A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

segunda-feira, junho 17, 2013

VONTADE GLOBAL

(a Galileu Galilei)

Creio ser de somenos este palpite
Que a terra não gira mais depressa
Por haver bravas e ruidosas ventanias…
Porém, fica-me bem que ainda acredite
Que toda a causa é visível, e promessa
Dos sentidos domarem a razão com manias.



Podia ser de outro modo? Podia, sim ;
E bem justo era que assim fosse, até
Por ser a hipótese um apetite, que a fé
Me trouxe, de ver como a terra roda sem mim.

domingo, junho 16, 2013

OLHAR NAVEGANTE


Quando conserto o olhar magoado
Pela verdura que vejo em frente,
Logo me vem ao sonho o estrado
Da ponte deste ao teu continente.

Que sentir não teme distâncias,
Nem se atém ao universo limitado
De um bem-querer cujas ânsias
Estejam sempre do mesmo lado…

Ora ele vem e vai; ora, vai e vem,
Baloiçando sobre ondas digitais,
Querendo tanto que seu querer bem
É um bem-quer de querer bem demais.



Ai!!!!!....



Sempre afeitos ao microfone
Ninguém lhes leva à palma
A pintar a situação visível
Com as cores do seu nome,
Esquecendo que a lusa alma
À verdade é bem sensível
E não quer ser enganada:

Que prà política ser credível
E defender a gente honrada,
Não deve ter seu dizível
No blá-blá que não diz nada!



OS PROJETOS ELABORAM-SE, NÃO SE ESPERAM



Viver é abrir,
Morrer é fechar;
Que saber sorrir
Acarreta amar.

Abrir é nascer
E omitir, acabar;
Quem sonha tem crer
E quer sem esperar.


sábado, junho 15, 2013

ESCREVER É ESCOLHER



Proveito e oportunidade
Estão ligados entre si:
Do primeiro, a utilidade
Com que a segunda devora
A prioridade no aqui
E agora, que é, do que li,
O que nunca deitei fora.

sexta-feira, junho 14, 2013

QUE AS RIMAS NOS SALVEM!



Digo tantas nadas(1)
Que ao algo desnoto;
E não fossem rimadas,
Tudo era bem pouco.



Ao vivente é dado
Esquecer mor lição,
Da que nasce ao lado,
Em pura ilusão…



(1)     Bagatelas, coisas nenhumas, ninharias, nonadas e inutilidades.

quinta-feira, junho 13, 2013

DE BRAÇO ERGUIDO – II



Nas famílias, perante o melhor gesto
Sempre há alguém a aprendê-lo por perto,
Que o futuro, quando se quer lesto
É um hoje a que o passado dá concerto.



Tudo o que somos já certamente foi
Um dia, em qualquer lado, ‘teve alguém
A fazer copy past do DNA se constrói
Assimilando-o, para vir a sê-lo noutrem.



O SUSTENIDO DO ECO



Há, na planície
Um silêncio assustado,
De quem a si mesmo disse
Ter de ir trabalhar noutro lado…

E ainda que ninguém o escute
Ou tenha por interrompido,
Eis que o olhar o repercute

Como um eco em sustenido. 
AS PESSOAS SÓ SONHAM SER… E DEPOIS SÃO.



Me enleias por abraço
Neste desassossego de alma,
Que o heterónimo é um traço
De quem se fez na própria palma.



Mais a de Ophélia o querer,
Conjugado num foi sequer,
Tendo o tampouco que tinha
Já que não há outra inha-inha
Da vida rainha, que nasceu pra ser
O verso numa linha de mulher.

(13.06.2013)

segunda-feira, junho 10, 2013

POBRE POETA (É O POVO)



Ao dia em que Camões morreu
Deram-lhe os “amigos” outro funeral:
Fizeram dele a efígie e o camafeu
Pràs comendas do “ilustre” Portugal.

De amargurada vida feneceu,
Mas após morte teve pedestal…
Até parece que o portuga nasceu
Só pra ser molestado e passar mal.

Porém, hoje vaticinam doutos sábios
Serem o valorizar do património
E a ruralidade, os novos astrolábios



Que vão tirar-nos deste Santantónio,
Desta Troika, por cujos finos lábios
Andamos todos neste pandemónio!