A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

terça-feira, março 09, 2010

Dia de Infinito



Ontem lembrei-me de ti, Arina – era o dia da mulher... –
Mas eis que assustado, me retraí
Por ser a celebração de um ser que ninguém quer
Ser, excepto quando alguém se refere
Ao Ágora de simplesmente agora e aqui
Onde viver, nem é o sinónimo de sobreviver sequer.

Não sou ingrato, escuta, a Lua desce
Raio a raio na noite escura e mingua,
Mas entanto no coração a ternura cresce
Floresce, em teu seio a pérola líquida, nua.

Sei pouco de escutar-te – o ouvido colado
Ao ventre, os olhos postos no nódulo de luz,
Ao seio, o asseio da boca no contacto original
Desejado, mas anexado aos signos da cruz
Eis-me sinal calado do silêncio que nos traduz.

Podíamos ser outros se acaso o tédio da união
Andasse de mãos dadas com o grito de luta,
Todavia, da data, nasceu essa pura contradição
Que é a de que quem ouve, dificilmente escuta
Outro silêncio, outra voz, outra labuta,
Outra língua que não sua, em qualquer ocasião.



E disso é testemunho, ter os sentidos por metade
A que faltam a empatia e a propriocepção,
Como ao esquecimento tão-só chamar saudade...

Faz-se o mundo, depois construi-se nele a vida,
Porém dela, aos buracos negros chamamos desvão
Onde arrumá-la, como a mais uma intenção perdida
De onde jamais lhe viria na vida, a mínima qualidade
Ou lídima exactidão, que invocar o Sol, é nomear a Verdade.