A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Les songlots longs des violons

Tenho um enorme vício, que me desgraçou:
O de sonhar cada palavra na frase lida...
Por isso, nem sempre sei se ao ser, assim, não estou
Apenas a ler, ou a sonhar, a minha própria vida.





Mas de entre todas as imagens
Que me são mais queridas
Reconheço o teu rosto incandescente,
E nesse logo, as vertigens sentidas
Gretam-me o sonho em suturas desmedidas,
Vibram-me as cordas dos sentidos
Acordados num sustenido plangente.

Do braço ao coração dedilhado
Meu ser aproa ao cais infinito
No celestial oceano desse choro magoado
Com que aceso me resto incendiado grito,
Tão rés das ondas revoltas no chão empedrado
Em que me ato e me soltas
Rodopio e coso nas esquinas de granito,
Que convulso dou voltas e voltas
De sufi em redor de ti, entregando-me aflito.

E no predicado que és, a periferia de mim
Dilui-se no "lento soluço de um violino"
À esquina do (nosso) condomínio global e sem fim
Universo de todos os verbos sob o manso destino,
Vaivém marinho de nos reduzir, enfim
Entre páginas e páginas, candentes outonos da memória
Versos liquefeitos no solfejo do vento, desafino
Se me aguardas mas não sonhas ao mesmo tempo,
Me rasuras e esqueço o fim da história...

Porém, se todavia, me tocas no vértice
A saliva da fala sonha, reage no húmido indicador
Aspergindo letra a letra, pormenor e zoom, até ao índice
Este simples amor que não arrefece
Nem esquece o terno e doce ardor
Em que ferve o uno e a lume brando apura o estilo, e esvanece
Cada um no outro, asilo de nós, que em nós, se torna cúmplice!



1 comentário:

olga disse...

Ainda bem que voltou !