A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

segunda-feira, outubro 29, 2012


SÁBADO, dia 3 de novembro, HÁ (MAIS) POESIA EM PORTALEGRE


A poesia, se traz na alma a marca dos lugares que os poetas frequentaram e as pessoas com quem conviveram, tem o mérito de traduzir esse quanto de harmonioso e sentimental que cimentou a história dos homens e mulheres como das cidades onde se cristalizaram gente – e vida!
Vai daí, há seis anos consecutivos que a iniciativa e a criação poética tem acontecido, mais ou menos de mês a mês, com exceção de pequenos interregnos sem grande significado nem moléstia de desabituação para os adeptos dessa expressão artística milenar, quiçá nascida ainda como ecolalia no berço da humanidade. Desta feita, e celebrando o fato, inaugurar-se-á a exposição coletiva de poemas, sábado, dia 3 de novembro, pelas 16 horas, na Galeria Tempo Sem Fim, em Portalegre, onde permanecerá até ao dia 31 de dezembro deste ano.

Não creio que seja o culminar de uma ação constante e de uma criação desconexa o que nela se poderá assistir, mas antes a síntese de um esforço múltiplo, de cada poeta e poetisa, como da organização de ambas as etiquetas (Momentos de Poesia e Galeria Tempo Sem Fim), que intentou dar a conhecer o vitral da imagética portalegrense sob as tonalidades da escrita em carne viva, a que o sangue comum emprestou o DNA da participada e envolvida vontade de desenvolvimento e progresso de uma região a braços com diversos problemas e assimetrias, entre os quais, a crise geral que o país atravessa. É, digamos assim, o humilde contributo de quantos e quantas fizeram da palavra uma estratégia para dignificar a existência e os seus semelhantes, a arte e o sentimento, a emoção e esse enorme pecado que dificilmente seremos perdoados: a ternura, o amor e amizade.



Portanto, o Convite a que se junte a nós nesse dia, aqui lhe fica dirigido, com a atenção e cuidado que irremediavelmente merece… Bem-vindos e bem-vindas sejam!    

domingo, outubro 28, 2012


DA OXIDAÇÃO DO SER



Eu podia ter um anjo amarelo
– Mas não tenho…
Ou um diabinho rosa circunspeto…
– Mas também não tenho.



Igualmente, quando contra a luz me ponho
(Sujeito e verso descubro de pronto)
É tal e tão difuso o meu aspeto
Que sendo eu, outro de mim me suponho.



Por isso, não exijo nada ao Ser
Cuja identidade me abarca condigno;
Basta-me observar e de imediato esquecer
Ainda assim o melhor de mim se não torne maligno!



domingo, outubro 14, 2012


DE BRAÇO ERGUIDO



Torarei de pronto mal souber a voz
Ou me amanhecer teu rosto vivaz,
Que o destino afronto em cascas de noz
Deixando o passado passar para trás…



Trastanto o verbo há de ser mais um nós
De conjugar o querer crendo no que se faz,
Porque é do mundo criar estando a sós
Se sabido for em fazer o que a todos nos traz.



Traz por mim, traz por vós, assim por diante
Passo a passo cumprindo o mister destinado,
Que a vida nos escolheu seu primeiro amante
Logo no primeiro choro que por nós fora dado.



Isso comigo se passou, e convosco foi passado,
Que nosso bem é grande, mesmo sendo um punhado!


sábado, outubro 13, 2012


NO EMBALO DO BALAIO



Neste balaio carrego
Minha serena condição,
Que a vida toma o rego
Prà vereda mais à mão…



E rumo de rima e aprumo
Fuzilaz para o zulzul,
Escorrente água e sumo
Nascidos do verão do sul.



Praias e música é bagagem
De quem não sabe naufragar,
Que se o amor é de torna-viagem
Então vai e vem – e torna a amar!



quarta-feira, outubro 03, 2012


DO NÚCLEO, A ESPIRAL



É difícil o despovoar dos sonhos cimentados
Crescidos no dia-a-dia ante os teus gestos
Como verbos de arrumar em livros catalogados
Novos, reposições, como registos, e lestos
De pronto se autorizam e te obedecem servis…



Por mim o digo, que no contento de tuas mãos
Me andam ajeitados os puros sentimentos
Balançando nas ondas de teus cabelos, sutis
Vaivéns de quem alisa recatados desvãos
Onde moram os secretos anseios e alentos.  



Pudera eu ser o teu andar! Pudera eu ser, então,
Todo o ar que respiras para ir até cada poro teu,
Invadir de manso tua íntima pele, e na sofreguidão
De ver-te cirandar, rodopiar em mim até ao céu!