A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quinta-feira, julho 08, 2010

Sujeição Ante o Resultado Acontecido...

Ao luar, entre as diatribes da luz
Das coisas, das sombras esmaecidas
Recordo agora, havia biliões de rosas
Vermelhas, quase todas se tida jus
Houvesse no dizer, caídas, esquecidas
Entre as estantes, sobre as mesas
Acocoradas aos cantos, acetinadas
Folhas entre as demais páginas
Espelhando os sentidos nos sentires
Embora eu, ao ver-te assim repartida
Clonada pela refracção das lágrimas
Te fizesse em absoluto reflectida,
Cuidasse serem cada qual tu apenas
Noutra forma desigual às pequenas
Surgidas dos canteiros e jardins
Dos beirais, esquinas, nuvens, sebes
Alucinação de louco entre querubins
Não destrinçando minha sede das sedes
Que todas as flores, lírios, jasmins
Orquídeas, hortênsias, cravos, alecrins
Estevas, afinal, que todas por igual têm
Achando a minha maior, mais imperiosa
Como nenhuma outra, e que mais ninguém
Tivera já, ao ver em tudo e todos só rosas
Rosas, e rosas, e rosas de pétalas acesas
Simplesmente porque tu as foste ou és
Entre as estantes, os arcos, as devesas
Sentada, caminhando, sobre cadeiras
Nas muralhas, claustros e seteiras
Arrumando o carro na berma da estrada
Descendo a rua ou subindo a escada
Entrando na sala de aula na tua escola
Vindo do café, lendo revistas ou tão-só
Navegando na Net e ouvindo meu dó
Pedido não trinado por qualquer viola
Mas antes no desmedido obstinado
De um coitado ansiando pela esmola
Da tua atenção, do teu tempo e olhar
Insistindo, porém insistido no rimado
Exagero requerido de poemas a dançar
Numa roda de dizeres repetidos sem fim
Na crença tida que ao ver-te em todo lado
Tu venhas um dia, enfim, a reparar em mim.

Todavia acordado, até no quotidiano viver
Durante as tarefas como nas conversas tidas
Ao fazer as compras nos hipermercados
Quando pelo autocarro espero, subo, desço
Escrevo recados, de manhã ou ao entardecer
Avalio as escritas passadas já imprimidas
Descoso as entretelas de filmes visados
Arrumo a casa, lavo a louça, e no avesso
De mim me viro para corar o íntimo ser,
Então, continuo a ver rosas onde rosas via
Flores atrás de flores a cada hora, cada dia
Segundo a segundo a cada e todo o instante
Feitas de jade, porcelana, diamante
Esmeraldas, quartzos, pérolas, rubis
Quer nas velas sobre o oceano navegante
Quer nas serras e descampados primaveris.

Estendidas sobre toalhas das praias e areais
Na relva das piscinas campestres e barragens
Nos rios, tombadilhos de barcos, nas carruagens
Do Metro, discotecas, esplanadas, jornais
E revistas, em fotos e quadros e textos originais
De poetas inéditos como dos clássicos antigos
Que mais não escreveram do que palimpsestos
Dos meus, envelhecendo-lhe eras e contextos
Dando-lhe atmosferas idas e velhos artigos
Ou arcaicas cantigas de amigos e madrigais.

Pois bem: a essas flores, oriundas das cascatas
Das ondas, numa vaga de espuma e incenso
Tão vivazes, ríspidas, vagabundas e insensatas
Amei-as todas, por causa de uma, em que penso!

17 comentários:

Mônica - Sacerdotisa da Deusa disse...

Ahhh...como amo as flores, principalmente as rosas vermelhas!

Muito lindo o que escreveu amigo.
O bom da vida é poder amar!
Beijinhos.

Flores e Luz.

Joaquim Maria Castanho disse...

Viver é isso mesmo... É amar, reconhecer esse amor e retribuí-lo sempre que se possa, como eu posso neste momento, agradecendo o teu comentário que resume, extraordinariamente bem, e faz o balanço de quase toda a poesia, se os versos dançam como ondas sobre as dunas. Obrigadão, e que nunca a luz deixe brilhar sobre o teu jardim!

Polly disse...

A perfeição em forma de palavras. Que inspirador!

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

poema para ser lido entre vinho e bocas quentes

Poupée Amélie™ disse...

Lindo poema! Obrigada por posta-lo em meu blog.
BjO*

J Araújo disse...

Gostei do blog.

Parabéns!!

abraço

lupuscanissignatus disse...

o caule

do

desejo



*bom fim-de-
semana*

Franciéle Romero Machado disse...

A beleza surge viva em seu poema, entre ver flores, e cultivar todo o amor, seja em todos os lugares lá estará o amor, cobrindo nossas mentes, batendo no coração.
Eram tantas flores na vida que você conheceu, para tentar esquecer de uma, foi essa a minha compreensão do que escreveste =D

Muito ótimo.
Parabéns!

Boa Tarde!

Vais disse...

Olá J Castanho,
chego aqui vinda do ellenismos de Nina Rizzi, depois de ler seu PASSEIO EXISTENCIAL
"no fundo do amor está o amor"
que mais, né?
passeei
tatos pés em olhos
e aqui flores
rosas
em tão bonito poema
parabéns!
um abraço

Joaquim Maria Castanho disse...

Obrigado pelas palavras de apreço e regozijo, mas os parabéns são vocês quem os merece na totalidade, porquanto a vossa sensibilidade melhorou muito cada um dos meus poemas... Sois a água pura e cristalina que lava as pétalas e alimenta de seiva genuína cada estrofe, e a torna flor entre flores. OBRIGADÃO

Isa Martins disse...

Fiquei encantada com tamanha sensibilidade poética e vim te fazer uma visita.
Você me trouxe resposta para algo que eu precisava com a poesia que me deixou nos comentários em meu blog
Já fiquei por aqui, só não encontrei onde seguir,então coloco o seu blog lá na minha lista pra não perder seus próximos poemas
beijos em seu coração e uma semana iluminada!

ValériaC disse...

Amigo, vim agradecer por estar seguindo meu Blog...e pelas maravilhosas palavras que você por lá deixou...adorei...e adorei tudo por aqui...estou a seguir seu Blog também.
Tenha um ótima semana!
Um abraço
Valéria

Pelos caminhos da vida. disse...

As rosas estão entre as minhas preferidas, um belo texto.

Obrigada pela sua visita lá no meu blog:

http://anasique.blogspot.com

Não pude vir antes, espero que volte mais vezes.

beijooo.

© Sara Marques disse...

Oi Joaquim;
Bem Vindo ao Saracotear!
Adorei a sua Visita e o Poema.
Volte Sempre!
Um Grande e Forte Abraço.

Joaquim Maria Castanho disse...

Obrigado a quem chegou de novo na retribuição da minha visita aos magníficos blogs que comigo partilham esta sede de alinhavar o quotidiano com as linhas da esperança e apreço pela vida, que quer ser eterna e por tal nos escolheu como estratégia exemplar. Sois a luz que ajuda a clarear o destino dos sentimentos que nos soletram, exigindo o ritmo e o pulsar da seiva que escorre e acalenta, simultaneamente. Sempre que tiver tempo, podeis contar com a minha prazenteira e interessada visita.

Mônica - Sacerdotisa da Deusa disse...

Bom dia, noite...

Oi meu amigo, adoro qdo me visita com a sua doce e bela poesia.
Qto talento! Que vc seja sempre muito abençoado.
Beijinhos e um lindo final de semana.

Flores e Luz.

Luiza Maciel Nogueira disse...

Linda Poesia!

Bj