escribalista

Sejam as palavras ditas para além do mal e do bem As que o escriba ouve, o escriba dá, o escriba tem!

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

São o chão em chamas onde as lavras

terça-feira, agosto 02, 2022

Andrea Motis & Joan Chamorro Grup (teatro Coliseum, Barcelona) (2011)

Publicada por Joaquim Maria Castanho à(s) 2:24 da manhã

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Sei-te em mim Livre e solta

De quem volta Até ao fim.

Ouve-te respirar

Alcança!

Sob o azul do túnel da leda serenidade

Posto que à rosa do rosto o instante sucumbe

Eis o sonho que a nuvem me dita

Quando em teu rosto espelho a alma aflita...

Seguidores

E que tenha a exigência perfeita, a noção exacta

Do que a (as)simetria faz às cores, faz às formas

Os diálogos... As trocas ímpares, sem rede.

Como se fôssemos seixos dum regato fundo

Quando se parte somos distância que se concretiza em nós como se fosse órgão vital

Mancha de fogo Quase incandescente a soletrar-nos solidão

No vegetal suspiro de ficar alerta, a palavra à flor da pele

Quando no silêncio das madrugadas perscruto mistério pela calada dos tempos pueris

Disseste-me amor na papoila em flor de encarnado vestida

Que aspergida e matizada a pérola com a bruma de Tróia

Ali fica, parado em qualquer galho

Horas a fio a contar, trinados estridentes

Vinda do infinito das águas ao desconhecido mundo liquefazes

Resina láctea de espuma sobre que navega a concha ancestral

Chegaste sobre praia e tens a voz de Júpiter em tua meiga mão

Creio haver enlevados mistérios de figos e mel em teu sorriso

Sonâmbulo ensimesmado o enredo silente na saliva doce

Soluto destemperado de mim nas escarpas da Ilha teu nome

Deduzo a sede e me ergo escorrente em teu seio o grito líquido

Teu nome invoca a sombra das tardes ao sol mediterrânico

Madrigal de palavras evadidas ao seu significado sustenido

Como luminescências do olhar que navega consentimento

Sento-me à beira do teu verbo e dedilho pétalas cristalinas

E escorro entre as margens do sonho como lilases à deriva

Solidão aberta relha de arar o chão ardente num secreto ver

Asilo rendido ao anil silente do sol alquimia e récita antiga

Foi no avelã maduro dos teus olhos que se me crestou o ser

Como no gral se mói o sal e desejo em romã doce e amiga

E livres usaram a irreverência sábia de aspergir

Leram a unicidade infinita da sociedade das artes

Ledos os últimos se insurgiram ao sistema antigo

Legítimos ulanos do idílio no siar dos argonautas...

Aqui, até as palavras são vãs prontas a perderem-se nos lagos

Registo-me no espaço terno e morno de dizer teus lábios

Por favor, se alguém os vir, transmitam-lhe o meu recado

Digam-lhe que não esqueçam

Os meus versos não são versos são estrofes preces sem contrição

Actos livres e soltos à consignação do verbo vértice do parágrafo

Veloz Borak à desfilada pelas secretas planícies do silêncio

Leva-nos ao acto e devolve-nos de volta apenas numa noite

O Shofar soa agora acompanhado das liras lídias e frígias

Soletra líquido sol suculento fogo de incendiar o sangue

Manto de lusco-fusco e apresta aurora tingida em púrpura

Na tecida tez de aveludado pêssego que a boca consome

Teu olhar viciado em contemplação do nome que floresce luz

Como é difícil a calma e tranquila indiferença ante as vírgulas

Como no canto de uma qualquer lira

O suor inventa a ternura e esta inventa a cor

Sem favor, não és só mais uma mulher bonita

Mas simplesmente a Deusa do Amor

Tu, a quem Afrodite imita

E fazes das deusas uma beleza menor

Que se no mundo há a alegria das alegrias

É ter o futuro feito de outroras

Nativa docente do real salvador aclamada por aedos

Auxílio sumptuoso às almas nobres no destino rendidas

Região de abrigo secreto da amizade nascida do desejo

Sempre airosa e nova que no desejo reitera o amor!

Doces rebentos de algas sonhadoras no alento renascidas

Andarilhos nenúfares desses rios no âmago dos sentidos

Ária e néctar de dessedentar rubis acesos e soberanos

Acendidos núcleos a deferir rosas adstritas ao ser

Seiva audaz navegada dobagem de renovar os anos

Divinas reservas ante o sofrer e alívio dos nativitários

Havia uma incandescida multidão fremente à porta do verso

Clímax de abrir rosas divinas em odores sentidos na ode eleita

E entre as colunas do cais os barcos erguiam as velas ao céu

Gritando sua cruz como farrapos brancos às esquinas da luz

Cascata sinuosa de anéis resolutos das águas rimadas a sangue

E cintilantes auras reflectiam doces odes no solfejo das ondas

Relógios biológicos dos noves redondos às novidades

Socalcos na arena onde perante o temor o último reduto somos nós

Urgência pura do grito que salta as barreiras do silêncio sofrido

Sacrifica na ara o sangue a escorrer nas sinuosas linhas do corpo

Caduceu das letras que é pedra-de-toque singela ara dos sentidos

Multiplicação do cinco onde se aprende a saber ouvir os silêncios

Há que matar os retornos sem ter partido

As vozes que emitem ecos antes de proferidas

Ampla e serena à solta na natureza

Cálice de silene ousada a fabricar infinitos agoras

Erguidos para o Sol

Translúcidos rebentos."

Levanta os dedos: cinco

e outros cinco – dez.

Piafés, deléveis empinos, ladeados, passages no adaptado jumping

"Vernissage" em cabriolas de quem muito a si mesma se sonhou

Quando a mensagem e os mensageiros se confundem

E nasce a bruma sobre o areal da praia

Na circunspecção do lusco-fusco

à beira do azul entre dois continentes

Zara entre cores e temas

Para os temas das multiculturas

Coisas Comuns

Dreams
Escribalistas
Literatura Viva
Nick Art Brandt
http://elefantepapaformigas.blogspot.com/

Raparigas ao Piano, de Renoir

A claridade das surpresas coloridas

Porque nem de todas as pedras se fazem muros

Canto da Maia, tão Hitita recentemente Celta

Nas velas pandas o canto dos oásis

Que dizem mistérios intemporais

Embora não se conte o canto das flores

É nas Maias o encanto de seu cantar

A chama nasce da noite

Como a noite chama a nova aurora

Na longa distância do tempo

O oásis dorsal que nos harmoniza em célticas e hititas brumas

É a palavra que nos guarda

Como quem silencia o esquecimento

Se a alma é comum a todos os entes

Entre nós e ela todos os cânticos a entoam

Quando os voos nos aproximam

São eles quem melhor nos revela

Anjo Músico, de Canto da Maia

Como se nas asas da luz

Sob a solidão dos mitos

A face das lendas e ritos

Na imensidão do longínquo Sol

Alado é o verbo de quem se requer

Era uma vez

do século passado para este

Maria Anna

Da folha ao papiro

escriba

a outra face

Verde ante verdes

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