FOTO SÍNTESE
Vê como Érato
alinha a forma
E geometricamente
expõe, exila
Extrai a ganga que
a contorna
Como s’esta fosse
pedra ou argila...
E de como ela emerge nobre
Elaborada do contido cobre
Do caos insigne, desorganizado
Para à vista de quem a descobre
Se forjar num rosto significado!
Aqui está,
emergente!... o ar reflexo de um se
Desfilando no se
ainda houver tempo
Desde a Sé às
muralhas centenárias,
Ou dos S.
Francisco e Bernardo Convento
Santa Clara e
Arcos de abrir-se
Às quatro
paisagens tão contrárias:
O Alentejo como um
Sul da Beira e Nordeste
E Ribatejo além do
serrano silvestre.
E assim, que nem
tronco libertado
Fita da Atalaia a
Penha ermida,
Para em cada
soslaio de seduzida
Crescer de bairro
em bairro ajardinado.
Pelo sonho bucólico dum Cristóvão Falcão
Ou pelo tédio de Fernando Pessoa,
Ou pelo ar de mistério dum Cezarine –
contradição
À vista da toada que Villaret entoa
Do Régio provinciano, a pasmar Lisboa.
Vê de como Érato
descansa
Agora,
O cinzel entre as
mãos e a mágoa
Para no jardim de
cada criança,
Parque ou praia
fora
Escrever com cara
gota de água
A saudade
Pelos que foram
embora...
E vê de como
também
Os olhos dos que
sendo estudantes
Nela reconhecem a
foto de pai e mãe,
Já em fado de
amantes,
Para quando mais
ninguém
Os vir assim... distantes
Lhe acenarem –
diletantes!