A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quarta-feira, abril 29, 2009

terça-feira, abril 28, 2009

Secreta Soletração Para Arina em Flor

No jardim das azáleas negoceio-me entrega à divina pérola e-
Regateio. Regateio. Regateio a sombra, o eco de teus passos
E adormeço no centeio enquanto estremeço enleios e- laços
Baraços de jungir os caules decepados sob as áureas espigas
Posta entre as demais raparigas pareces ser apenas estandarte
Brisa dos sonhos apegados nas vigas de todas e qualquer arte
Eis-me reduto de secretos sinais cruzados na volúpia da voz
Babel em espiral de saber que não vives em vão faz-me nascer
Tal como renascem os faróis incandescentes do lodoso chão
Tal como da semente do ser brota o grito da dúvida e da razão
Tal como o «sim» em mim exige enfim até a própria exaustão
Anuência plena no afago da seara que ondeia ante as sombras
A nuvem do gesto segador de teus braços nus em meu redor
O arco poro a poro, dígito a dígito, flexível de desferir audácia
Em raios de infindáveis luminescências que aspergem a noite
O breu das ignaras portas nos socalcos empedernidos do medo
Escarpas da angústia ao azedo acre que aflora a glote no silêncio
Aglutinante se diz tão-só estilhaçado pelo teu sereno dizer a luz
Suas réstias como lâminas que cortam a penumbra das tardes
Raios laser branco incisivo trasbordantes das frinchas do soalho
Digo, deste chão onde adormeço de ventre colado à terra solta
Brava e esfarelada por meus dedos que tentam segurar-se nela
Fundir-te em mim, prender-te até doer na vocifera ardida posse:
Sega ceifeira o cego nó, que ser é abraçar até doer sem rede e dó.

Regateio. Regateio. De ti somente me satisfaz o demasiado dado
O quanto precioso cujo preço é sempre uma honra impagável
A exigência irremediável da entrega que afinal é só um princípio
Uno sem-fim que à vida implora sua pétala de rosto bravo, digo eu!

quinta-feira, abril 23, 2009

Disseste-me amor na papoila em flor de encarnado vestida
Que aspergida e matizada a pérola com a bruma de Tróia,
Entre o papiro das páginas meigas corolas abertas à História
Havia tanto de memória acesa breve quanto lúcido desejo
Nas ninfas do Tejo em cujas margens a sereia etrusca bóia
Nos enleia e entorpece na submissão que nunca se esquece,
Foste, dizes ainda, a entretecida sombra das cores da ousadia
Silvestres esgares nas aras com que a curiosidade me seduzia
E ditava guerras a raptos em segundo nome por hípicas vozes
Armadilhadas celebrações a helénicas sibilas no voo dos albatrozes.

terça-feira, abril 07, 2009

Aos Refrães Acodem Sonhos

Tive azar com os meus pintassilgos...
Parece que um deles me saiu escritor!
E para este, todos os dias são domingos
Que da semana, é aquele em que canta a dobrado fervor.

Ali fica, parado em qualquer galho
Horas a fio a contar, em árias mexidinhas
Trinados estridentes, e até Jazz ou Bossa Nova,
Se calhar comentando quanto foi o trabalho
Que entrementes, teriam feito as pintassilguinhas
Que seu canto enaltece num refrão que se renova.

Tive azar com estas duas crias:
É que uma delas, extraviou.
Canta que conta, traz-me arrelias
E obriga-me a ser quem apenas sou!