A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

segunda-feira, fevereiro 29, 2016

O APELO DO INFINITO




O APELO DO INFINITO 

Se cuida quem é afoito
E vai à frente dos dias, 
Nas horas em que pernoito
À luz de tuas alegrias... 
Porque nelas me acoito
Que nem fossem fantasias 
– Olhos num deitado oito
A perscrutar manhãs frias. 

E nesse gesto tão vasto
Quanto é a esperança, 
Dou-te beijo puro e casto
Numa nuvem que balança, 
Puxa, me leva de arrasto
O vento em que voga (e dança). 

Joaquim Castanho

FLOR D'ENTARDECER


ESTRADA DA RENOVAÇÃO


sábado, fevereiro 27, 2016

Foi só um segundo, se tanto!





Foi só um segundo – se tanto! – 
Enquanto o sorriso durou, 
Mas foi tamanho o encanto
Que esse segundo me bastou. 
A dúvida, inseguro manto
Qual sombra, se desanuviou, 
E alegria eliminou o pranto
Com o sol limpo qu'então brotou. 

De passagem, a magia doce diz
Mais que milénios havidos
Quanto o amor, só por um triz 
Nos toca fund'alma e sentidos... 
Tal disse teu sorriso – e lhe quis
Muito mais que a mil já tidos.  

Joaquim Castanho

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

FUNDO DE MANEIO




FUNDO DE MANEIO

Há uma visão nesta saga
Pra que se escreva o destino, 
Cuja tinta é a nossa paga
Com o suor desde menino; 
Escola de um outro curso
Com diploma na dignidade, 
Alfabeto dos dias avulso
Na oração da necessidade. 

Por isso se escoam azedos,  
Cifrados modos de tristeza, 
Em moedas a que teus dedos
Não palpam qualquer beleza.   

Joaquim Castanho

quinta-feira, fevereiro 25, 2016

NO APERTO DA LEI




NO APERTO DA LEI 

Adoeceu-me a dor. 
Deu-lhe de repente. 
Ontem 'tava boa, 
Mas hoje 'tá doente. 

Adoeceu-me a dor... 
E num instante,
Não há que me doa 
Daqui em diante.

Milagre? Não sei... 
Remédio... Quem sabe! 
Se o amor é Lei,
A dor não lhe cabe.

Joaquim Castanho  

SOSLAIO





SOSLAIO 

Cada fim é um meio
Na senda de seu fim,
Nesse doce enleio 
Por que nascem flores, 
Primaveras, cores
Lavandas, alecrim. 

Aves vestem plumas. 
O céu, estrelado. 
E as moças... Algumas,
Só nos olham de lado! 

Joaquim Castanho 

terça-feira, fevereiro 23, 2016

DOCE FAINA




DOCE FAINA 

Na solidão de tuas correntes
Meu aconchego, meu naufrágio
Nos sentires por que sentes
Sou teu argonauta, e contágio.
Que a rima me trouxe à vela
Quando rumei só, sem medida, 
E pouco a pouco plas marés dela
Me ancorou à própria vida 
– Com gestos de rosa à bolina
Pleno vogar de espinho manso,
Abranda o ser que me inclina,
Alcança o ritmo no balanço. 


E assim, encantado por sereia
A cujos suspiros estremeço, 
Aliso teus cabelos de areia 
– Acúmulo os beijos que te peço. 

Joaquim Castanho 

RAZÃO SOLAR





RAZÃO SOLAR

Balança-me a saudade
Sobre estas águas e luz,
Prò resto da eternidade
Que o teu olhar traduz.

Seu fulgor tem a mansidão
Dos socalcos que desceu, 
Como ouro a dourar razão
Na razão co Douro lhe deu. 

Joaquim Castanho

segunda-feira, fevereiro 22, 2016

NO SILÊNCIO A VOZ




NO SILÊNCIO A VOZ 

Sou sinal de porta aberta
Dum futuro que já me disse,
No escuro da rota incerta
Pra que teu peito se abrisse. 

E se me cruzo com o teu olhar
Num impulso respiro o mar
A que o rio me deitou um dia... 

Mas nesse querer que é esperar,
Com que se é porto ou lugar,
A luz me faz foz por magia!

Joaquim Castanho 

domingo, fevereiro 21, 2016

CORRENTE DE APORTAR




CORRENTE DE APORTAR

Meus dias já foram pardos
Tão sem norte, tão sem brilho
Quas'enseada de cardos, 
Da morte me senti filho. 
Voguei em mar cavado, 
Por mar chão adornei sentir, 
Entre margens fui meu lado
Vaga a descer, onda a subir. 

E desse céu que espelhei
Quantas vezes bem agreste, 
Aportei rabelo sem lei
Só plo néctar que me deste. 

Joaquim Castanho

sábado, fevereiro 20, 2016

OS SEGREDOS DO LUAR




OS SEGREDOS DO LUAR

A noite rasga seus traços
Numa condição adstrita,
Pelo que são os nossos passos
Na sua própria escrita... 

E tendo que contar assim
Dessas linhas em seu cerzir, 
Eis que conta também para mim
O que só a Lua pode ouvir. 

Joaquim Castanho

SONHO AZUL




SONHO AZUL 

Me desbasta a vida pouco a pouco
Como um respirar de brandura, 
Que percorrer o sonho é de louco 
– Tal água mole em pedra dura.
Intenso, por vezes, áspero até
Acelera o pensar se o penso
Carrega-me o desespero de fé. 

A sua estirpe torceu o mundo
Conduzindo-o bem para lá do lá, 
E deu-lhe um céu tão profundo
Que, se o chamarmos, ele virá. 
Forjou o voo imortal e ufano, 
Com que o mais simples animal
Se tornou racional – e humano. 

E assinou o espaço infinito
Com laivos de angelicais penas, 
No sussurro azul desse grito
De onde nascem todos os poemas. 

Joaquim Castanho 

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

QUERER OU NÃO QUERER LER


É URGENTE (inventar) O AMOR


A GENICA DO POEMA




A GENICA DO POEMA 

Entre a pré-compreensão e a compreensão
Há um número infinito de poemas
Que escapam à nossa interpretação, 
Ocultos em subtemas de seus temas.
Uns, são oriundos do vocabulário; 
Outros, têm origem no inconsciente. 
Porém, todos são também seu contrário
Mesmo que o não tenhamos pertinente. 
Se lidos, as mais das vezes, tão-só são
Lineares encadeamentos de palavras; 
Mas ao ouvi-los mudam sempre a questão
E acrescentam à nossa vista outra visão, 
De que as metáforas também são escravas. 

Que na vida, nenhuma sílaba é serena... 
Este mesmo poema me disse a mim, hoje
Que o seu significado só vale a pena
Se ao temo-lo ao mesmo tempo nos foge!

Joaquim Castanho

quinta-feira, fevereiro 18, 2016

NEM TODA A PÍLULA É REMÉDIO




NEM TODA A PÍLULA É REMÉDIO

Que todo o poema é hermenêutico 
Por mais sucinto e breve que seja, 
Sabe-o a pena do poeta, se é ético
E em prosa verseja, como assim veja 
Mais-valia em qualquer prosar poético,
Se pla poesia integral a não almeja... 

O seu sentido é fechado, é circular
E diz, não dos sentidos o que é vulgar
Mas o que é matriz d'êxtase e empatia; 
Pois que dizer em verso não é pecar,
Nem tem nexo o desejo que vê e quer sexo
No polissémico amplexo da poesia.   

Todo o poema volta a si mesmo no fim. 
Do que resulta, ser de si propedêutico; 
E se nem todo o verso é poema, assim 
Não é remédio o placebo farmacêutico. 

Joaquim Castanho 

quarta-feira, fevereiro 17, 2016

NAUFRÁGIO MOMENTÂNEO




NAUFRÁGIO MOMENTÂNEO 

Quando o verbo percorre e dista
Sopra, chispa (sílabas), adoça
Momentos, denomina e avista
Sentidos, astrolábio de ser 
A tecer rumo, rota, frota, prumo
Nesse tudo que acosta, assumo
Que a vida exige sempre viver. 

É ela, não nós, quem marca a sina
Dispara o arco, se te abarco
Me anima, de pronto ilumina
Alinha o horizonte do barco
Insigne e parco, da popa à proa
Porque só teu olhar é o marco... 
Por que soment'ele m'abalroa! 

Joaquim Castanho 

terça-feira, fevereiro 16, 2016

ÍNTIMO JARDIM




ÍNTIMO JARDIM 

Teu rosto redondo de Lua
Sem sombra na tarde, dia
Que inventou A Sol pla rua
Escorrendo luz e alegria, 
É o meu hangar de flores
Aromas, pétalas, cores... 

Se te grito ao céu cedo
Incréu ao ledo voo, 
E além de voz soo segredo
N'olhar com que a ti me dou. 

Joaquim Castanho

domingo, fevereiro 14, 2016

A VOZ DO VENTO ENTRE AS VOZES




A VOZ DO VENTO ENTRE AS VOZES


Pois claudica a sombra ante a claridade,
E também a palavra plo jogo de linguagem, 
Ao saber-se num contexto como verdade
À revelia de sua história, e linhagem. 
Que dizer amor hoje, não é igual a ontem; 
E ouvir o vento, se estamos na ventania, 
Outro significado tem, se no descampado
Ou entre verde arvoredo; se noite, se dia.

Ainda há pouco, ele gemia triste e coitado... 
Fustigava a janela com enlevada melancolia. 
Foi então que percebi que, no seu arrazoado
Ser ele que te chamava, enquanto eu escrevia.

Joaquim Castanho

sábado, fevereiro 13, 2016

DOÍDAS ESTROFES




DOÍDAS ESTROFES

Teu olhar em mim, de instante perfeito
Fez-me, enfim, correr numa tempestade
Como rio fora do leito, que a saudade
De um dia só, tem assim tamanho efeito
Como qualquer outra nascida de mil dias... 

Mesmo destes, cinzentos de nevoeiro e breu; 
E, não foram as estrofes de sofridas poesias, 
Sem o desabafar, quem muito sofria era só eu. 

Joaquim Castanho 
(Ilustração: Princesas Disney)

sexta-feira, fevereiro 12, 2016

ÍNTIMO OLHAR




ÍNTIMO OLHAR 

Hoje duas amoras negras
Adoçaram o meu olhar, 
Mudando todas as regras
Que nem a Lei ousou mudar. 

Atiraram meu ser ao céu; 
Catapultaram-no prò Além.
Vestindo-me a alma dum véu
Pra não entrar lá mais ninguém. 

E do sentir que há no mundo
Outro mundo me nasceu, 
Onde só o sentir profundo 
Me permite sentir-me teu. 

Joaquim Castanho 

ÁUREA ABERTA




ÁUREA ABERTA

Me acomodo à sensível lide
De apor crescida florescência 
À inquietude que ao ser elide, 
E que assim, à solta, progride
Edificando a permanência. 

Da tez, a memória me pondera,
Numa receita que a dissolve; 
Porém do risco nasce a espera
Que se não desespera, resolve. 

Joaquim Castanho 
(Imagem ilustrativa: Princesas Disney)

ENTRE CORRETO E INCORRETO É QUE A ESCOLHA ESTÁ




ENTRE CORRETO E INCORRETO 
É QUE A ESCOLHA ESTÁ


Porque subcutânea voz nos interpela 
Quando, e se precisamos de decidir, 
É que, se justos, nossas vozes são dela, 
E s'adversos à razão, não nos quer ouvir.
À pieguice das artes e letras, diz que não;
À falsa poesia, nega reconhecimento; 
À sonsa e ufana diáfana do sermão
Das ignaras seletas do blá-blá sabujo
Faz notar o mister mais perverso e sujo
Desse saber diplomado e sem valimento... 

É por ela que seremos atentos e audazes; 
Sem limites que a lei não determine já
Plos interesses e conceitos sãos, capazes
De gerar a retidão que no Direito ainda há. 

Joaquim Castanho        

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

TUDO NA ROSA É REGRA E NORMA




TUDO NA ROSA É REGRA E NORMA

Minha regra é norma aberta
Escrita na ordem vigente, 
Qu'é onde a lei me desperta
Positiva e naturalmente... 
Suas pétalas de mel em flor, 
Sorriso de pepita dourada, 
Incrustada na alma sem dor 
Ao ser pla brisa desfolhada.

Se tem espinhos, eu não o sei; 
Se quer infinitos, não mo diz. 
Amar o próximo é ser a lei –  
Poder d' inspirá-la sem ser juiz.        

Joaquim Castanho

terça-feira, fevereiro 09, 2016

CARDIOGRAMA SECULAR




CARDIOGRAMA SECULAR  


O arquiteto universal 
Esclareceu a humanidade
De que todo o valor, se é real
Tem o gráfico duma cidade,
Gizado na sua vista geral... 
O da nossa evolui constante, 
Tremelica aqui, um pico além, 
Talqual o coração amante
Quando se lembra de "alguém". 

Murada por reis, é rainha, 
E da alegria porto e palco; 
Mas a receita deu-lh'à vinha
Cultivada plo deus Baco.

Joaquim Castanho 
(Ilustração: excerto de foto de Mario Lourenço)
https://www.facebook.com/CartoesAmantesDaPoesia/photos/a.279470145496093.57708.279467508829690/852788684830900/?type=3&pnref=story

segunda-feira, fevereiro 08, 2016




FÉ 

A impertinente Felicidade, que ainda é jovem mas se não chama também Maria, estava, num dia assim, exatamente como hoje, fazendo nada, com todo o cuidado e esmero, que é coisa mais difícil de fazer do que qualquer outra que se conheça, quer por experiência tida, como contada, exceto esquecer, pois que para isso, se exige muita perícia na escolha e abnegação na armazenagem, caso contrário, a gente fica a esquecer aquilo que quer recordar e a lembrar tudo quanto importa esquecer.

E do nada surgiu uma flor. E depois um rosto, que embora de corpo oculto, já se lhe podia vislumbrar o espetro das mãos. Precisamente como se fosse um sol incrustado no horizonte da tarde ou uma lua pendurada da noite, suspensa por invisíveis e misteriosos fios (da trama suspeita e, às vezes, até tenebrosa, dos sonhos, que são sempre desconhecidos por nós nela, como pelos efeitos de ressaca com que desassossegam os espíritos, os corpos e as culturas, a que à imaginação e fantasia não têm muita afeição). 

Creio que era um lírio, uma açucena... 

Ante a brisa estremeceu breve. Pulsou num esgar sob as gotículas do nevoeiro vespertino, sorriu para o nada da menina que, encantada com o tamanho prodígio desse nada que lhe foi tudo, suspirou profundo, estremunhada, e cochichou  murmurando para consigo mesma: «Nestes momentos, coisa nenhuma do que me parece é; e, contudo, sem eles nunca serei.» 

Felicidade, quis eu chamar-lhe. Porém, ela metera os pés ao caminho...e, quando finalmente, proferi a primeira sílaba do seu no nome, ela já ia demasiado longe para me ouvir. 

Joaquim Castanho 

REMANSO MATINAL




REMANSO MATINAL 

Espécie de silêncio, na fala
O vento murmura à água, 
Quanto a nossa luz exala
Doçura e plácida trégua. 
É a fidelidade eterna
Numa canção que mal se ouve;
Mas, como raiz viva, moderna
Só nossa sombra a promove. 

Porém, da manhã, um cicio
Sem lamento que a estorve, 
Pede ao momento seu brio  
De instante que a renove... 
que a renove... que a renove...
que a renove... que a renove...

E ele escuta. A água escreve.

Joaquim Castanho 

sábado, fevereiro 06, 2016

SEARA DE OCASO




SEARA DE OCASO

Incandescente no ocaso 
A solidão que petrifica 
Escreve pleno e de raso 
O instante que explica: 
Somos nuvem do que fomos,
Grão de poeira aos gomos. 

Gomos ou franjas coloridas, 
Fiapos de ser num céu assim, 
Onde se gravam nossas vidas
Com flama cinzenta e carmim. 

Joaquim Castanho

sexta-feira, fevereiro 05, 2016

POR QUE AMANHÃ É SÁBADO




POR QUE AMANHÃ É SÁBADO


Em Uruk, na eduba do templo a Inanna, foi encontrada nos princípios do século passado, entre os algures do tempo, do modo e do lugar, um cofre, uma caixa guarnecida a ouro e prata, com pedras preciosas incrustadas, dentro da qual estavam seis tabuinhas, que se supõe terem sido consideradas sagradas pelas vestais. 

Na primeira, estava vincado, cunhado, escrito, assim: «a cada qual o mesmo que aos seus pares». Na segunda dizia que «a cada um segundo os seus méritos». Na terceira, que «a cada qual conforme as suas obras». Na quarta «a cada um na estrita observância de suas necessidades». A quinta afirmava que «a cada qual de acordo com o que lhe é devido por lei». E a sexta, concluía, que «a cada um consoante a sua posição, responsabilidade e obrigações». Porém, depois desta, havia uma prateleirinha idêntica àquelas onde repousavam as citadas tabuinhas, mas vazia. 

Os estudiosos, arqueólogos, antropólogos e historiadores, conjeturaram ter havido nesta uma sétima tabuinha; e, não obstante, a sua azáfama e acuidada busca, o que é certo, é que não encontraram mais nenhuma, fosse onde fosse, nas ruínas da eduba, nem na nas de sua proximidade. Alguns alvitraram que essa lacuna se devia a alguém a ter retirado, talvez para ministrar culto ou ter presente nos rituais sagrados, não voltando a depositá-la no lugar, por qualquer incidente ou contrariedade ocorrida. 

Terão a sua razão... Talvez. Desconheço-o em absoluto. 
Todavia, creio que nunca lá esteve. Que a sua falta é mais significativa do que a sua presença. Que ela seria um separador... Que ela devia ser o sábado de culto, o sétimo dia, a folga da eduba e do templo. Enfim, que ela era a pausa de reflexão para a consciencialização cívica feita durante os seis dias anteriores. Até porque desconfio que foram elas, essas vestais de Inanna, que instituíram os dias da semana de acordo com o seu sistema hexagonal, e que desde então continuam a ser seis mais um, o separador, não obstante se ter adotado o sistema decimal desde os últimos milénios da nossa civilização. 

E, porque hoje é sexta-feira, vou apenas chamar-lhe amanhã. Não só por ser sábado, mas também porque ainda não foi escrita, e talvez exista alguém no futuro, alguém com nobreza de caráter e de coração ou inteligência suficiente para a escrever. Quem sabe!  

Joaquim Castanho 

quinta-feira, fevereiro 04, 2016

TUmTUm em mim




TUmTUm em mim

Entre aqui e acolá... 
Entre planície e o mar... 
Entr'a solidão que há
E os modos da desejar, 
Ninguém sabe ao certo
O valor do que é perto. 

Que n'amizade não há
Longe algum a crescer, 
Pois em nós sempr'está
Outro coração a bater. 

Joaquim Castanho

https://www.facebook.com/CartoesAmantesDaPoesia/photos/a.279470145496093.57708.279467508829690/850381285071640/?type=3&theater

TUmTum em mim




TUmTUm em mim

Entre aqui e acolá... 
Entre planície e o mar... 
Entr'a solidão que há
E os modos da desejar, 
Ninguém sabe ao certo
O valor do que é perto. 

Que n'amizade não há
Longe algum a crescer, 
Pois em nós sempr'está
Outro coração a bater. 

Joaquim Castanho

terça-feira, fevereiro 02, 2016

É PRECISO PERDER A PERDA




É preciso perder a própria perda
Pra que se torne precioso quem perdura, 
Que qualquer diamante também é pedra 
Não obstante todo seu brilho e formosura... 

Joaquim Castanho 

escribalista: JARDIM DE ESTROFES

escribalista: JARDIM DE ESTROFES

https://www.facebook.com/CartoesAmantesDaPoesia/videos/849248421851593/

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DA INVEJA DAS ESTRELAS




DA INVEJA DAS ESTRELAS

O eco da luz nos espelha e arde
Entre demais vozes que ecoam, 
Já que nunca para nós será tarde
Se cristalinos sinos no céu soam... 
Que essa voz imensa e nobre nos abre
Suas portas prà alegria duradoira, 
Onde mais brilha a pomba que o sabre
Enquanto o sol à tarde aloira. 

Mas nas sombras o candeeiro d'esquina
Que o coração acendeu por cada lar, 
Escreve com diamantes e platina
Que as noites não esperam por chegar;
Delas, as estrelas, mil olhos de ninguém
Olham o querer-bem,e põem-se a invejar.  

Joaquim Castanho

segunda-feira, fevereiro 01, 2016

MEU PONTO CARDEAL




MEU PONTO CARDEAL

Digo coisas que não importam a ninguém 
Como quem arremata um negócio alheio, 
Mas se do ser o inquieto mistério nos vem
É por elas que no mundo e vida me enleio. 
O meu sentido, nelas se prende e retarda, 
Bem assim como barco amarrado ao cais; 
Porém, é teu ouvido o meu anjo da guarda
Quando a incerteza pla viagem pesa mais...

Que o farol prà alma foi sempre outro ser:
Foi a luz na bruma, foi este ficar acordado, 
Pedindo ao horizonte pra jamais  esquecer
Que se o sol vem, não importa de que lado.

Joaquim Castanho

O FULGOR DA LUZ NO ÚLTIMO FÔLEGO




O FULGOR DA LUZ NO ÚLTIMO FÔLEGO 

Na exata distância do exímio 
Ao invulgar, subsunção e extermínio 
Do lugar, do ai profundo, suspiro 
Quieto e secreto do ser em retiro, 
Ómega da exaustão evidente:
O seu cálculo está assim correto 
Sem a menor dúvida; mas tem entre
Si e o seu fim, ocaso de puro afeto, 
Esse fulgor duma luz duradoura 
Que tratou a planície por Senhora...

Prestou-lhe vassalagem durante o dia. 
Jurou-lhe uma fidelidade eterna. 
Ao entregar-se-lhe eis que a possuía... 
E hoje, por notá-lo, me disse porém
Se o faz por todos, fá-lo por ti também! 

Joaquim Castanho