A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

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São o chão em chamas onde as lavras

quarta-feira, novembro 11, 2015

TROVA DO OLHAR PRIMEIRO




TROVA DO OLHAR PRIMEIRO 


Já caía sombra de sobra sobre ti
Sobre mim, e sobre o universo
Quando a luz nos interrompeu; 
E foi então que, e de súbito, vi  
O centro do mundo não sou eu... 
Porque, sem nada de perverso, 
O procuro, e só o encontro de vez
Quando olho nos olhos de Inês.   

São o refrão duma ária antiga; 
São a fórmula mágica e musical
Desse tempo que agora começa, 
Tão ritmado como uma cantiga 
Cavalheiresca ao jeito provençal; 
E que às lusas liras pede meça
Como quem desafia o português,
Quando olho nos olhos de Inês.

Pois o destino de cada trovador
Já há muito que lhe foi traçado... 
Foi o jogral das alquimias vivas;
Foi o garimpeiro do puro amor;
Foi lidador pelo ideal cuidado;
Foi são escravo de suas cativas;  
E o cantor que todos os cantos fez 
Quando olho nos olhos de Inês. 

E também foi quem apenas se quis ser,
Sem mais nada nesta vida almejar, 
Do que só aquele simples escritor
Que jamais desistiu de aprender, 
Ou de ler, ou de ouvir e pesquisar,   
E sentir exatamente o mesmo fervor,
Com que o fez dessa primeira vez
Em que ao olhar viu os olhos de Inês.  


Joaquim Castanho

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