, 2020

#ORQUÍDEA IMACULADA


   


A ORQUÍDEA IMACULADA

Riscadinha é mais que flor
Que mora nas sete quintas...
É sorriso feliz d'amor
A bailar na luz e na cor
Como esplendor sem fintas.

E às vezes até parece
Pelo seu porte, o seu condão
A Virgem rezando prece
Plas flores que consigo estão.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Mia Teixeira

sábado, maio 16, 2020

ORQUÍDEA EM CARNE VIVA


   



ORQUÍDEA EM CARNE VIVA

Derme, pétala acetinada
(Ou grito prestes a eclodir)
Afago doce, se madrugada
Acorda, pronta já a sorrir.

Também seda, esponja macia
Sensível polpa que me seduz,
Assim és, ó fada da poesia
Se no recatado recanto
O teu acetinado manto
Recolhe, como exala, sua luz.

Joaquim Maria Castanho

quarta-feira, maio 13, 2020

A VOZ DO CAMINHO


 



A VOZ DO CAMINHO

Irei aspergir de rosas céus e mar
Poentes, nascentes, o mundo concreto
Cujas portas, alfarrobeiras são pilar
Do templo, d'olhar, se o andar é certo
Tem por meta rua, a estrada da vida
Lá onde navegam tantos, destinos mil
Os sonhos, os frutos, e a nuvem perdida
Debrua de aurífero rosa e anil,
Diz quanto da distância é esperar,
Quanto na espera é o descoberto
Se de cada vez que te olho plo olhar
Teu coração em flor fica mais perto...

É como se dissesses «Estou a chegar,
E vou arrancar-te desse deserto!»

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Mia Teixeira

domingo, maio 10, 2020

NA #ROTA DA #ALMA


 


NA ROTA DA ALMA
(para a Mia)

Nuvens plúmbeas, sem fim à vista
Escondem a lua, e só por que sim;
Tal a razão turva, não é mista
Se quer ocultar, o luar de mim.

Se quer omitir, como te amo
Quanta é a luz, que de ti vem.
Mas o amor traduz, se o chamo
Que a luz não nasce, por mais ninguém.

E ainda que longe, lá na serra
Ontem como hoje, todos os dias
Se a lua faltar, o olhar não erra
Vai a alma pró sul... - Nela, poesias!

Joaquim Maria Castanho

sexta-feira, maio 08, 2020

BAILIA da LUA-CHEIA


   


BAILIA DA LUA-CHEIA
                  (em Marmelete)

Dança, dança, lança teu olhar silente
Diz aos pomares, hortas, alfarrobais
As saudades, hinos que o luar sente
Se dedilham frondes em sebes ancestrais.
Protegem ninhos, são raiz, são semente.
São passos, são caminhos, meio estivais
Que o luar partilha com quem alente
Mal a lua brilha sobre casas e quintais.
Estendem capas entre o aqui e o além,
Que a hora que chora é acorde também.
Dão luz ao direito d'investir, dolente
Nas sombras, para ter contornos muito seus
A fim de que o fértil chão siga em frente
Pleno de sereias, fadas – sonhos meus!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Mia Teixeira

domingo, maio 03, 2020

#PORQUEHÁROSASSUBLIMES






PORQUE HÁ ROSAS SUBLIMES?

Não sou capaz de dizer quanto penso...
A realidade transpõe-me, vai além.
Diz que há encanto, e fico suspenso
Porque reconheço quanta razão tem.

Se todo o poder é das flores apenso
A mais poderosa, e por que formosa
Será a rosa, não o desconhece ninguém.
Mas eu devo vassalagem à verdade
À ética, à arte, à poesia, e à prosa,
E sei haver uma a quem a sublimidade
Pede humilde, inebriada, calorosa
Que empreste encanto a qualquer rosa
Pra que ela possa ser sublime também!

Joaquim Maria Castanho

sábado, abril 18, 2020

ISTO





#ISTO

Do amar, do viver,
Só o faz,
Quem é capaz...


De o fazer!

Joaquim Maria Castanho

quinta-feira, abril 16, 2020

PROMISCUIDADE SILÁBICA





A PROMISCUIDADE SILÁBICA

Os ditongos são sílabas guerreiras
Escudos que amortecem contundências
Beatas batidas, dor pra consoantes,
Ais em metades de coisas já inteiras.

Hão de continuar assim, imutáveis
Ocasiões pra ocar cavernas da voz,
Falsas gémeas, contudo derradeiras
Mal veem se algumas letras estão sós.

Por quaisquer causas se fazem plurais
E até se despem plo vicioso prazer
De mostrar com'as consoantes são mortais
Que andam com vogais que se deixam comer!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

quarta-feira, abril 15, 2020

PEQUENA SEREIA





A PEQUENA SEREIA

Amar-t'é melhor do que respirar...

Se mergulho num obscuro mundo
Se mergulho na profundidade
Amar-t'é como respirar fundo
- É vir à tona suspenso do olhar.

É emergir do escuro profundo
- Nascer de novo em claridade.

É deixar minhas sílabas vogar
Cruzar distâncias até à praia,
Onde o azul da água se enleia
Como se godés de tua saia
- Ver-te meio tapada de areia...

Para simplesmente imaginar
Que sejas talvez uma sereia!

Joaquim Maria Castanho

sábado, abril 11, 2020

#CANÇÃO SEM BALA NEM ABALO





CANÇÃO SEM BALA NEM ABALO



O corpo é instrumento
De ser feliz, não de pesar.
É um desdizer que nos diz
Em cada hora, momento
É instrumento de ser feliz
Não de doer, nem magoar.


É barca de ser e singrar
Com alento, não de choro.
Dá prazer, e não lamento
Para querer, sem crer estar;
Pra combater o tormento
Sem laxismo nem decoro,
O corpo é instrumento
De dar prazer, não dá penar.


O corpo é instrumento
De ser feliz, não de pesar,
Seja rápido ou lento,
O corpo é instrumento
Não de doer, mas de amar.


O corpo quer só bom trato
E atenção, pra conseguir
Uma plena realização.
Não é pedra no sapato
Ou ingrato por condição
De coxeio, mas de sorrir.


Meio de gozo sem perversão
Nem ditado, que premeia,
Ou círculo quadrado,
Mas diz sim, se sim; não, se não
Em todo e qualquer lado
Se apraz, não esperneia
Meio de gozo sem perversão
Nem ditado que permeia,
O corpo é instrumento
De ser feliz, não de pesar,
Seja rápido ou lento,
O corpo é instrumento
Não de doer, mas de amar.



Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

sexta-feira, abril 10, 2020

VIAGEM SILÁBICA





VIAGEM SILÁBICA



Hoje queria fazer-te um poema
Sem nuvens...
Daqueles imaculadamente
Eternos,
Cujos algoritmo e teorema
Seja passada suficiente
E demonstre teus olhos ternos.
Então, seria uma estrela
Um sonho puro, fulgente
Nave brilhante entre nuvens.
Grito de saudade, ao vê-la
Porque a não vês, mas só tu tens...



Hoje queria fazer-te um poema
Sem nuvens, apenas sol e azul,
Nave cujo leme, e lema,
Como um poema de viagens
Idílicas, rumasse ao sul.



Hoje queria fazer-te um poema
Sem receios, perdas, nem desdéns
Mas que te desse os PARABÉNS!



Joaquim Maria Castanho



sexta-feira, abril 03, 2020

ABRAÇO IDEAL





ABRAÇO IDEAL



Tenho sede de ti
De beber teu café
De trincar teu nome
Como quem morde uma estrela
Sábia e doce
É que ver-te é vê-la
Futuro quase ali
Alma que brilha
Mas não se consome.
Nota de rodapé
Flor
Que também o amor...
Perfilha!



Joaquim Maria Castanho

segunda-feira, março 30, 2020

POMBA BRAVA





POMBA BRAVA


Eu venho de há muito tempo atrás
Mas o futuro é o meu habitáculo de salvação...
Trago a rota do saber que a si mesmo faz
E nos olhos os brotos que são meu pão.



Já fui mensageiro de guerra
E já fui mensageira da paz;
Provei ao mundo que a vida não erra,
Aprendi a primavera
E tudo o que ela nos traz.



Soltei granizos sobre os telhados
Mais frágeis de qualquer nação,
Contudo, ao ver os vidros quebrados
Disfarcei-os em espelhos de ilusão.



Então, nesse receio tão tosco
Feito de certezas me confundo,
Fiz nós de nós pra nós e connosco
Aspergirmos os vírus do mundo.



De ilusões, de medos, de receios
De solidões cumulativas muito bem conjugadas,
Cujos nós ataram e reataram todos os enleios
Antes perdidos nas teias das estradas.



Joaquim Maria Castanho

quinta-feira, fevereiro 27, 2020

ABRAÇAR NÃO É ESTRANGULAR





ABRAÇAR NÃO É ESTRANGULAR



Cada dia que desperdiças
Com quem jamais te amará
Dia roubado a quem t'adora
Oxidação das dobradiças
Ponto de rotura, letra agá
Morto e alcatruz de nora
Que roto está, água verte...
É ânsia fria e inerte.



Amar não é isso, nunca doi;
É outra coisa muito além...
É um oxidar que não corroi.
É envelhecer que só faz bem!



Joaquim Maria Castanho
Com foto por Elie Andrade