A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quinta-feira, março 22, 2007

PERCEPÇÃO MOTIVADA


Quantas vezes gritaste o meu nome do alto da ravina
A fim de perceber o eco, e nada te disse em troca?
É disso que falam os vales da minha paisagem interior
Se entre serras te desconheces em vão descobres o corpo
Ou te esqueces das chaves do nosso quarto crescente.

Podia ser hilariante, porém quase óbvio por repetição
Analógico, mas às vezes torna-se absurdo senão trágico
Desenhar teus lábios, cabelos, lóbulos, esguio pescoço
Apenas com a paleta de lápis que me sobram das pupilas.

Disseram-me ontem que amanhã será o segundo dia
De Primavera, e creio, consequentemente, haver algo inaudito
No desaforo, ingrato propósito de espera em cada esquina
De quem apenas quer ver-se surgir da multidão transeunte
Com o jornal debaixo do braço, as compras do hipermercado
Balouçando nos conteúdos de dois sacos de plástico
Como se fossem qualquer de útil e necessário à coreografia,
Qualquer remédio eficaz para matar as íntimas solidões.

Disseram-me isso, importa todavia registar neste momento
Que se me tivessem dito outra coisa eu nunca o teria escrito...
Ou nem sequer a teria ouvido suficientemente claro, para tal.

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