A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quarta-feira, julho 04, 2012


NO PREDICADO, A IDENTIDADE



1.

Pigarreando a voz, exercício afinado, de imediato
Respiro o sol, a macia volúpia do crepúsculo…
Não há gesto que melhor nos esconda
Do que a silhueta perfilada ante o ocaso;
A penumbra agridoce da tarde, o estio violeta
A sombra que entretece a dúvida, o vento
Norte fresco do destino a eclodir maduro.



Se a tua paz é a minha aflição febril
O anil aceso duma aguarela visceral,
Porque danças e balanças os braços nus
Tecendo luz na insurgida escuridão do silêncio?

O rosto diz-te, mas a alma sublinha-te verbo
E eu apenas recito, nego a oralidade do esquecimento.


2.


Acende-se a manhã, é como quem assopra
O nevoeiro dilui-se, o palimpsesto remanesce
A tinta desbotada dos ontens grita sua sobra
Num brilho novo que ao antigo nunca esquece…



És a minha única fragilidade, e aquela que cobra
De mim a dor; quem te magoa me fere, embrutece
Torna ímpio e cruel; rasga no ponto da dobra
O puído ânimo das malhas que o universo tece.

Sofrer é isso… Temer que a pior das piores desgraças
Nos aconteça. E para além do tédio, do choro e do riso
Reconhecer que para ser muito feliz somente é preciso



Que nada de grave te alcança quando leda passas
A fronteira das visões imaginadas, logo (pres) sentidas
Que é onde desaguam todos os medos – todas as vidas! 

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