A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

terça-feira, setembro 28, 2021

NUM SÓ, TODOS OS TEMPOS

 

NUM SÓ, TODOS OS TEMPOS



Há gestos preciosos, lestos, precisos

Imediatos à voz, cuja doçura

Espelha a brancura dos narcisos;

Os sonhos das açucenas, dos jasmins

Cativados pela serena brandura

Com que os meios se transformam em fins.

Que nos agarram por dentro e por fora.

Que nos espanejam a alma alcantilada

Nos promontórios com que o ser se escora

Pra imaginar-te do outro lado da estrada.


E quando a sorte se aproxima

Quase um precipício prà sina,

Eis que estranho braço a empurra

A vertigem do grito a fustiga

E banindo-a a zurze e a surra

Até lhe extorquir toda a fadiga…


Então ante ti, meu olhar fica nu.

Tudo quanto ele omitiu, eu omiti.

E se alguém mais viu, eu também não vi

Que, de repente, no meu presente

Somente uma pessoa existiu… – Tu!


Joaquim Maria Castanho

Sem comentários: