A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sábado, abril 25, 2015

O SICOFANTA

MURMÚRIO DE SANGUE…

Soletro-te o nome devagarinho
Como quem o diz em filigrana,
E cada letra é mais um hino
Desse puro amor, que não engana…


É gesto simples, afeto rendido,
Olhar grande (d’eliminar voz insana),
Onde o querer no coração proferido
Apenas diz: «PA-RA-BÉNS… MARIANA!»

Joaquim Castanho


NA  LEITURA  DAS  FOLHAS


A minha voz atravessa-me do princípio ao fim
Todo, antes de sair derradeira pela boca vulcânica
É lava do fundo, incandescente génese genital
Capaz de converter o múrmur do figo maduro
Silente síntese imediata entre o mel e o leite
Nos teus lábios de gritar sem o estridor da fé
Mas determinada na simbiose da sicomancia.

Grotescos, deveras grotescos, apenas o beijos por dar
Os que não soubemos aconchegar na seda dos lábios.

J Maria Castanho





O   SICOFANTA


Que é isso, da voz dos bojudos e redondos cântaros
Quando cheios de água até ao cimo da boca
Rogando pelo poeta, bardo ou aedo sicofanta
E suas palavras que lhe denunciem os figos
O granulado mel entrevisto no imo liquefeito
Húmus, adubo do prazer na transparência
Cristalina profundidade que assusta o olhar
Se em vertigem atirado ao interior de seu ventre?

É a frescura boreal quem melhor contrabandeia
O fruto doce e aveludado sob as folhas escondido
Verdes rugosas e felpudas, ásperas e combatentes
De tuas vestes e mantos de queda de água, na catarata
Com que te resguardas de mim, estorninho gritante.

Devias sabê-lo desde o início, como lei da Lei.


J Maria Castanho

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