A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Assim Resistiremos, Até Haver Sinal



Inanna, aquela que ao mesmo tempo é neta
E é avó, é também filha e é mãe, e no respeito
A Arina recebeu das edubas de Shara a meta,
A palavra que soa nas mentes ao ritmo do peito
E acalenta com seu pulsar a respiração da Lua
Que fecundada é quando leda e plena mingua,
Manda que te diga e segrede o murmúrio do mar
Sopre a pérola dos lábios de amigo para amiga
Que isso do desejo é onda de espuma e cantiga
Onde apenas baloiça e dança quem sabe esperar…

Que sempre haverá alva na rosácea ansiedade
E brilho no olhar após respirar o alor da saciedade!

sábado, fevereiro 19, 2011

Sonhar é Abraçar-te Recordando Arina

Aberta a rosa da álgebra solta
Silvam aéreos reflexos da alma
Envolta a soletrar os atritos que salta
E aclama, chama acesa que acalma
E acena A Deus, eis Inanna, a maior Mãe
Que é Grande como Grande é seu Amor – também!

Mas se no topo da colina o sol declina
É Arina quem assim aceso e rubro o mantém,
Cujos raios como sedas de Borak sacode a crina
E à desfilada nos faz voar entre o real e o Além,
Casa sua e trono daquela que sendo Deus é mulher
E sendo mulher é irmã, esposa, estrela, rosa, mãe
Do sonho que a si mesma sonha se nos deseja e quer.

E ei-la tecendo agora neste repente o instante
Do abraço entre a realidade e a pura fantasia,
Que sendo Sol é igualmente espelho e amante
Adormecida Lua a iluminar a noite em outro dia
No Templo de Shara celebrado e dito e recriado
Colo de receber a palavra como ente vivo e amado.

Que a ternura é o manto violeta de seda doce e pura
Solfejo de ambrósia no repasto das almas famintas
Adocicadas reservas de aromas silvestres e cordura
Essa a da verdade aliciada das cores com que te pintas
E me destilas no verbo que a conjugar-se se aventura
A sonhar ser próprio amor que em amor único consintas.

Alimento de deuses que A Deus se comete cultivar agora
Outro âmbar de palavras feito produto do tempo e história
Onde o reduto dos homens se entrincheira na memória
Viva, dádiva que se promete e reinventa na vivaz demora
Dos lábios sobre lábios que como língua a língua devora
Dizendo sua meiga magia feita divina para intensa glória
A palavra que é gesto e num gesto a gesta humana aflora.

Arde-me a rosa na alva serenidade de teu olhar vigente
Sobre os andaimes da reminiscência ancestral, contudo
Em cada ramo da árvore do renascido amor há a semente
De quanto somos ainda repetições antigas na fé do mundo:

Arina é outra vez a vez que nasce para contar o destino
Que o ser humano apenas escuta, como qualquer menino
Disposto a alcançar o rosto da alegria suprema na esquina
Daquela cujo olhar a ver as flores na flor me ensina segredos
Rimas iniciais à repetida estrofe, encantos mágicos da flor lida
Que o sonho é igualmente duas mãos de entrelaçados dedos
Sem medo trocado nem fuga aflita perante os possíveis medos
Que escurecem os céus ou encrespam as vagas do mar da vida.

É sonhar de abraço e respirar adormecendo de qualquer amante
Num segredo arrebatado revisitando Arina e apagar todo perigo
Que o mundo se expande se o sonho se inclina e salta ofegante
Ao adormecer no desejo ardente para acordar feliz e vero amigo!

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

A Verdade Vertical da Primeira Linha

Pode chover, pode ventar, esfriar e rugir
Ainda pode também haver morte e breu,
Revoadas de insectos, bancos ruindo falir
Até torres cimeiras a cair, estrelas do céu
Baixarem aos rios dos caudais por ouvir,
Esconderem-se os rostos sob doloroso véu
Ninguém escutar o clamor humano a pedir
Socorro aos deuses com o destino por seu.

Contudo, mesmo que o infinito finito esteja
A madrugada vire tarde e o rumor grito seja,
Repare-se, toda vida passada é futuro intento,
Legítimo instante, insight que repete é reflectido
Após cada dia, cada noite, Sol e Lua no teu… – Nascimento!

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Andam Rosas a Aliciar a Solidão…


Sofro sempre alucinações repetidas de adivinhar-te
Se soam sonetos angélicos nos reflexos da aurora
Porém, cada sílaba acesa perde brilho na demora
De esperar-te: eis a razão desta tão singela arte
Ao cinzelar o sonho da alma na recorrente alegria
Com solstícios de âmbar repercutidos no ar que sia.

Se soubesses isso de sentir alvoradas ante a rebeldia
Corpo que insiste em galopar à desfilada conciliadora
Os verbos com o freio nos dentes, os lábios sôfregos
As mãos que procuram segurar-se aos vazios da hora
Abertas num grito, os dedos hirtos vencendo trôpegos
Silêncios da sonata áspera da resignação à aridez do dia…

Então, saberias arrotear as ravinas da ausência na sorte
Que é ver-te mesmo quando não estás – e em toda a parte!

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Secreta Alucinação de Regresso à Antiguidade

Se procurar antecedesse a voz e suprimisse a distância
Então ninguém poderia duvidar de meu ver-te alucinado,
Ver-te a todo o instante como em todo e qualquer lado:
Que a magia acontece e permanece muito para lá da infância.

Tenho a sorte de pensar por imagens e tu és [o] só o quadro
Preferido, a foto permanente do meu ambiente de eficácia
Onde me desenvolvo como palavra de brincar à solta no adro
A rodar o pião ou a virgular entre os ledos verbos da audácia.

Não nego, em momento nenhum, que veem nisto loucura
Como se insano estado fosse este ao querer uma realização
Que acontece se se entretece a vontade ansiada da alma pura,
Com as mais finas linhas e veias tecidas que nascem no coração…


Porém, da Babilónia a esposa do patriarca me sorri enigmática
E eu, perdido por tamanha magia, torno-me poema sem lição
Nem regra, nem forma explícita, ou limitação doutra gramática!

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Visão Fugaz

Às vezes acordo disparado entre o sufoco e o vil vazio
E dou por mim arrependido por não te ter dito a verdade
Do olhar, a sombra quebrada na esquina, quilha de navio
A mesma luz que ilumina também é capaz da escuridade…

Assim tipo bala de canhão humano feito um arco e até rio
Ponte entre margens por desenhar na topografia da idade
Sulco na pele a rasgar o desalinho das velas e seu pavio
De brilhar aceso na escuridão das ruas e vielas da cidade.

Negrito
Instante que sucumbe ante o flash da memória que resiste
E abriga todos os quereres que calados nos dissemos sós
Sem mais ninguém a quem nos socorrermos além de nós;

Que a vida e a solidão nada têm em si que seja tão triste
Como esse risco de abrir os olhos perante o silêncio atroz
E
ver que ver é só momento e o instante que não persiste!